SÃO PAULO – Com a cautela como palavra de ordem, a Verde Asset decidiu colocar o pé no freio e iniciou setembro com a menor exposição do fundo de mesmo nome a ações globais desde o começo da crise, em fevereiro.
Em carta a cotistas referente ao desempenho em agosto, a gestora de Luis Stuhlberger afirmou ver “alguns exageros incipientes no mercado”, o que justificou a postura.
“Temos alguns meses complexos pela frente, com a eleição americana dominando o noticiário, e preferimos manter uma postura cautelosa em relação a essa parcela do portfólio”, afirmou a gestora, no documento.
Em julho, a Verde havia voltado a aumentar o risco em ações, diante de notícias tidas como “incrementalmente positivas” relacionadas à velocidade de desenvolvimento de vacinas para a Covid-19.
A cautela da casa agora tem uma relação direta com a visão de preços mais esticados e uma relação de risco-retorno pior.
De toda forma, a Verde chamou atenção para a nova direção do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no que tange à inflação, com a autoridade confirmando uma “importante mudança de paradigma” de política econômica.
Na avaliação da casa, essa será uma alteração com “profundas” implicações no médio prazo para a precificação de todos os ativos.
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A linha cautelosa adotada pela Verde vai na mesma direção da SPX, de Rogério Xavier. Em carta aos investidores do fundo Nimitz referente ao mês de agosto, a gestora afirmou que encerrou a posição “comprada” (com aposta na alta) no setor de tecnologia e “vendida” (aposta na queda) em small caps nos Estados Unidos.
Em agosto, o fundo Verde teve ganhos de 1,33%, contra uma variação de 0,16% do CDI. No acumulado do ano, contudo, o fundo ainda perde 0,25%, contra um CDI de 2,12%.
No mês passado, o Verde se beneficiou da alocação em ações, tanto no mercado local quanto na parcela global. A posição de inflação implícita também gerou ganhos, enquanto a exposição a juro real contribuiu negativamente, diante da abertura das taxas.
Nesse contexto, as posições de juro real e inflação implícita do fundo foram zeradas, depois de longos anos. O portfólio de ações brasileiras foi mantido especialmente por conta da avaliação de recuperação cíclica e preços ainda atraentes.
“Os mercados brasileiros performaram muito abaixo dos pares neste último mês. As dúvidas sobre a gestão fiscal dominaram o debate, e vieram para ficar. Não há saídas fáceis, e o elevado nível de endividamento que fica como herança da Covid demanda prêmios de risco mais altos.”
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