Kinea: Setor de tecnologia nos EUA já é “óbvio demais” e é preciso cuidado ao investir

Na avaliação de Ruy Alves, gestor da Kinea, melhores oportunidades podem ser encontradas nos setores de saúde e utilities

Mariana Zonta d'Ávila

(sefa ozel/Getty Images)
(sefa ozel/Getty Images)

SÃO PAULO – Com uma parcela dos investidores aproveitando a queda dos ativos para ampliar suas posições em renda variável, principalmente na bolsa americana, setores como o de tecnologia, que tem estado na mira do mercado, podem já ser “óbvios demais” no momento atual. Essa é a avaliação de Ruy Alves, gestor da Kinea Asset.

“O investidor que quer investir pelos próximos cinco anos provavelmente vai acabar com o dinheiro na Nasdaq, em tecnologia, porque não tem juros no mundo, e onde não tem juros, não é área fácil navegar. Mas é só tomar cuidado, porque o investimento é muito claro hoje e muita gente colocou o dinheiro ali sem pensar”, disse Alves, em live promovida pela XP nesta quarta-feira (22).

O gestor conta que tem posições em empresas americanas de tecnologia, mas que se preocupa com a quantidade de investidores que embarcam na tese sem ter conhecimento e acabam causando distorções de preço. “É o famoso turista, que nunca esteve naquele setor, mas entra porque ficou atraente no momento”, brincou.

Segundo ele, diferentemente do segmento de saúde, um de seus preferidos, o de tecnologia tem relação com a economia real. Ao fazer, portanto, um investimento que reflita o desempenho do índice Nasdaq, o investidor estará exposto a empresas como Google e Facebook, mas também a Intel e IBM, que têm sido afetadas pela crise. “O setor de tecnologia é visto por investidores como infalível em relação à economia, e ele não é. Se a economia continuar ruim, ele vai sair prejudicado.”

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Com muitos investidores correndo para os mesmos ativos, Alves conta que prefere buscar segmentos com menor posicionamento e bons fundamentos. É o caso, segundo ele, dos setores de saúde e utilities.

Em saúde, sem revelar nomes, Alves destacou oportunidades em papéis de grandes farmacêuticas, bem como de biotecnologia e de empresas de seguro saúde nos EUA. Independentemente do coronavírus, a avaliação é de que, conforme a população envelheça, maiores serão as oportunidades. Além disso, ele espera que mais dinheiro vá para este mercado nos próximos cinco anos.

Já em utilities, o gestor apontou para companhias com um dividend yield (retorno com dividendos) na casa dos 3% e um crescimento de lucro entre 4% e 5%. “O Japão não tem juros desde 2000 e talvez, desta vez, os EUA não tenham mais juros no próximo ciclo econômico. Nesse processo, tentando encontrar ativos que gerem retornos superiores, que não vai se encontrar na renda fixa, utilities é bastante interessante”, afirmou.

Antes de investir, o gestor da Kinea ressalta que o investidor deve se fazer algumas perguntas: por que está investindo naquele ativo? Qual a percepção do mercado sobre ele e como ela pode mudar? Se mudar, como o investidor vai se sentir a respeito? “Tem que tomar um cuidado especial, porque muitas [empresas] que vemos hoje podemos não ver nos próximos meses.”

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