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SÃO PAULO – Embora a Europa seja enxergada como referência no mercado global em termos de investimentos sustentáveis, a avaliação de grandes gestoras sediadas no velho continente é a de que ainda há muito a se fazer e avançar no que diz respeito às melhores práticas ESG na região.
Durante painel do evento Expert ESG na tarde desta sexta-feira, gestores da francesa Mirova e das britânicas Schroders e Aviva Investors falaram sobre as oportunidades e os desafios aos investidores que buscam aliar retorno e redução do risco por meio dos investimentos sustentáveis. O painel contou ainda com a participação do gestor brasileiro Alexandre Muller, da JGP.
Apesar de o estoque do mercado de “green bonds” já ser estimado em aproximadamente US$ 1 trilhão, ainda não há uma uniformização clara mesmo entre os investidores globais a respeito do que é, de fato, um ativo financeiro com um genuíno impacto positivo sob a ótica ESG, afirmou Mathilde Dufour, diretora responsável pela área de pesquisa de investimentos sustentáveis da Mirova. A gestora baseada em Paris tem cerca de US$ 20 bilhões e é focada exclusivamente em investimentos ESG.
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“Esse ainda é um mercado ‘auto rotulado’”, em que, na prática, são os gestores os responsáveis por definir qual projeto é verde, ou não, assinalou Mathilde.
Por isso, disse a especialista, é crucial uma análise minuciosa do investidor para identificar se determinados projetos têm as características necessárias para realmente merecer ostentar o selo de investimento sustentável.
Há setores em que os vieses ambiental e social do negócio são mais claros, como no caso de energia renovável, mas há outros em que fazer essa identificação exige um trabalho sensivelmente maior, como no mercado imobiliário, assinalou Mathilde.
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Steve Waygood, Chief Responsible Investment Officer da Aviva Investors, gestora sediada em Londres com aproximadamente £ 346 bilhões em ativos sob gestão, alertou para a urgência de uma evolução do mercado, frente aos desafios ambientais cada vez maiores que se colocam no cenário.
Segundo Waygood, no nível atual, o investimento sob a ótica sustentável feito hoje no mercado ainda é insuficiente para estar minimamente alinhado aos objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris.
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A avaliação na Aviva, disse o gestor, é a de que o passo que deve, e precisa ser dado em direção a uma indústria mais engajada nos impactos ambientais de seus investimentos, deve gerar oportunidades de rentabilidade acima da média do mercado no horizonte relevante.
“Não há absolutamente nenhuma dúvida sobre o grande volume de dinheiro que será gerado quando fizermos uma transição para uma economia que seja consistente com o Acordo de Paris”, afirmou.
A importância dos dados
Também presente no painel, David Knuston, diretor de pesquisa de renda fixa na Schroders, gestora baseada em Londres com cerca de € 470 bilhões sob gestão, afirmou que o filtro ESG é visto na casa como uma componente chave para destravar oportunidade de longo prazo.
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Dito isso, Knuston assinalou também que não entende ser adequado vetar previamente determinada empresa como um possível investimento para a carteira por seu setor de atuação, antes de entender se ela está engajada em promover mudanças positivas quanto ao impacto das suas atividades para a sociedade.
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A melhor forma de gerar alfa, afirmou o gestor da Schroders, é encontrar essas histórias em que ainda há valor a ser destravado, sob uma ótica de investimento sustentável.
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Para isso, é essencial buscar informações que muitas vezes não são óbvias, que não serão facilmente encontradas no balanço da empresa, mas que podem fazer muita diferença para o sucesso dos investimentos, afirmou o gestor da Schroders. “Fazer o levantamento das informações e garantir que elas sejam robustas são os maiores desafios que encaramos”, disse Knuston.
Trazendo à realidade brasileira, o sócio e gestor de crédito da JGP, Alexandre Muller, citou a estruturação do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) Sustainable Agriculture Finance Facility (SAFF), que visa oferecer crédito para 10 mil pequenos agricultores do Brasil, ao defender que o mercado precisa estar mais atento e engajado em emprestar suas competências em prol de causas sociais.
“As gestoras têm um potencial e até uma responsabilidade de buscar viabilizar os veículos de investimento que vão canalizar capital para projetos e empresas geradoras de externalidades”, afirmou Muller.
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