Lucro das empresas precisa cair 20% nos EUA e é necessário mais “dor” para conter inflação, diz Bridgewater

Para a casa, será preciso elevar mais a taxa de desemprego, além de reduzir mais as pressões de aumento de salário

Bruna Furlani

(Getty Images)
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O duro aperto monetário iniciado nos Estados Unidos desde o ano passado tem gerado efeitos na economia com a restrição de acesso ao crédito e problemas envolvendo bancos regionais, mas ainda será preciso fazer mais para conter a escalada de preços. É isso o que pensa a Bridgewater, maior gestora de hedge funds do mundo.

“Será preciso mais dor para aumentar o desemprego, reduzir as pressões de aumento de salários e moderar a inflação”, resumiu a gestora em documento divulgado neste mês.

A casa lembra que para aumentar a taxa de desemprego, é preciso fazer com que Produto Interno Bruto (PIB) nominal cresça em ritmo menor do que os salários, o que ajudaria a comprimir as margens de lucro das empresas e deveria levar a uma queda de 20% nos lucros das empresas. Atualmente, a gestora defende que já houve uma queda de 10%.

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A preocupação não é à toa. Ao olhar para os números de inflação, a casa afirma que o dado cheio e a inflação de salário estão um pouco mais moderados, mas seguem em patamar muito mais alto do que o visto em períodos de equilíbrio, o que torna a situação delicada.

Além disso, a gestora pondera que a diferença entre os gastos nominais e os salários diminuiu, porém se manteve no campo positivo – o que acaba incentivando contratações e pressões salariais adicionais.

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Juros nos EUA

Para trazer a inflação de volta para a meta de 2%, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tem travado uma grande batalha e elevado os juros desde o ano passado. Atualmente a taxa está na faixa entre 4,75% e 5,00%.

Na próxima quarta-feira (3), a autoridade monetária deve anunciar novo aumento. É isso o que mostra a ferramenta de monitoramento do CME Group, que traz a expectativa dos agentes de mercado para as próximas reuniões do Fed.

Segundo o CME Group, há 88% de chance de que a autoridade monetária eleve os juros americanos em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para a faixa entre 5,00% e 5,25% na próxima quarta-feira (3).

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A ferramenta também mostra que a maior parte dos agentes acredita que a autoridade deverá manter os juros nesse patamar pelas duas próximas reuniões (junho e julho). Já para os próximos encontros, alguns players colocam a possibilidade de que o Fed inicie o ciclo de cortes, reduzindo a taxa em 0,25 ponto percentual para o patamar entre 4,75 e 5,00%.

Em relatório enviado a clientes, o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, acredita que o mercado está otimista acerca da possibilidade de cortes. Segundo ele, a inflação nos EUA está desacelerando, mas ainda há pressão em alguns itens como alimentos, energia e serviços.

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Outra fonte de preocupação está nos recentes episódios envolvendo o sistema financeiro, como o caso do Silicon Valley Bank e o First Republic Bank. Para ele, a situação parece controlada, de certa forma, mas novos eventos podem gerar alguma volatilidade para o mercado mais para frente.

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Diante de um processo mais lento de arrefecimento dos preços e das incertezas em torno do sistema bancário americano, o economista acredita que o Fed deve evitar qualquer tipo de movimento brusco e manter a taxa elevada por um bom tempo até que a inflação apresente sinais de que vai convergir para a meta de longo prazo.

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As incertezas também fazem com que o especialista não consiga descartar a possibilidade de que haja uma nova alta da taxa em junho, o que levaria os juros para a faixa entre 5,25% e 5,50%.

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