Itaú vs Bradesco: por que um balanço agradou o mercado e o outro não?

Ações do Bradesco despencaram após balanço trimestral, enquanto os papéis do Itaú subiram forte; entenda porque

Ana Carolina Cortez

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SÃO PAULO – Embora o lucro líquido do Itaú Unibanco (ITUB4) tenha registrado queda de 8,3% no segundo trimestre frente ao mesmo período do ano passado, as ações do banco figuraram entre os principais destaques de alta da bolsa na terça-feira (24). Já na véspera, os papéis do Bradesco (BBDC4) caíram forte após a divulgação de resultados melhores que os do segundo trimestre de 2011. Por que um banco viu seu valor de mercado definhar após a divulgação do balanço, enquanto o outro viu seus ativos se valorizarem na bolsa?

Segundo o analista Carlos Müller, da Geral Investimentos, esse antagonismo ocorre porque as ações seguem a expectativa do mercado quanto ao desempenho da companhia num futuro próximo – e não apenas a “fotografia” do momento atual.

Nesse sentido, o Bradesco decepcionou em duas frentes. Não apenas o banco reduziu o guidance de crescimento da carteira de crédito para 2012, como reportou lucro menor que o esperado pelos analistas. “Além disso, a instituição tem elevado muito suas provisões para crédito duvidoso, o que ficou claro entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano”, destaca Müller.

O Itaú também reportou forte alta nas provisões entre um ano e outro, mas, na comparação entre os dois primeiros trimestres de 2012, houve uma desaceleração, apontando para um cenário melhor para os próximos meses. “O caso do Itaú foi oposto: esperávamos resultados muito mais fracos, pois a qualidade da carteira de crédito do banco é menor que a do Bradesco”, afirma.

Müller complementa que os dados de inadimplência reportados a cada mês por entidades de mercado colaboravam para essa visão mais pessimista. “Como o volume de devedores só crescia, a carteira do itaú poderia se comprometer mais. Ou seja, esperávamos uma provisão muito maior que a divulgada”, pondera.

Não basta volume, é preciso qualidade
A piora na qualidade do crédito do sistema financeiro também afetou a percepção sobre o Bradesco. Segundo análise da Coin Valores, “a forte alta nas provisões do banco trouxe algumas preocupações sobre a qualidade dos ativos, além de ofuscar o bom crescimento das operações de seguro”, afima em relatório.

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Mesmo reduzindo suas estimativas de crédito para 2012, o Bradesco tem compensado o “modesto crescimento” da carteira reforçando as operações de seguro, aponta a corretora. “Acreditamos em melhores resultados para o segundo semestre, tendo em vista o cenário de retomada do crédito e provável queda da inadimplência, e por conta da redução da taxa básica de juros e maior dinamismo da economia”, complementa.

Efeito dominó
O balanço do Bradesco havia derrubado as ações da companhia na véspera – e de todo o setor bancário. Os papéis chegaram a cair 4,18%, mas, nesta terça, já buscam recuperação, registrando alta de 0,89%, cotados a R$ 29,33.

Já os ativos do Itaú Unibanco foram um dos principais destaques de alta da bolsa brasileira nesta sessão, com alta de 3,39%, cotados a R$ 30,19, em um dia em que o Ibovespa terminou com significativa queda de 0,75%. Vale lembrar, contudo, que as ações chegaram a se desvalorizar 2,83% na véspera, puxadas pelos resultados do concorrente.

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Confira o desempenho de dois dos maiores bancos do país, que abriram a temporada de balanços do setor nesta semana:

  Bradesco Itaú Unibanco
Resultados 2T12 % 2T11 2T12 %2T11
Lucro Líquido R$ 2,88 bilhões +1,7% R$ 3,3 bilhões -8,3%
Provisão R$ 3,4 bilhões +10% R$ 5,9 bilhões +17,2%
Inadimplência 4,2% +0,5 p.p. 5,2% +0,7 p.p.
Basileia 17% +2,3 p.p. 16,9% +2,2 p.p.
Crédito: R$ 364,9 bilhões +14,1% R$ 413,4 bilhões +14,8%
1.Pessoa Física R$ 112,2 bilhões +9,1% R$ 157,1 bilhões +8,4%
2.Pessoa Jurídica R$ 252,7 bilhões +16,5% R$ 198,5 bilhões +15,6%

Qualidade da carteira de crédito:

Bradesco Itaú Unibanco
Rating 2T12 % 2T11 2T12 %2T11
AA-C R$ 340,9 bilhões +47% R$ 319,6 bilhões +13,8%
D R$ 6,4 bilhões + 26,6% R$ 12,7 bilhões +12,5%
E-H R$ 17,6 bilhões +23,4% R$ 24,3 bilhões +18,2%

Fonte: Balanço das companhias