Fundos com crédito privado na carteira superam o CDI com folga em fevereiro; veja retornos

Especialistas avaliam que rentabilidades seguirão boas, mas que deverão perder um pouco de força após queda expressiva dos spreads dos títulos

Bruna Furlani

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Após uma sequência de mudanças que afetaram em cheio o mercado de crédito privado, fundos que possuem esses tipos de papéis na carteira superaram com folga o CDI (taxa de referência da classe). Em fevereiro, a maior parte dos fundos de renda fixa com essa característica entregou rentabilidade de até 1,09%, bem acima dos 0,80% entregues pelo CDI no mesmo período. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

O melhor resultado foi obtido por fundos de renda fixa duração média crédito livre. Na sequência, vieram os fundos de renda fixa duração livre crédito livre, com retornos médios de 1,06%, e fundos de renda fixa duração baixa crédito livre, com rentabilidade de 0,99%.

Apenas fundos de renda fixa duração alta crédito livre encerraram o mês passado abaixo do CDI no mesmo período, com ganhos de 0,76%.

Tipos de fundos de renda fixaRetorno médio em fevereiro (%)
Renda Fixa Duração Baixa Crédito Livre0,99
Renda Fixa Duração Média Crédito Livre1,09
Renda Fixa Duração Alta Crédito Livre0,76
Renda Fixa Duração Livre Crédito Livre1,06
Fonte: Anbima

Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, afirma que há três motivos que ajudaram a impulsionar os ganhos de fundos de renda fixa com crédito na carteira no mês passado.

Como ficam os fundos daqui para frente?

Após tamanhas mudanças e rearranjos de fluxo, Marcatti avalia que é possível que a indústria veja uma quantidade de fundos de crédito fechando para novas aplicações. “Se tiver uma corrida muito forte para isentos e uma entrada grande de capital, veremos alguns fundos fechando, porque os gestores terão uma certa dificuldade de alocação em relação aos papéis disponíveis no mercado”, afirma o CEO.

O executivo também argumenta que, se a gestão aumentar muito o patrimônio líquido do fundo, o carrego poderá ficar mais diluído. “O gestor vai ter que comprar novos papéis com spread menor. Assim que eles entrarem na carteira, o carrego médio do portfólio vai ficar mais baixo”, lembra.

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Outra questão envolve o retorno dos produtos pelos próximos meses. João Arthur Almeida, CIO da Suno Wealth, diz que é bem provável que a rentabilidade não seja tão elevada quanto a que foi vista nos últimos meses.

“Não dá pra ter esse nível de fechamento de spread sempre, porque eles já estão num patamar considerado de razoável para baixo. Tem que ter 1% ou 2% a mais quando há um bom risco de crédito, e quando tem um risco pior, tem que ter um spread maior”, diz o executivo da Suno, que acredita numa estabilização do retorno dos fundos nos meses à frente.

Embora os retornos possam ser mais baixos no curto prazo, o executivo da Suno avalia que é o momento é favorável para deter uma posição em fundos de crédito, desde que o investidor alinhe a expectativa de rentabilidade com os ganhos que deverão ser obtidos daqui para frente e aloque no produto com um horizonte de investimento mínimo de três anos.