Inflação ficou para trás: maior temor de gestores de fundos agora é crise sistêmica de crédito

Pesquisa do Bank of America com 212 gestores mostra que 31% deles elegeram um "evento de crédito" como maior ameaça atualmente

Bloomberg

Silicon Valley Bank (Justin Sullivan/Getty Images)

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(Bloomberg) – Um evento de crédito sistêmico substituiu a inflação persistente como o principal risco para os mercados na visão de investidores cada vez mais pessimistas, de acordo com a mais recente pesquisa global do Bank of America (BofA) com gestores de fundos.

A fonte mais provável de um evento de crédito é o sistema bancário dos Estados Unidos, seguido por dívidas corporativas dos EUA e o mercado imobiliário de países desenvolvidos, segundo a pesquisa, que ouviu 212 gestores de fundos com US$ 548 bilhões sob gestão.

Um evento de crédito foi escolhido por 31% dos participantes como a maior ameaça.

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A pesquisa ocorreu na semana passada, de 10 a 16 de março, enquanto os gestores de recursos testemunhavam o colapso de bancos americanos como o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank, e monitoravam a turbulência no Credit Suisse antes de sua aquisição histórica pelo UBS.

O índice S&P 500 tem se mostrado bastante resiliente, caindo menos de 1% neste mês, com os investidores antecipando que os esforços do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para apoiar a liquidez serão suficientes para evitar uma crise.

Mas os estrategistas estão cada vez mais preocupados. Michael Wilson, do Morgan Stanley, disse que o risco de uma crise de crédito está aumentando significativamente.

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O S&P 500 pode atingir um piso em 3.800 pontos, mas os investidores devem vender em qualquer rali se o índice atingir 4.100 a 4.200, escreveu Michael Hartnett, do BofA, nesta terça-feira (21). O S&P 500 fechou em cerca de 3.952 pontos na segunda-feira (20).

Além disso, a pesquisa mostrou que o sentimento do investidor está “próximo dos níveis de pessimismo vistos nas mínimas dos últimos 20 anos”, escreveu Hartnett, que estava corretamente pessimista no ano passado, alertando que os temores de recessão alimentariam um êxodo de ações. O posicionamento e o sentimento da pesquisa do gestor de fundos são “as únicas medidas-chave no território da ‘capitulação’ até agora”.

Além dos riscos de crédito, os investidores estão cada vez mais preocupados com a economia. A probabilidade de uma recessão está aumentando novamente pela primeira vez desde novembro de 2022, com a pesquisa do BofA mostrando que 42% dos participantes esperam uma desaceleração nos próximos 12 meses.

Enquanto isso, as expectativas de estagflação permaneceram acima de 80% por dez meses consecutivos. No histórico da pesquisa, “os investidores nunca tiveram uma convicção tão forte sobre as perspectivas econômicas”, escreveu Hartnett.

Outros destaques da pesquisa incluem a perspectiva de uma elevação adicional de 0,75 ponto percentual neste ciclo de alta dos juros americanos pelo Fed, com as taxas chegando a 5,25%-5,5% ao ano. Quase um quarto espera que o Banco Central Europeu aumente sua taxa de depósito em mais 0,50 ponto percentual.

A rotação das ações dos EUA para a Europa acelerou este mês, com os gestores de fundos com maior peso nas europeias em relação às americanas desde outubro de 2017. A maioria das posições são compradas em ações europeias, compradas em dólar e compradas em ações chinesas.

Os participantes agora estão com perspectiva “underweight” (desempenho abaixo da média) para bancos, com os riscos de contágio nos bancos regionais dos Estados Unidos levando os investidores a deixar o setor no ritmo mais acelerado desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

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