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Ofertas de ações revelam apetite estrangeiro por bolsa no Brasil

Investidores estão se aproveitando do maior volume de ofertas em quase 10 anos, com a colocação à venda, pelo governo, de grandes participações em algumas das maiores empresas brasileiras

Bloomberg

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(Bloomberg) — Na bolsa brasileira, os investidores estrangeiros têm saído por uma porta, mas entrado por outra: a das ofertas de ações.

Segundo a JGP, uma das maiores gestoras de recursos independentes do Brasil, o saldo de investimento estrangeiro para ações brasileiras – que está negativo no acumulado do ano – na verdade ficaria positivo contabilizando a participação de estrangeiros em ofertas de ações. O total do investimento estrangeiro na bolsa ficaria positivo em mais de R$ 15 bilhões até 31 de julho por esse critério, estimou a gestora em sua última carta mensal a clientes.

“O estrangeiro tem participado das ofertas para tentar se alocar”, disse David Beker, estrategista de ações para América Latina do Bank of America Merrill Lynch. “Esse movimento está apenas começando.”

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Os investidores estrangeiros estão se aproveitando do maior volume de ofertas de ações em quase dez anos, com a colocação à venda, pelo governo, de uma série de grandes participações em algumas das maiores empresas brasileiras.

As ofertas de ações de empresas brasileiras neste ano levantaram cerca de R$ 57 bilhões no total, 131% a mais do que o mesmo período no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg, que também incluem listagens fora do Brasil. Apenas em julho, o volume totalizou cerca de R$ 23 bilhões, com fatias que o governo possuía em companhias como a Petrobras e BR Distribuidora liderando a leva de transações.

“Por meio dessas ofertas, os estrangeiros conseguem comprar um lote grande da empresa, sem pressionar a cotação e geralmente com algum desconto em relação ao preço de tela”, disse Bruno Garcia, diretor de investimentos da Truxt Investimentos, que tem cerca de R$ 11,5 bilhões em ativos sob gestão.

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O índice Ibovespa acumula alta de 17% em dólares desde agosto, impulsionado por expectativas de que a agenda de reformas avançaria sob a administração do presidente Jair Bolsonaro, abrindo o caminho para uma aguardada recuperação da maior economia da América Latina.

Se, por um lado, uma reforma da Previdência relativamente robusta foi aprovada pela Câmara dos Deputados, por outro o crescimento econômico tem desapontado. Projeções para a economia brasileira neste ano têm sido constantemente revisadas para baixo e economistas atualmente veem o PIB de 2019 desacelerar para cerca de 0,8%, de 1,1% no ano passado.

De acordo com dados compilados pela B3, que contabiliza apenas o mercado à vista e exclui ofertas de ações, os investidores estrangeiros já retiraram cerca de R$ 19,5 bilhões da bolsa brasileira neste ano até 19 de agosto. O número já superou o total do ano passado, quando houve a maior saída de capital externo desde a crise financeira global em 2008.

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Uma pressão mais ampla sobre ativos de mercados emergentes é responsável por boa parte dessas saídas, de acordo com Christian Keleti, sócio-fundador da Alpha Key Capital Management e ex-veterano de ações do Credit Suisse.

O Brasil representa cerca de 8% do maior ETF de ações emergentes, o iShares Code MSCI Emerging Markets ETF, conhecido como IEMG. Esse fundo, junto com outros ETFs de países desenvolvidas, tem sofrido retiradas com a aceleração de uma venda generalizada de ativos de risco, em meio a preocupações com a desaceleração global. As saídas desse ETF totalizaram US$ 11,4 bilhões nas últimas seis semanas, reduzindo o saldo positivo no ano para US$ 1,02 bilhão.

“Quando o investidor estrangeiro vende China por meio da exposição de ETF com a visão de que a China vai desacelerar, ele acaba vendendo Brasil junto”, disse Keleti.

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A expectativa de gestores locais é de que o entusiasmo dos investidores estrangeiros aumente conforme o crescimento se recupere, mais para o fim do ano. “Se eles esperarem, vão pagar mais caro, mas com um risco bem menor”, disse João Braga, co-chefe dos fundos de ação da XP Asset Management em um evento no escritório da Bloomberg em agosto.

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