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SÃO PAULO – Em meio a um ambiente favorável para a tomada de risco, os fundos de pensão brasileiros renderam boas notícias aos investidores no primeiro semestre do ano, ao registrarem ganho mediano de 5,81%, com 81% dos planos superando a principal meta atuarial (INPC mais 4,9% ao ano), de 4,87% no período.
Apenas em junho, os fundos tiveram valorização de 1,15% e, em 12 meses, acumulam retorno de 11,27%, também acima da meta, de 8,32%. Em 2018, apenas 40% dos planos superaram as metas atuariais.
Os dados, da Aditus Consultoria, compreendem 118 entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), instituições sem fins lucrativos que mantêm planos de previdência coletivos. Previ (do Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) estão entre os nomes mais conhecidos de fundos de pensão.
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Os dados da Aditus totalizam aproximadamente R$ 207 bilhões em ativos mobiliários, distribuídos em 233 planos de benefícios do tipo benefício definido (43%), contribuição definida (34%) e contribuição variável (23%).
Em termos financeiros, os planos do tipo BD respondem por R$ 106 bilhões, metade do total analisado, e a amostra exclui os grandes fundos do mercado, como os mencionados, que distorceriam os resultados.
Segundo Guilherme Benites, sócio da Aditus, o fato de o INPC estar rodando acima do IPCA – o índice oficial de inflação do Brasil – explica por que alguns fundos de pensão não conseguiram bater as respectivas metas atuarias. No primeiro semestre, o INPC registrou alta de 2,45% e o IPCA, de 2,23%.
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Mais risco, maior retorno
A categoria de contribuição variável tem puxado o bom desempenho dos fundos analisados, com 88% dos planos batendo a meta do semestre, com retorno mediano de 6,29%. A maior alocação em Bolsa explica o contraste, diz Benites, que nota maior inclinação dos gestores pelo risco. Há ainda um movimento partindo do próprio investidor, com migração do perfil mais conservador para o mais agressivo no último ano.
Para Benites, não há dúvida sobre o aumento do risco, mas sobre a forma como essa transição vai se dar. A alocação dos fundos de pensão em renda variável tem crescido e, em junho, alcançou, média de 7,43% (com maior exposição dos planos do tipo CV, de 10,56%). O sócio da Aditus lembra, contudo, que um ensaio de maior abertura já foi visto no passado, quando a exposição em renda variável era de cerca de 16% em 2014.
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Por falta de alternativas, dado o atual patamar de juros, os fundos de pensão deverão não só expandir a atuação em Bolsa, como a alocação no mercado internacional, com o objetivo de buscar indexação ao dólar, assinala Benites.
E é claro que não é à toa. O Brasil tem hoje taxas de juros no menor patamar histórico, de 6,5%, e a Selic deve voltar a cair a partir desta semana. O mercado já trabalha com juros reais da ordem de 2% ao ano, o que pressiona qualquer investidor, incluindo os fundos de pensão, a se mexer.
A maioria, contudo, segue posicionada na renda fixa, com nada menos que 87% dos recursos dirigidos hoje à categoria. No mês passado, cerca de 54% da alocação de todos os planos estava concentrada em ativos indexados ao IPCA, percentual que cresce para 70% nos planos de benefício definido.
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Futuro incerto
Ainda que analise o desempenho dos fundos no primeiro semestre como muito positivo, Benites expressa preocupação com o que vem pela frente, isto é, sobre a maneira como as fundações vão se posicionar para garantir o cumprimento das metas.
“O segundo semestre ainda dá para ser um pouco tático, mas talvez os fundos sejam obrigados a aprovar políticas de risco muito maiores. Acho que vão ser obrigados a usar mais formas de seguros, via derivativos”, diz o sócio da Aditus. “Num cenário [de preço] muito esticado, ou se confia no timing ou se constrói carteiras mais sofisticadas. E parte dos gestores vão ter que oferecer soluções melhores aos fundos. Pode ser outro mercado daqui para frente.”
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