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Ex-presidente do Banco Central no governo Lula, entre 2003 e 2010, Henrique Meirelles acha difícil o Brasil obter o investment grade (grau de investimento) pelas principais agências de classificação de risco do mundo. O motivo é um: o quadro fiscal.
“As próprias agências de rating têm dito isso. Para manter o rating, o Brasil precisa controlar sua expansão fiscal”, afirma Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central (2003-2011). “Agora a questão fiscal em algum momento vai chegar no limite e vai começar a ter problemas mais sérios, como foi no passado”, complementa.
Mas não são só as agências de risco globais que estão de olho nesse item no Brasil. “O investidor lá fora está também preocupado com a questão fiscal. Basta conversar com eles. Ele entende que o Banco Central, na medida em que a inflação está um pouco alta, tem que subir os juros, independente do que acontece lá fora. Essa é a realidade”, afirma Henrique Meirelles, que participou do episódio 260 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.
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Inflação não cai
“O fato é que a inflação no Brasil está um pouco alta e não está caindo. Caiu num mês, mas no outro mês já subiu. A inflação anual ainda está relativamente elevada”, ressalta Meirelles, que está lançando sua autobiografia “Calma sob pressão – o que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda” (editora Planeta).
Mas para ele, nem tudo está perdido. “Há uma coisa que dá base para a economia brasileira, que não é discutido porque não tem problema. É muito importante ter reserva”, destaca.
Brasil tem reserva
“Vê-se países com problemas e crise, mas no Brasil não se fala em crise externa. Estamos com US$ 350 milhões em reservas. A gente construiu boa parte dessas reservas. Chegou num ponto de fato que a economia do Brasil aguenta desaforo”, compara.
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Ele lembra que a crise econômica de 2015 e 2016, no momento que controlou o gasto público interno, o país voltou a crescer rapidamente. “A segurança dada pelas reservas é muito importante”, reafirma.
Além disso, Henrique Meirelles aponta o baixo desemprego. “Nós já temos problemas de empresas com dificuldades de contratar funcionário. Desemprego baixo é bom. O emprego é a melhor solução”, diz.
“Uma coisa que sempre disse: o país precisa gerar máximo possível de empregos. O gasto com política social é necessário para atender a base, mas o melhor programa social que existe é o emprego”, complementa.
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Por outro lado, ele acha que é necessário da economia brasileira ter a capacidade de aumentar a produtividade para que com o mesmo número de empregados produza mais. “Para isso, precisa qualificar o trabalhador”, ressalta.