Grupamento e desdobramento de ações: saiba o que são e para que servem

No grupamento, o investidor fica com menos ações, mas o valor de cada uma aumenta. O contrário acontece no desdobramento

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Se um dia você abrir seu home broker e notar uma quantidade totalmente diferente de ações no seu portfólio, espere antes de ligar para a corretora reclamando. A explicação para esta diferença pode ser o desdobramento ou grupamento dos papéis de determinada companhia. 

Se você tinha 500 ações, por exemplo, pode ficar desesperado ao notar que agora possui apenas 100. O contrário também pode acontecer: o investidor tinha 100 ações e, de um dia para o outro,  passa a ter 500. Nos dois casos, um olhar mais atento pode acalmar os ânimos: o valor total do investimento permanece o mesmo.

Desdobramento
No desdobramento ou split, a companhia aumenta a quantidade de ações em circulação, sem aumentar o seu capital social. Mas, se os valores não mudam, você deve estar e perguntando qual o objetivo deste tipo de operação.

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Segundo especialistas, a principal motivação da empresa ao fazer um desdobramento de ações é aumentar a liquidez dos seus ativos. “Com o desdobramento, as ações geralmente ficam mais acessíveis para o pequeno investidor e podem passar a ser mais negociadas na Bolsa”, afirma o diretor da Valore Investimentos Personalizados, Sérgio Quintella.

Um exemplo de desdobramento aconteceu no final do ano passado. Em dezembro, as ações da Ambev foram desdobradas na proporção de uma para cinco. Assim, o papel preferencial (AMBEV4), que antes valia quase R$ 250, passou a custar pouco menos de R$ 50.

Ou seja, antes, para ter um lote de 100 ações, o investidor precisava dispor de quase R$ 25 mil. Depois do desdobramento, o valor do lote passou para aproximadamente R$ 5 mil.

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Com isso, o volume de negócios aumentou: até o dia 17 de dezembro – último dia antes do desdobramento – o maior volume diário de negociação de AMBEV4 naquele mês havia sido de R$ 18,9 milhões (15 de dezembro). Depois do desdobramento, a ação preferencial chegou a girar R$ 86,6 milhões em um único dia (30 de dezembro).

Grupamento
No grupamento de ações, também conhecido como inplit, a quantidade de papéis em circulação diminui, também sem nenhuma alteração do capital social. Com isso, o preço das ações em circulação fica mais alto. Portanto, se o investidor tinha mil ações de uma companhia que foram agrupadas na razão de uma para duas, ele passará a ter 500 ações e o preço delas será multiplicado por R$ 2. Por exemplo: você tinha 1.000 ações e cada uma valia R$ 2. Com o grupamento, você passa a ter 500 ações, com preço unitário de R$ 4. No final, você permanece com os mesmos R$ 2 mil investidos.

De acordo com o analista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, o grupamento acontece com menos frequência do que o desdobramento e faz com que a volatilidade do papel diminua. “A lógica é trazer o preço da ação para um nível que fique mais fácil negociar. Em uma ação de R$ 0,40, a menor diferença entre compra e venda (spread) será 2,5%, que é equivalente a R$ 0,01”, afirma Moreno.

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Se aquela ação for agrupada e passar a custar R$ 4, por exemplo, este R$ 0,01 de diferença entre compra e venda vai equivaler a apenas 0,25% de oscilação.

O diretor da Valore lembra que, no caso do grupamento, a empresa pode querer tirar a impressão de que o valor da ação está muito baixo. “É claro que a avaliação não é feita dessa maneira, é preciso levar em consideração a análise fundamentalista, os múltiplos da companhia. Mas existe um efeito psicológico para o investidor”, afirma Quintella.

Nada muda
É importante lembrar que, para o investidor que já possui os papéis, não haverá nenhuma mudança em relação aos valores investidos. “Em um primeiro momento, a pessoa pode levar um susto ao perceber uma quantidade diferente de ações na carteira. Mas depois vai notar que não houve nenhuma mudança do seu capital”, afirma Quintella.

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De acordo com os especialistas, as companhias informam o mercado sobre este tipo de operação, por meio de fato relevante. “Você pode acompanhar pelo site da bolsa, que disponibiliza os fatos relevantes e comunicados ao mercado”, afirma Quintella. No site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), também é possível verificar este tipo de informação.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip