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O movimento que levou o iene japonês a atingir brevemente, nesta quarta-feira (27), o seu menor nível ante o dólar desde julho de 1990, atraiu os olhares de milhares de agentes financeiros para o Japão.
Na avaliação de Mohamed El-Erian, economista, presidente do Queens’ College da Universidade de Cambridge e ex-CEO da gestora americana Pimco, o fenômeno é reflexo da visão do mercado de que o processo de normalização monetária conduzido pelo Banco do Japão (BoJ) é “muito lento e longo”.
A visão foi compartilhada pelo economista em suas redes sociais nesta quarta-feira (27). Segundo ele, o mercado está “testando o apetite” das autoridades para uma intervenção cambial.
Nesta quarta-feira, o dólar subiu brevemente para 151,97 ienes, valor que não era tocado desde julho de 1990, em comparação com 151,52 ienes vistos na terça-feira (26).
Hoje mais cedo, Naoki Tamura, que é membro do conselho do BoJ e que possui uma visão considerada mais hawkish (inclinado ao aperto monetário), afirmou que a autoridade monetária japonesa deve avançar “de forma lenta e constante” no processo de normalização da sua política monetária mais frouxa, o que deu a entender que outro aumento das taxas poderia ocorrer, se as pressões inflacionárias aumentassem.
Por outro lado, o conselheiro informou que o risco de o Banco do Japão ser forçado a apertar agressivamente a política monetária para conter aumentos excessivos de preços permanece pequeno.
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As falas de Tamura tiveram reflexo direto no mercado com efeitos no câmbio e nos rendimentos dos títulos soberanos do país.
Neste mês, o BoJ abandonou sua política de taxas de juro negativas e realizou o primeiro aumento das taxas em 17 anos. A decisão representou uma reformulação no quadro de flexibilização monetária que visou acabar com a tendência de deflação no país.
Na ocasião, o BoJ decidiu orientar as taxas de juro de curto prazo para um intervalo entre zero e 0,1%, julgando que o seu objetivo de atingir uma inflação estável de 2% está “à vista”.
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A mudança fez a autoridade monetária japonesa ser a última a sair das taxas negativas e encerrar um período em que as autoridades em todo o mundo buscaram sustentar o crescimento por meio de dinheiro barato e ferramentas monetárias não convencionais.
Reunião de emergência
O forte enfraquecimento do iene japonês fez com que as três principais autoridades monetárias do Japão realizassem uma reunião de emergência nesta quarta-feira (27) para indicar que estão prontas para intervir no mercado. O objetivo, segundo elas, é impedir o que descreveram como movimentos desordenados e especulativos na moeda.
A reunião contou com integrantes do Banco do Japão (BoJ), do Ministério das Finanças e da Agência de Serviços Financeiros do Japão.
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Um iene mais fraco torna as exportações da quarta maior economia do mundo mais baratas, mas pode elevar os preços da energia e de outras importações japonesas, alimentando a inflação e aumentando o custo de vida.
Isso prejudica o objetivo do banco central de atingir um nível de inflação sustentável de 2% por meio do crescimento dos salários e do aumento do poder de compra das famílias, em vez de uma inflação impulsionada pelos custos.
(Com Reuters)