Ibovespa acima de 120 mil e ações de crescimento: as principais apostas dos gestores de fundos

Segundo pesquisa do BofA, maior parte das casas acredita que BC conseguirá iniciar o período de afrouxamento monetário a partir de agosto

Bruna Furlani

(Getty Images)
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O maior otimismo com os ativos de risco locais por parte de gestores está sendo sentido nas expectativas de avanço do Ibovespa para este ano. Cresceu o número de casas que acreditam que o principal índice da Bolsa brasileira pode chegar aos 120 mil pontos no fim deste ano.

Segundo estudo do Bank of America (BofA) divulgado nesta terça-feira (13), 69% das casas entrevistadas projetam que o Ibovespa poderia ultrapassar esse patamar até o fim do ano. No mês passado, apenas 27% dos participantes respondiam que o índice poderia avançar além desse nível.

O estudo foi realizado com 33 gestores de fundos latino-americanos, que detêm US$ 63,7 bilhões sob gestão.

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Um dos motivos para o aumento do otimismo são os dados de inflação e a expectativa de início do ciclo de corte de juros. Segundo a pesquisa, a maior parte das casas acredita que o Banco Central conseguirá iniciar o período de afrouxamento monetário a partir de agosto.

Após declarações mais negativas sobre a inflação e o patamar de juros, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, parece ter dado sinais um pouco mais positivos sobre o início do corte, ainda que sem especificar o momento, em encontro com representantes do varejo na última segunda-feira (12).

Na ocasião, Campos Neto pontuou que os juros futuros têm tido uma contração mais significativa e que isso poderia ajudar a política monetária. “A curva de juros futuro tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente”, observou.

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A declaração foi feita após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que manteve em maio a tendência de desaceleração, com variação de 0,23% ante abril. O dado veio abaixo do esperado pelos analistas de mercado. O consenso Refinitiv esperava inflação de 0,33% no mês.

Na pesquisa do BofA, gestores destacaram que a melhora do cenário fiscal com a rápida aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara e o encaminhamento do projeto no Senado representa o fator mais importante para trazer as expectativas de inflação para baixo nos próximos seis meses.

As estimativas dos economistas consultados pelo Banco Central para o IPCA vem caindo nas últimas semanas, de acordo com o Boletim Focus.

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Conforme o documento desta semana, o mercado agora espera que a inflação termine este ano em 5,42%, contra os 6,03% esperados um mês antes. Queda também nas projeções para o indicador em 2024, 2025 e 2026, que agora estão em 4,04%, 3,90% e 3,88%, abaixo dos 4,15%, 4,00% e 4,00% registrados quatro semanas antes.

De olho no corte, gestores também acreditam que ações mais ligadas a crescimento serão destaque a partir de agora. Essa é a primeira vez desde agosto de 2021 que os gestores colocam tais papéis em evidência.

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A explicação é que ações mais ligadas a crescimento (growth) costumam ser mais sensíveis a ambientes de juros mais elevados. O valor de um ativo é determinado pela soma dos seus fluxos de caixa de hoje até o infinito, trazidos a valor presente por uma taxa de desconto apropriada. Quanto maior a taxa de juro de mercado, maior será essa taxa de desconto.

A questão é que, ao elevar a taxa de desconto, os fluxos do futuro trazidos a valor presente ficam muito menores. Ou seja, diminui o valor justo do ativo.

Companhias de crescimento tendem a ser empresas de tecnologia, e-commerce e empresas verticalizadas de saúde, que foram bastante penalizadas ao longo dos últimos meses.

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Entre os setores de destaque que as casas estão com posição mais acima da média de mercado (overweight) está o setor financeiro.

Por outro lado, ações mais ligadas a matérias básicos, como minério de ferro e aço, alumínio e ouro, além de papel e celulose, estão entre os setores que os gestores estão menos otimistas e com alocação abaixo da média de mercado (underweight).

Além das apostas, outro destaque está na melhora das expectativas para os lucros das empresas. Segundo a pesquisa, apenas 21% dos especialistas esperam revisões para baixo – patamar mais baixo desde novembro de 2022.

E aumentou também o número de participantes que aguardam revisões para cima nas expectativas de lucro das empresas (33%), nível mais alto desde novembro do ano passado.

Dados de atividade

Outra mudança envolve a expectativa das casas com os dados de atividade. De acordo com a pesquisa, cresceu em junho o número de gestores que acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) pode encerrar este ano com alta de entre 1% e 2%, na comparação com maio.

Também subiu bem o número de casas que acreditam que o PIB poderia ir além e ficar entre 2% e 3%.

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Nesse caso, gestores têm se mostrado um pouco mais otimistas até do que os economistas consultados pelo Banco Central. Segundo o Relatório Focus divulgado nesta semana, o mercado acredita que o PIB deve encerrar este ano em 1,27%, contra 1,38% quatro semanas antes.

Após um dado de Produto Interno Bruto (PIB) mais forte do que o esperado no primeiro trimestre de 2023 (1T23), com alta de 1,9% frente o 4T22, ante consenso Refinitiv de avanço de 1,3%, diversas casas de análise revisaram suas estimativas para a economia brasileira desde o fim da última semana.

Segundo os dados, a agropecuária brilhou no 1° trimestre, com uma alta de 21,6% ante o quarto trimestre de 2022 e de 18,8% quando comparado aos primeiros três meses do ano passado. A demanda doméstica final foi fraca, por sua vez, com contração trimestral de 0,5%.

Outro dado que chama atenção no estudo é a expectativa de enfraquecimento do dólar, que deve encerrar o ano entre R$ 4,81 e R$ 5,10, na visão da maior parte das casas ouvidas.

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