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A volatilidade só fez crescer na Argentina desde que Javier Milei, candidato ultradireitista à presidência do país, foi o mais bem votado nas primárias, realizadas em agosto. Mesmo assim, há gestores brasileiros crentes de que a troca de comando na Casa Rosada poderá trazer oportunidades para os investidores, diante de um possível ganho de confiança.
A Vista Capital, por exemplo, tem uma pequena posição no país. “Os upsides [potencial de ganho] da Argentina são enormes. Estou animado, mas pequeno e conservador. Sabendo o tamanho da alta, o risco e o retorno são positivos”, diz João Landau, fundador da casa.
As eleições gerais da Argentina estão agendadas para 22 de outubro e podem se estender até 19 de novembro, caso haja segundo turno.
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Não se trata de uma visão unânime. Rodolfo Barreto, sócio e gestor na área de fundos macro da Ibiuna Investimentos, também está atento às movimentações no país vizinho, mas demonstra manter cautela quanto a alocações no mercado argentino. Landau e Barreto participaram de painel durante a Expert XP 2023 no último sábado (2).
“Tem como chegar a uma solução [na Argentina], e, se isso ocorrer, o upside pode ser grande. Mas não estamos lá ainda”, observa. A maior preocupação é com a proposta de dolarização da economia do país, defendida ferrenhamente por Milei.
Barreto destaca que, para alcançar o feito, a Argentina precisaria ter reservas cambiais. Em julho, o Banco Central do país informou que as reservas alcançavam US$ 25,6 bilhões – analistas, no entanto, estimam que o montante líquido esteja bem abaixo disso ou mesmo no campo negativo.
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O país, segundo Barreto, parece estar tentando realizar “30 anos de ajuste em um ou dois anos logo após as eleições”, o que desperta preocupação.
A visão de Landau é outra. Embora também considere “complexa” e “complicada” a proposta de dolarização da economia, o executivo acredita que o desafio maior é retomar a confiança dos investidores. “É tudo em cima de confiança. Precisam arrumar um candidato bom para gerar confiança […]. O risco-retorno na Argentina é positivo”, diz.
O fundador da Vista ressalta ainda que, mesmo não havendo “dólar em D+0” – disponível imediatamente – na Argentina, há alternativas, como “a China querendo financiar todo mundo, os árabes”. “Acho que é mais fácil do que parece. [A Argentina] está mais destruída do que parece”, pondera.
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Barreto afirma que a Argentina dá sinais de que pretende fazer um ajuste parcial do ponto de vista fiscal e uma alteração para levar o juro real ao campo negativo, de modo a reduzir a dívida, o que seria uma mudança do lado da política monetária.
O grande problema para ele é que o País “não vai conseguir se dolarizar, se fizer essas duas coisas ao mesmo tempo e dessa maneira”. “O número de problemas é grande e a solução é ruim”, acrescenta o executivo da Ibiuna.