Itaú (ITUB4) pode manter payout alto a acionistas em 2024? Ventos são favoráveis

Veja o que esperar do papel após anúncio de provento extraordinário que elevou payout de 2023 para 60%

Lucas Gabriel Marins

Publicidade

O Itaú (ITUB4) anunciou na segunda-feira (5), junto com os resultados do 4º trimestre, o pagamento de US$ 11 bilhões em proventos extras aos acionistas. Com a nova bolada, o volume total em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) em 2023 saltou para R$ 21,5 bilhões, elevando o payout (percentual do lucro pago como dividendos) para 60,3% em 2023, o dobro dos anos anteriores.

Mas, qual é a possibilidade de esse percentual mais alto se sustentar também em 2024?

Segundo analistas e o próprio banco, a expectativa é de que o payout continue em níveis elevados ao longo deste ano, e se mantenha na casa dos 60%. “Nossas projeções de resultado no Bottom Line [lucro líquido] tendem a uma expansão aproximada de 13%, que pode sustentar um patamar de proventos atrativo para 2024. Com estes volumes, o banco encerra 2023 com um volume de proventos pagos de R$ 21,5 bilhões, que pode atingir algo entre R$ 23 e R$23,5 bilhões em 2024″, avalia Matheus Nascimento, analista da Levante.

Para o JPMorgan, os pagamentos maiores vão continuar este ano porque a expectativa é de que o Itaú “mantenha um sólido CET1 (índice de Basileia de melhor qualidade, que indica o colchão de liquidez) de 12,8% pós-pagamento e continue imprimindo ROE (retorno sobre patrimônio) alto”.

Além disso, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, disse em coletiva de imprensa ontem que, por causa do nível de rentabilidade, existe realmente perspectiva de pagamento de novos dividendos extraordinários. No entanto, falou, é preciso levar em consideração incertezas e eventos que podem surgir.

“A gente nunca olha a visão da fotografia. Havendo uma reforma tributária, qualquer mudança para baixo na alíquota corporativa do imposto, teremos que fazer uma valorização dos nossos créditos tributários à nova alíquota”.

Continua depois da publicidade

Itaú na carteira de dividendos

O Itaú é figurinha carimbada nas carteiras de dividendos recomendadas por gestoras. Na lista de fevereiro, a empresa recebeu quatro recomendações de diferentes casas de análises, sendo apontado como “banco premium com um valuation atraente e exposição a uma carteira mais defensiva” pelo BTG.

Para Milton Rabelo, analista da VG Research, as ações do Itaú e da holding Itaúsa passam a ser mais interessantes para investidores focados em renda passiva, especialmente porque, além dos proventos extras e dos resultados positivos, a empresa também anunciou um novo programa de recompra.

“O Itaú aprovou programa de recompra de até 75 milhões de ações preferenciais, sem redução do valor do capital social, para manutenção em tesouraria, cancelamento ou recolocação no mercado. Os programas de recompra sinalizam confiança da gestão na companhia e diminuem a quantidade de papéis em circulação, o que aumenta o volume de proventos pagos por ação aos acionistas”, disse.

Continua depois da publicidade

Os proventos extraordinários anunciados na segunda-feira serão distribuídos na forma de dividendos e JCP. No caso dos dividendos, a “data com” – data limite para ter uma ação na carteira e receber o provento – é 21 de fevereiro de 2024. Portanto, ainda dá tempo de abocanhar uma fatia. Em relação ao JCP, sem chance: seria preciso ter comprado os papéis até o final do ano passado.