Governo dos EUA investiga criptomoeda Tether, ligada a aliado de Trump, diz WSJ

O caso traz possíveis implicações para Donald Trump nos EUA, que tem como aliado o CEO da corretora que gerencia a maioria dos ativos de reserva da criptomoeda

Equipe InfoMoney

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O governo dos Estados Unidos está conduzindo uma investigação sobre a Tether (USDT), empresa que opera a maior criptomoeda do mundo indexada ao dólar, por possíveis violações das leis de combate à lavagem de dinheiro e sanções, segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal publicada nesta sexta-feira (25).

O inquérito é liderado pela Promotoria do Distrito de Manhattan e examina se a criptomoeda teria sido utilizada por terceiros para financiar atividades ilegais, como o tráfico de drogas, terrorismo e ataques hackers, ou para lavar dinheiro proveniente dessas práticas.

O Departamento do Tesouro dos EUA também está considerando impor sanções à Tether devido ao uso frequente da criptomoeda por indivíduos e organizações já sancionados pelo governo norte-americano. Entre esses, destacam-se o grupo terrorista Hamas e negociantes de armas russos. Caso a sanção se concretize, cidadãos e empresas americanas ficariam proibidos de realizar negócios com a Tether.

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O caso também traz possíveis implicações para a campanha de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. Isso porque a corretora Cantor Fitzgerald, que gerencia a maioria dos ativos de reserva da criptomoeda, incluindo mais de US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro americano, tem como CEO Howard Lutnick, que é aliado de Donald Trump e atua como co-presidente da equipe de transição de Trump e seu vice, J.D. Vance.

Trump já disse em eventos de campanha que promete regras mais flexíveis para o setor de criptomoedas caso volte a ser presidente.

Gigante de R$ 1 tri

Com uma movimentação diária de aproximadamente R$ 1 trilhão (US$ 190 bilhões), a Tether é hoje a criptomoeda mais negociada no mundo, sendo amplamente utilizada em locais onde o dólar enfrenta restrições impostas pelos próprios Estados Unidos.

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Sua versatilidade na transferência de fundos e a estabilidade de seu valor — atrelado ao dólar — fazem com que a moeda seja uma peça central em alguns dos maiores desafios à segurança nacional americana, incluindo programas nucleares, tráfico de drogas e fabricação de insumos químicos para a produção de opioides.

No Brasil, a Tether é a criptomoeda mais usada e está no centro de um esquema investigado pela Polícia Federal de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de dólares para o exterior por meio do criptoativo. A prática, chamada de cripto-cabo (similar à conhecida dólar-cabo), também foi utilizada para contrabando que alimentou as lojas da região da 25 de Março, em São Paulo, conforme revelou o InfoMoney no ano passado.

O que diz a Tether

A investigação sobre a Tether começou há alguns anos, inicialmente com foco em possíveis fraudes bancárias relacionadas a documentos falsificados. A empresa, porém, afirma não ter sido notificada de qualquer ampliação do escopo das investigações. Em comunicado compartilhado com o WSJ, a Tether declarou: “Sugerir que a Tether está envolvida com atividades criminosas ou evasão de sanções é absurdo. Colaboramos ativamente com autoridades para combater atividades ilícitas.”

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Nas redes sociais, o CEO da Tether, Paolo Ardoino, afirmou que “não há nenhuma indicação de que a Tether está sob investigação. O WSJ está reciclando ruídos antigos. Ponto final”.

Logo após a publicação da reportagem, o Bitcoin (BTC) chegou a reagir mal e recuou de US$ 68 mil para US$ 66 mil nas principais exchanges. Logo depois, porém, recuperou parte das perdas. Às 16h, era negociado próximo de US$ 67 mil.

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