Juro real de 6,20% ou pós-fixados? Onde investir na renda fixa após alta da Selic

Para especialistas, nem todos os instrumentos da classe oferecem remuneração adequada ao risco

Leonardo Guimarães

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Após uma Super Quarta amplamente aguardada, o investidor brasileiro olha para a carteira e pensa em quais mudanças vai promover. Sabendo que o Copom elevou a Selic para 10,75% ao ano e o Fomc cortou os juros básicos dos Estados Unidos para o intervalo entre 4,75% e 5% ao ano, ele olha para a renda fixa como um porto seguro e rentável. 

A classe segue muito atrativa, com o Tesouro IPCA pagando juro real de 6,30% e prefixados com taxa anual de 12%. Mas nem todos os instrumentos da classe valem a pena conforme o risco que oferecem, avaliam especialistas consultados pelo InfoMoney.

Confira, a seguir, o que eles recomendam na renda fixa pública e privada:

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Títulos públicos 

O Tesouro Selic segue ocupando posição importante na composição das carteiras ao oferecer segurança, liquidez e, agora, rendimento maior. Com a expectativa de uma Selic crescente, a avaliação é de que manter boa parte da carteira nos pós-fixados é bom para investidores conservadores e quem está esperando oportunidades em outra classe de ativos. 

Nos papéis que sofrem marcação a mercado, a preferência segue no Tesouro IPCA+, para aproveitar a rentabilidade de cerca de 6,20% acima da inflação. Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital, acha que os ativos atrelados à inflação mais longos podem se beneficiar do fechamento das taxas, mas alerta que essas posições ainda podem sofrer volatilidade no curto prazo. 

A alta da Selic traz confiança para atuação do BC e diminui o prêmio de risco para investir no Brasil, mas ainda há outros fatores que devem fazer as taxas balançarem, como sinalizações do governo federal sobre os gastos públicos e precificação do restante do ciclo de alta dos juros. Guarda também vê prêmio nos prefixados, mas prefere se expor aos títulos atrelados à inflação. 

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Crédito privado 

O mercado brasileiro de crédito privado vive um ótimo momento – para os emissores. Empresas bem avaliadas conseguem emitir debêntures com remuneração muito próxima aos títulos do Tesouro Direto, o que não vem agradando gestores: “preferimos ficar de fora do mundo AAA (melhor classificação de risco de crédito, high grade)”, diz Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital. 

Os fundos da casa que investem em papéis high grade estão com nível maior de caixa e alocando em papéis com vencimento curto para não travar a rentabilidade em títulos que pagam pouco. Por enquanto, não há um gatilho mapeado que fará a remuneração das debêntures subir, mas os especialistas apostam que a distorção é momentânea. Nunes diz que uma parcela relevante de fundos de crédito podem começar a performar abaixo do CDI se continuarem alocando em títulos ruins, só então os spreads devem voltar a subir. 

Galápagos e Paramis seguem a mesma linha no crédito privado: portfólios líquidos à espera de abertura dos spreads e preferência pelo crédito estruturado. Nesse cenário, os FIDCs (fundos de investimento em direto creditório) aparecem como boas opções: “ainda são muito atrativos”, garante Guarda. 

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Esses fundos permitem que o investidor escolha o nível de risco que quer correr: quanto maior, melhor a remuneração. Eles foram liberados para o investidor pessoa física em outubro do ano passado. 

“Se eu fosse um investidor pessoa física, olharia para os FIDCs, ainda é uma classe muito vencedora”, diz Nunes. Ele argumenta que esse instrumento “se provou ser eficiente para direcionar riscos via regras de subordinação com remuneração variando de acordo com a ordem de recebimento”, mas lembra que não é tão acessível para o público geral e recomenda procurar um gestor de confiança. 

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