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SÃO PAULO – Foi por pouco, mas o suficiente para o mês de maio fugir à regra da última década, finalmente se livrando da “maldição” de perdas. O Ibovespa registrou leve alta de 0,7%, encerrando o período nos 97 mil pontos.
O cenário não sofreu uma grande transformação, as incertezas macroeconômicas e políticas não se dissiparam por completo nem o ambiente ficou mais favorável para os riscos. Mas muitos gestores conseguiram driblar as preocupações e bater o desempenho do referencial da Bolsa brasileira.
Levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica revela que 90 de 125 fundos de ações superaram o desempenho do Ibovespa no mês passado.
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Dentre os multimercados, 221 de 413 fundos bateram o CDI, que costuma ser o referencial desse segmento e teve variação de 0,54% em maio, e 167 tiveram retornos mais expressivos que o Ibovespa. O resultado mostra uma evolução em relação a abril.
Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de maio. No caso dos fundos de ações, foram ainda excluídos os setoriais e monoações.
Na categoria de multimercados, lideraram o ranking do mês os fundos Safari FIC FIM II (3,77%), Exploritas Alpha America Latina (3,36%) e Absolute Vertex II (2,17%).
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Confira a seguir os dez melhores fundos multimercados de maio, observando ainda seu desempenho acumulado no ano, nos últimos 12 meses e em 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.
Fundos multimercados | Maio | 2019 | 12 meses | 36 meses |
Safari FIC FIM II | 3,77% | 12,14% | 20,36% | 113,24% |
Exploritas Alpha América Latina FICFI Mult | 3,36% | 10,41% | 20,06% | 74,95% |
Absolute Vertex II Fc FI Mult | 2,17% | 5,25% | 11,11% | 57,37% |
XP Long Biased 30 Fc FI Mult | 1,99% | 8,61% | 23,23% | – |
Caixa FIC Alocação Macro Mult LP | 1,96% | 7,47% | 15,16% | 39,58% |
Oceana Long Biased FICFI Multi | 1,83% | 12,15% | 28,41% | 85,90% |
Gap Multiportfolio FICFI Mult | 1,81% | 4,59% | 7,78% | 33,71% |
CSHG Verde Am Beta 14 FICFI Mult | 1,77% | 6,52% | 15,03% | 40,94% |
BTG Pactual Multistrategies Gold FI Mult | 1,76% | 3,49% | 6,04% | 29,04% |
JGP Equity Explorer Fc FI Mult | 1,75% | 9,61% | 25,83% | 78,01% |
CDI | 0,54% | 2,59% | 6,37% | 29,69% |
Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica.
Embora lidere o ranking dos multimercados, o fundo da Safari atua em ações, por meio de uma estratégia do tipo “long biased”. Segundo Marcelo Cavalheiro, sócio gestor da Safari Capital, a maior parte das melhores posições de maio permaneceu na carteira em junho. Foi o caso de ações ligadas a concessões rodoviárias, como CCR e Ecorodovias, além de Natura, Azul e Lojas Renner.
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A carteira tem hoje posições relevantes em bancos (Bradesco e Itaú), em varejo, com maior exposição à Renner, em consumo, com Localiza e Natura, na Azul e uma parte em commodities (BRF e JBS).
“Estamos otimistas com o cenário doméstico, com uma boa chance de aprovar uma reforma da Previdência que gere economia de R$ 700 bilhões a R$ 800 bilhões. Ela vai nos trazer de volta para os trilhos de sustentabilidade da dívida interna, e poderemos partir para outras reformas, como a administrativa e a tributária”, diz Cavalheiro.
Passada a Previdência, o gestor espera que os bancos voltem a conceder crédito especialmente para o segmento corporativo. Hoje o fundo mantém cerca de 10% do patrimônio em caixa, percentual que deverá aumentar um pouco até a consolidação da aprovação da reforma.
