Jim Haskel, da Bridgewater: é preciso ter “nível saudável” de ceticismo em relação ao que dizem os Bancos Centrais

O episódio 39 do podcast "Outliers" traz a perspectiva da gestora fundada por Ray Dalio sobre quais são as ameaças aos investimentos nos próximos anos

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A inflação é o maior risco que os investidores enfrentam atualmente, apontou Jim Haskel, estrategista de portfólio da Bridgewater Associates. E, segundo ele, não é um problema transitório como anunciam as autoridades monetárias de alguns países. “Se você olhar para o que os Bancos Centrais disseram e o que aconteceu, [essas declarações] geralmente não são consistentes. Tenho respeito por eles, mas é preciso ter um nível saudável de ceticismo em relação ao que dizem”.

Haskel observa uma demanda esmagadora, como resultado de uma grande expansão fiscal, e uma oferta que não consegue acompanhar esse crescimento. Por isso, esse “gargalo” colocaria os Bancos Centrais em uma posição difícil, segundo ele, porque o poder que têm de eliminar a demanda pela via da política monetária seria uma medida muito impopular. “A inflação é um risco real também porque a maioria das carteiras está concentrada em equities e ativos semelhantes, que tendem a não se dar bem com variações sustentadas na inflação”.

Jim Haskel, da Bridgewater Associates, é o convidado do 39º episódio do podcast “Outliers”, apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, acompanhado de Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP, e Lucas Collazo, analista de fundos e estrategista de alocação da Rico Investimentos.

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Ao longo do programa, Haskel conta sobre sua trajetória na Bridgewater, como é a cultura da empresa e o que ela espera de seus colaboradores. Além disso, o podcast explora a composição dos seus fundos Alpha e Beta, bem como os posicionamentos para enfrentar os percalços futuros.

Outros riscos para os investidores

Além da alta de preços, Haskel chama atenção para a ameaça de “tumultos políticos”, mesmo em países desenvolvidos, onde ele acredita que esteja mais aguda. “Nos Estados Unidos, estamos polarizados. E é muito difícil chegar a um meio do caminho onde se pode obter legislação inteligente”, relata.

Para ele, essa questão também existe na Europa, na China e em Taiwan. E isso se conecta com a inflação: quanto maior ela for, mais se agrava o risco político. Junto a isso, ele soma problemas ambientais e a maneira como as mídias sociais agravam essas tensões.

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China

As mudanças em importantes setores da economia chinesa, como o educacional e o imobiliário, merecem forte destaque, do ponto de vista de Haskel. “A China não está tentando fechar o capitalismo. É o inverso. Sua forma de capitalismo é algo que querem promover cada vez mais”, afirma. “Eles entendem que para atrair capital é necessário ter alguma forma de capitalismo, mas não é a de que o Ocidente desfruta ou participa”.

Para ele, esse modelo é um que satisfaz as necessidades do Estado. Há uma preocupação com desigualdade social e com a permanência do partido e do governo no controle e no poder. E, a partir daí, as empresas podem florescer como acharem adequado, descreve o executivo.

“A China quer se abrir, quer ser uma superpotência e fazer isso militar e economicamente. Mas não tem os mesmos valores que os Estados Unidos, então vai tomar decisões de cima para baixo, que são do interesse do país”, diz.

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Por outro lado, o estrategista enxerga um potencial competitivo dos ativos chineses em relação a outros no mundo. Ele destaca valuations mais baixos, prêmios de risco mais altos e taxas de juros elevadas que, no caso de uma desaceleração econômica, podem ser cortadas – coisa que o Ocidente não conseguiria fazer.

“Portanto, se você está buscando um portfólio mais consistente, deve abandonar todos os rótulos e pensar nas características dos fluxos de retorno. A partir dessa perspectiva, a China pertence a um portfólio global”, ressalta.

Como a Bridgewater lida com os riscos

Tendo em vista o panorama global discutido ao longo do podcast, Haskel conta que, na Bridgewater, os fundos estão comprados em commodities, estratégia que está começando a dar frutos.

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“Estamos apostando na alta da inflação implícita, na compra de ativos atrelados à inflação, e na venda de títulos pré-fixados. Isso permite que você se beneficie se a expectativa de inflação continuar subindo, como tem acontecido”, esclarece.

Outro ponto desse plano é a venda de ações dos Estados Unidos, principalmente as dominadas por tecnologia, e o investimento em outros mercados com valuations maiores.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcasts.

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