Genoa, Kapitalo e Legacy reabrem fundos atentas a novos investidores e após resgates

Expectativa é que mudanças em ativos isentos de renda fixa ajudem a impulsionar fluxo para multimercados nos próximos meses

Bruna Furlani

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Os fortes saques de fundos multimercados ao longo do ano passado, o olhar atento a novos perfis de investidores e sinalizações prévias dadas a cotistas ajudaram a impulsionar uma nova janela de aberturas de produtos. Entre as casas que vão aproveitar o momento para voltar a captar estão gestoras renomadas como Genoa Capital, Kapitalo e Legacy Capital.

Um dos fundos que reabriram é o K10, da Kapitalo, que acumula retorno de 11,93% nos últimos 12 meses até janeiro, contra 12,87% do CDI no mesmo período. Já em janelas mais longas — como de 24 meses até o mês passado — o K10 ultrapassou com folga o CDI, ao render 34,70%, acima dos 27,34% da taxa de referência da classe.

O ano passado foi particularmente difícil para a indústria como um todo. Os multimercados de gestão ativa, agrupados no Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), apresentaram, na média, rendimento de 9,31% em 2023 — enquanto o CDI avançou 13,04%.

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A piora da visão com a classe multimercados afetou os resgates. Ao longo dos últimos 12 meses até a última sexta-feira (9), as saídas nesses produtos somaram R$ 1,2 bilhão, segundo dados da Economatica compilados a pedido do InfoMoney. Apesar das saídas vistas nos últimos meses, Bruno Cordeiro, sócio e gestor do K10, explica que a reabertura não é uma questão de reposição da capacidade do fundo, ou seja, da base de capital até a sua capacidade, que está longe do limite, no caso do produto.

“Tivemos uma demanda de investidores institucionais, como family offices e fundações. Achamos que estrategicamente esses novos investidores têm um perfil interessante e resolvemos reabrir”, destaca. A casa não tem uma estimativa fechada de valor ou de prazo para a abertura, mas acredita que não vai ser um percentual expressivo. Atualmente, o K10 é voltado para investidores em geral.

Genoa

Já na Genoa, os dois produtos que serão reabertos são o Genoa Capital Radar e o Genoa Capital Cruise Previdência, que é o produto de previdência multimercado da casa. A reabertura ocorre a partir da próxima quarta-feira (21) e ambos são voltados para investidores em geral.

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Embora a casa tenha evitado falar o porquê da reabertura, fontes ouvidas pelo InfoMoney afirmam que o movimento é impulsionado pelos resgates vistos no Genoa Radar. Nos últimos 12 meses até 9 de fevereiro, por exemplo, as saídas somam R$ 78 milhões no fundo, segundo dados da Economatica.

Ao longo dos últimos 12 meses até janeiro, o Capital Radar obteve retorno de 12,23%, enquanto o Cruise Previdência rendeu 11,98%, contra 12,87% do CDI. Já em uma janela de dois anos, o Radar ofereceu uma rentabilidade de 34,92%, contra 27,34% do CDI. Não foi possível realizar a comparação no produto de previdência da Genoa, porque não há histórico suficiente.

Legacy

A Legacy também aproveitou o momento para reabrir o Legacy Capital Multimercado, que rendeu 8,22% ao longo dos últimos 12 meses. Numa janela maior, de 24 meses até janeiro, o fundo avançou 40,09%, contra 27,34% do CDI. O produto é voltado para investidores em geral. A casa não informou quando pretende fechar o fundo, nem quanto deseja captar.

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Neo

Outra gestora que irá aproveitar a janela para reabrir dois produtos é a Neo Investimentos, que voltará a permitir captações no Neo Multi Estratégia 30 Feeder FIC FIM e no Neo Provectus I FIC FIM. A reabertura de ambos ocorre a partir de 13 de março e será possível alocar nos fundos até acabar a capacidade de cada um, segundo informações da gestora.

Em nota, a Neo justificou que a abertura não tem a ver com resgates e que já havia sinalizado aos investidores que iria reabrir os fundos em 2024. “Por se tratar de produtos de capacity [capacidade] mais restrito dentro do universo de multimercado, a Neo vem gradualmente trabalhando o crescimento da estratégia para que não haja impacto na capacidade de entrega de boa performance futura”, destacou.

Nos últimos 12 meses até janeiro, o Neo Multiestratégia 30 Feeder FIC avançou 10,71%, e o Neo Provectus I teve rentabilidade de 10,59%, contra 12,87% do CDI no mesmo período. Já na janela de dois anos, o Multiestrategia 30 teve retorno de 32,84%, e o Provectus, de 37,16%, ante 27,34% do CDI no período. O primeiro produto é voltado para investidores em geral, enquanto o segundo tem como foco qualificados, ou seja, investidores que possuem pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

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Ajuda das mudanças em isentos

Um dos impulsos que podem ajudar na captação de fundos multimercados nos próximos meses é a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) do começo de fevereiro, que vedou emissões de vários títulos de renda fixa isentos de companhias de capital aberto não relacionadas ao agronegócio ou ao setor imobiliário.

Na avaliação de Cordeiro, da Kapitalo, a decisão do CMN vai ser “positiva” para os fundos, embora seja “difícil” mensurar o impacto dela ainda. Segundo ele, as alterações da Conselho, juntamente com a queda da Selic, vão representar um ambiente melhor para a indústria de fundos como um todo.

Até novembro do ano passado, as emissões de LCAs, LCIs, CRAs, CRIs, LIGs e debêntures incentivadas (que ficaram de fora das mudanças do CMN), somaram R$ 283,9 bilhões, superando com folga os resgates líquidos de R$ 127,9 bilhões vistos nos fundos de investimento locais do ano passado inteiro. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

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