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O multimercado Absolute Vertex, por sua vez, foi beneficiado em maio principalmente pelas posições nos mercados de renda fixa e câmbio. Segundo Renato Botto, sócio responsável pela parte de renda fixa da Absolute, boa parte dos ganhos de mais de 2% de maio partiu dos resultados gerados pela posição aplicada em juros prefixados de curto prazo, diante da queda dos prêmios.
A visão de que a economia vai crescer menos que o previsto e de que o Banco Central vai ter que cortar juros estão por trás da redução das taxas. “A gente se posicionou pra isso. Acho que teve um movimento muito grande e rápido de reprecificação de juros, mas agora não tem tanto apelo. Reduzimos um pouco o risco alocado, esperando a próxima oportunidade”, afirma Botto.
No câmbio, a gestora adotou posições táticas com aposta na valorização do dólar em relação ao real, posição que, assim como a dos juros, diminuiu bastante em junho. Ainda que veja espaço para nova valorização dos prefixados com a queda da Selic, nesse momento, Botto não vê sentido em assumir tanto risco. Na Bolsa, a gestora tem oscilado entre uma posição comprada e neutra.
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Na categoria de ações, destaque para o Fator Sinergia, com retorno de nada menos que 8,31% em maio, para o Equitas Selection (4,66%) e para o Dynamo Cougar (4,15%). Em maio, as carteiras recheadas de BDRs saíram de cena e algumas apanharam bastante, em meio à queda da ordem de 6% das bolsas americanas e da estabilidade do dólar.
Confira a seguir os dez melhores fundos de ações de maio, observando ainda seu desempenho em 2019, nos últimos 12 meses e em 36 meses.
Fundos de ações | Maio | 2019 | 12 meses | 36 meses |
Fator Sinergia FIA | 8,31% | 11,91% | 32,25% | 156,13% |
Equitas Selection Fc FIA | 4,66% | 14,46% | 46,65% | 129,49% |
Dynamo Cougar FIA | 4,15% | 18,99% | 35,26% | 70,69% |
Sharp Equity Value Feed Fc FIA | 4,10% | 15,81% | 35,57% | 85,94% |
Atmos Acoes FICFI em Ações | 3,87% | 18,22% | 55,42% | 84,90% |
Studio Fc de FIA | 3,78% | 11,71% | 33% | 77,90% |
Bogari Value Fc FIA | 3,68% | 17,92% | 41,32% | 103,36% |
Itaú Ações Dividendos FI | 3,58% | 11,53% | 35,44% | 122,11% |
XP Dividendos FIA | 3,56% | 18,48% | 43,56% | 93,16% |
XP Investor FIA | 3,35% | 12,80% | 27,01% | 114,20% |
Ibovespa | 0,70% | 10,40% | 26,42% | 100,18% |
Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica.
O fundo Fator Sinergia teve um mês fora da curva, no qual quatro posições fizeram a diferença: Via Varejo, Qualicorp, Cyrela e Even. Daniel Utsch, gestor de renda variável da Fator Administração de Recursos, conta que a carteira é mais voltada para teses da cena doméstica, como consumo, varejo de vestuário, de calçados e de eletroeletrônicos, saúde e construção civil, principalmente de mais alta renda.
“Enxergamos bastante potencial de valorização em vários ativos desses setores, principalmente se compararmos com segmentos com exposição cambial. A assimetria de risco já não está tão favorável para eles”, avalia.
Com foco num horizonte de três a cinco anos, a Equitas também tem uma carteira bastante concentrada em nomes domésticos, com destaque para Iguatemi, Azul, Localiza, Intermédica e Eztec, além de Petrobras.
Luis Felipe Teixeira do Amaral, fundador e gestor da Equitas, avalia que as empresas listadas em Bolsa estão em boas condições financeiras, com estruturas mais enxutas depois de períodos turbulentos, e ressalta a importância dos juros mais baixos do país sobre os custos corporativos. “Estamos vendo isso reverter em crescimento de lucro das empresas.”