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SÃO PAULO – A queda de 21% das ações preferenciais da Petrobras (PETR4) na segunda-feira (22) como reflexo do aumento da insegurança dos investidores quanto à condução da petroleira sob uma nova presidência, fez os preços dos ativos despertarem o interesse de alguns gestores.
Ainda que reconheçam que hoje o ativo carrega um maior nível de risco político após a condução do episódio pelo governo federal, eles entendem que as ações estão sendo negociadas a valores atraentes o suficiente a ponto de não serem ignoradas.
Este é o caso da Legacy Capital, que aproveitou a queda recente dos papéis da Petrobras para aumentar parte da posição relevante que já carregava na carteira desde meados de outubro.
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“Quando o mercado dá oportunidade, aumentamos”, afirma o gestor Patrick Pereira, para quem as ações ainda estão muito descontadas em comparação aos pares internacionais.
Pela geração de caixa da empresa com o preço do petróleo nos níveis atuais, e o valor das ações, o retorno gerado aos acionistas deve ser próximo de 30% ao ano, calcula o especialista. “Estamos confortáveis com o investimento, e entendemos que tem uma margem de segurança razoável”, afirma Pereira.
Por conta dessa avaliação, hoje a Petrobras está entre as cinco maiores posições no portfólio de ações dos multimercados da Legacy, que conta ainda com nomes como Localiza e Hapvida.
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“Gostamos bastante do ativo e entendemos que é um investimento muito bom”, diz o gestor de ações, acrescentando que a exposição na Petrobras se dá por meio de ações preferenciais e ordinárias, bem como via opções de compra, que servem como uma espécie de amortecedor nos momentos de forte volatilidade.
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Pereira conta que o peso da companhia no portfólio foi reforçado no fim de 2020, quando as eleições nos Estados Unidos e as primeiras notícias sobre o início da vacinação tornaram o ambiente propício para os ativos de caráter mais cíclico.
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De toda forma, o gestor da Legacy afirma também que, embora a queda tenha tornado a ação ainda mais atrativa, é inegável que hoje o risco político intrínseco ao ativo é maior.
“Como qualquer acionista, preferimos que não haja mudanças abruptas na empresa, e o anúncio na sexta-feira claramente não foi o ideal”, diz o gestor da Legacy. Apesar da avaliação crítica, ele não espera grandes mudanças na direção da empresa, no que diz respeito ao plano de desinvestimento de ativos ou à política de paridade com os preços internacionais.
A Legacy tem ainda ações do BB no portfólio, diante da avaliação de que os papéis estão com desconto excessivo ante os pares privados.
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Sinais desencontrados
Na gestora Helius Capital, o sócio fundador William Leite conta que ações do BB, da Eletrobras e da Petrobras faziam parte do portfólio do fundo long bias da casa, lançado em outubro de 2020, até meados da semana passada.
Quando o ruído político sobre eventuais intervenções nas estatais começou a ganhar força, ainda antes do anúncio de Jair Bolsonaro, a opção do gestor foi por zerar a posição no banco e na elétrica, e reduzir de maneira significativa a aposta na petroleira.
Já na segunda-feira, com a forte queda dos papéis sob controle do governo, o gestor da Helius aproveitou para aumentar a aposta na Petrobras, uma das principais hoje no portfólio, bem como remontar a posição em Eletrobras, mas sem voltar a ter BB, que Leite entende não estar em um preço atrativo ante os riscos no radar.
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“Acredito que não vai haver uma alteração significativa na política de preços da Petrobras, muito embora o risco tenha aumentado bastante”, diz o sócio da Helius, com passagens por Credit Suisse Hedging Griffo, SPX e Garde.
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Mesmo antes do episódio envolvendo a Petrobras, continua, a companhia já estava entre as mais baratas do setor em comparação aos pares internacionais.
A tese de investimento relacionada ao aumento nos preços das commodities é uma das maiores convicções na carteira do fundo long bias da Helius, que também tem nomes como PetroRio, Enauta e Vale.
“Os papéis de commodities estarão entre os mais beneficiados pela reabertura da economia e a volta da mobilidade”, diz o sócio da gestora. Mas se o risco político voltar a aumentar, a tendência é reduzir novamente a posição em Petrobras e aumentar nas outras ações do setor de commodities, afirma.
De todo modo, Leite observa também que, embora o governo tenha emitido sinais bastante negativos sobre a condução das estatais com o episódio envolvendo a troca no comando da Petrobras, logo depois surgiram novidades positivas, principalmente relacionadas à privatização da empresa de energia.
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