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(SÃO PAULO) – Almocei nesta quinta-feira com dois executivos da Mapfre Investimentos, uma gestora de recursos que administra R$ 6,5 bilhões: o economista Luis Afonso Fernandes Lima e o superintendente de gestão de recursos Carlos Eduardo Eichhorn. Como é praticamente consenso no mercado, a gestora aposta na alta do dólar frente a diversas moedas. Já a posição em juros foge ao consenso. Enquanto boa parte do mercado acha que haverá no máximo mais uma alta da Selic na reunião de junho, para 13,5% ao ano, a Mapfre não está tão convicta e acha que pode haver inflação para justificar novas altas. A gestão está neutra em Bovespa, mas vendida em Bolsa nos EUA (S&P) e em Hong Kong devido aos múltiplos elevados dos dois mercados. Veja a seguir as principais apostas da Mapfre Investimentos:
Câmbio
O dólar é para cima. Temos tanto uma posição comprada em dólar contra o real quanto outra de dólar contra o euro. Achamos que essas duas moedas devem caminhar para a paridade de 1 para 1. A economia americana vai crescer neste ano mais do que em 2014 [a alta foi de 2,4% no ano passado] apesar do PIB de apenas 0,2% no primeiro trimestre de 2015. A queda das exportações americanas no primeiro trimestre devido à apreciação do dólar não preocupa porque o setor externo não é muito relevante na composição do PIB dos EUA [bastante dependente do consumo]. O dólar deve se fortalecer porque a economia vai se acelerar mas também porque os outros estão mal demais. A Europa continua complicada. E na Ásia a China tem divulgado vários indicadores decepcionantes. Então o dólar é para cima. Até quando a gente fica pensando o que pode dar errado nessa posição, começa a pesquisar e percebe que o dólar subiu em relação ao real mesmo quando os EUA tiveram momentos difíceis. Foi assim nos atentados de 11 de Setembro, na crise do subprime, na discussão sobre o aumento do teto da dívida, no rebaixamento do rating dos EUA pela S&P. Então a gente procura comprar opções de dólar sempre que a moeda realiza e reduz a posição sempre que a moeda americana sobe muito.
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Juros
A inflação deve ser maior que o mercado espera nos próximos meses. Haverá mais inflação dos produtos comercializáveis. O preço das matérias-primas caiu em dólares, mas aumentou em reais devido à valorização da moeda americana. Então isso ainda vai ser repassado. E vai ser difícil a inflação dos serviços cair. Tem uma inércia muito grande na economia brasileira. Os dissídios dos trabalhadores serão elevados por conta da inflação deste ano mesmo com o mercado de trabalho mais fraco. Tem a inflação da energia que ainda não foi precificada, com possibilidade de mais um aumento de 30%. O único argumento de quem acha que o Copom vai subir os juros para no máximo 13,5% é que a atividade desacelerou demais. Mas pegamos as séries históricas e percebemos que muitas vezes não há uma correlação clara entre a redução da atividade econômica e a desaceleração da inflação. Então acreditamos em inflação alta ainda. Começamos a prever uma Selic de 13,5% já no começo do ano, o que era uma estimativa maior que a do consenso do mercado. Quando sair a ata do Copom na próxima semana a gente pode rever esse número para cima. Alguns bancos, como o Credit Suisse, já revisaram suas projeções e estão estimando alta de 0,5 ponto percentual na reunião do Copom de junho.
Como achamos que a Selic pode subir mais que o esperado pelo mercado, a maior parte do dinheiro administrado pela Mapfre está em contratos de DI com vencimento em janeiro de 2017, que se valorizam se os juros continuarem em alta. Ainda não estamos prefixados como uma parte do mercado. E desmontamos posições em inflação em março porque foi justamente quando o mercado percebeu que a inflação seria acima de 8% neste ano. Essa posição havia sido montada em janeiro, quando a expectativa ainda era de 6%.
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Bolsa
No mercado acionário, estamos neutros na Bovespa e vendidos em S&P porque achamos que os múltiplos das Bolsas dos EUA estão muito esticados, com a pontuação na máxima histórica. Pode haver uma correção quando o juro nos EUA começar a subir, o que deve acontecer neste ano. Também estamos vendidos em Bolsa de Hong Kong porque subiu muito nos últimos 12 meses e ficou muito cara para uma economia que está em desaceleração como a chinesa.
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