Fundos de renda fixa, cambiais e de participação são os únicos com mais depósitos do que saques em janeiro, mostra Anbima

Na passagem de dezembro para janeiro, fundos de ações e multimercados aprofundaram resgates líquidos

Bruna Furlani

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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Em janeiro, apenas os fundos de renda fixa, os cambiais e os que investem em participações (FIPs) tiveram captações líquidas (aportes menos resgates) positivas. Isso levando em conta somente fundos domésticos.

É isso o que mostra um levantamento feito pela Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Segundo dados da entidade, os depósitos líquidos em fundos de renda fixa somaram R$ 22,4 bilhões em janeiro.

O valor, no entanto, é menor do que os R$ 30,5 bilhões vistos um ano antes, quando a Selic estava em 2% ao ano. Nos últimos 12 meses, as captações nos fundos de renda fixa já somam R$ 212,5 bilhões.

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A busca por proteção em meio a um ambiente mais volátil e de maior risco no País com a proximidade das eleições também parece ter impulsionado a procura por fundos cambiais. Em janeiro, as captações líquidas desses tipos de fundo chegaram a R$ 14,5 milhões, contra resgates líquidos de R$ 249,1 milhões no mesmo período de 2021. Ao longo dos últimos 12 meses, os depósitos líquidos já alcançam R$ 1,1 bilhão.

O mês também terminou no positivo para os fundos de investimento em participações (FIPs). No mês passado, os aportes líquidos ficaram em R$ 2,2 bilhões. Em janeiro de 2021, a situação era outra: esses fundos registravam resgates líquidos de R$ 21,0 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, as captações líquidas dessa classe seguem no positivo em R$ 18,4 bilhões.

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Captação líquida de fundos – janeiro 2022

Classe Janeiro 12 meses Patrimônio Líquido*
Renda Fixa R$ 22,4 bilhões R$ 212,5 bilhões R$ 2,6 trilhões
Ações R$ -10,6 bilhões R$ 17,7 bilhões R$ 582,4 bilhões
Multimercados R$ -19,4 bilhões R$ 46,4 bilhões R$ 1,6 trilhão
Cambial R$ 14,5 milhões R$ 1,1 bilhão R$ 7,7 bilhões
Previdência R$ -1,3 bilhão R$ 6,2 bilhões R$ 1,1 trilhão
ETF R$ -1,8 bilhão R$ 7,5 bilhões R$ 41,2 bilhões
FIDC R$ -4,7 bilhões R$ 73,4 bilhões R$ 275,9 bilhões
FIP R$ 2,2 bilhões R$ 18,4 bilhões R$ 564,5 bilhões
Total R$ -13,2 bilhões R$ 383,2 bilhões R$ 6,9 trilhões

*Em 31 de janeiro de 2022

Fonte: Anbima

Mais resgates do que aportes

Mais uma vez, os fundos multimercados tiveram os maiores resgates líquidos, da ordem de R$ 19,4 bilhões. O valor é maior do que os saques líquidos de R$ 7,8 bilhões registrados em dezembro de 2021. No acumulado dos últimos 12 meses, a captação líquida segue positiva em R$ 46,4 bilhões.

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Movimento semelhante afetou os fundos de ações, que apresentaram saídas líquidas de R$ 10,6 bilhões em janeiro, montante três vezes maior do que o visto em dezembro do ano passado. Ainda assim, ao longo dos últimos 12 meses, os depósitos líquidos continuam no azul em R$ 17,7 bilhões.

A situação também não foi diferente para os ETFs (fundos de índices) que amargaram mais um vez de resgates líquidos de R$ 1,8 bilhão. No acumulado dos últimos 12 meses, as captações dessa classe de ativos segue positiva em R$ 7,5 bilhões.

Quem também não escapou dos resgates foram os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). Em janeiro, essa classe registrou saídas líquidas em torno de R$ 4,7 bilhões. Nos últimos 12 meses, porém, os aportes líquidos continuam no azul e chegam a R$ 73,4 bilhões.

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Fundos de previdência também terminaram com mais resgates do que aportes em janeiro, em R$ 1,3 bilhão. Um ano antes, esses fundos tinham registrado depósitos líquidos de R$ 10,1 bilhões. Também houve piora em relação a dezembro, quando as captações líquidas terminaram em R$ 4,4 bilhões. Ainda assim, no acumulado do último ano, os depósitos líquidos em fundos previdenciários estão positivos em R$ 6,2 bilhões.

Rentabilidade

Quando o assunto é desempenho, os melhores retornos foram vistos em fundos de ações FMP-FGTS (fundo mútuo de investimento criado para possibilitar o investimento dos recursos do FGTS em ações de estatais que passaram por um processo de privatização), com rentabilidade de 8,24% em janeiro, seguidos por fundos de previdência com ações indexados, que finalizaram janeiro com retorno de 7,10%.

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Apesar de os resgates terem sido maiores do que os aportes em fundos de ações, a subclasse dividendos também registrou bom desempenho no mês passado com retornos de 6,80%, assim como fundos de ações índice ativo, com rentabilidade de 6,63% no mesmo período.

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Dentre os fundos multimercados, que registraram os maiores resgates líquidos em janeiro, a maior rentabilidade alcançada foi de 4,57% entre os fundos long e short neutro (fundos que montam posições que apostam na alta e na queda dos ativos, com o objetivo de manterem a exposição financeira líquida limitada a 5%). Já os fundos multimercado de estratégia específica foram os mais penalizados com retornos negativos de 1,32%.

Na contramão, a rentabilidade dos fundos de renda fixa dívida externa foi de 6,29% em janeiro. Os fundos cambiais tiveram desempenho negativo de 4,75% no mês passado.

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