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Tiago Bellodi costuma dizer que gerir fundos em que as pessoas esperam por rentabilidade visando uma garantia financeira para a família, quando se aposentarem, é uma “responsabilidade social enorme”.
Com mestrado em economia e ênfase em finanças pela Fundação Getúlio Vargas, Bellodi assumiu há nove meses o cargo de gerente de portfólio da XP Asset. Seu foco são institucionais, incluindo fundos de pensão, RPPS (Regime Próprio de Previdência Social) e seguradoras.
Em entrevista a Lucas Collazo e Henrique Esteter, durante o programa Stock Pickers, ele conversou sobre o comportamento de alguns fundos de investimentos. Especialmente sobre os multimercados, ele disse que a categoria “experimentou um 2019 mágico”, mas acabou crescendo demais.
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Fluxo grande de dinheiro
“Expandiu-se muito a oferta de produtos. Muitos novos gestores, muitos novos fundos. Houve um fluxo muito grande de dinheiro”, conta Bellodi, sobre o período pré-pandemia.
Segundo ele, muitos desses fundos ficaram “muito grandes” e as dificuldades começaram a surgir.
“A partir do segundo trimestre de 2022, houve erro de (avaliação de) cenário e dimensionamento do tamanho de posição. E, à medida que a indústria continuou avançando, as quedas ficaram maiores”, explicou.
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Naquela época, os juros globais subiram em meio aos choques provocados na economia com a pandemia, inclusive no Brasil. “A indústria tomou um risco muito grande”, diz. Ele destaca que muitos dos fundos multimercados foram operar no exterior, o que aumenta ainda mais o risco, já que exige muita infraestrutura para geri-los.
Mudanças nos fundos multimercados
Por conta dos problemas enfrentados pelos fundos multimercados, Tiago Bellodi afirma que hoje eles mudaram em tamanho, profundidade, quantidade e volume de recursos colocados em risco.
“Estamos mais duros (com o fundo multimercado). Juro está alto, vai subir mais. Estamos mais rígidos com ele em relação às quedas. Também critérios mais rígidos de stop (ferramenta para prevenir prejuízo), admitindo quedas menores”, afirma.
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Segundo o gerente da XP, há também um olhar mais atento aos desvios de benchmark que se pode correr com os fundos multimercado. “Há uma preferência por algo mais consistente e menos disperso, que o tempo crie bom retorno”, assinala.
Fundos de crédito e quantitativos
Já sobre o mercado de fundos de crédito, ele diz que “acendeu uma luz amarela”. “Nas carteiras em geral a gente está reduzindo (fundos de) crédito há alguns meses”, ressalta.
Mas ele reconhece que acertar o timing é sempre difícil em um fundo. “Qual risco estou correndo? Posso estar saindo antes do que deveria (de um fundo de investimento)”, ressalta.
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Com relação aos fundos quantitativos, afirma que “eles estão num período ruim”. “Quando esses fundos começaram lá no início, tinha um mercado mais ‘desarbitrado’”, explica.
“A grande coisa do quântico é a tendência, e o que se viu nos 12 a 24 meses foi uma variância muito grande, um dia o desemprego está baixo no outro dia está alto, vão cair os juros não vão cair os juros. Ele foi muito sensível a esses dados. Então, como modelar isso”, questiona.
“Eles não estão num bom momento. Não fizeram nada de diferente nas carteiras”, complementa.
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