Fundo imobiliário de cemitérios vai pagar primeiro rendimento aos cotistas em cinco anos

O resultado é fruto da conclusão do desinvestimento do ativo mais maduro do portfólio, a Cortel Holding

Mariana Zonta d'Ávila

Cemitério (ninjaMonkeyStudio/Getty Images)
Cemitério (ninjaMonkeyStudio/Getty Images)

SÃO PAULO – Após cinco anos sem distribuir rendimentos, o fundo imobiliário Brazilian Graveyard and Deathcare Services (CARE11), da gestora Zion Invest, que investe em cemitérios, anunciou nesta semana que vai distribuir proventos aos cotistas referentes ao primeiro semestre deste ano.

Segundo comunicado enviado ao mercado, será pago, na próxima terça-feira (14), o valor de R$ 0,00617722529851745 por cota aos detentores dos ativos em 6 de julho de 2020.

O rendimento é o primeiro a ser pago aos cotistas desde 2015, quando houve a reestruturação do fundo. Naquela ocasião, o portfólio do fundo, então intitulado Máxima Renda, deixou de focar em ativos imobiliários comerciais para assumir as características atuais, com foco em ativos de deathcare (cuidados com a morte).

Em tempos de pandemia e mortes pela Covid-19, que já superam as 67 mil no Brasil, o anúncio dá a impressão, em um primeiro momento, de estar relacionado ao momento atual.

O vínculo, contudo, não existe. O fundo, cujas cotas caem mais de 40% no semestre, fez o desinvestimento de um ativo específico do portfólio, a Cortel Holding, que constrói e gere cemitérios, crematórios e funerárias.

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De acordo com a Zion Invest, a operação já vinha sendo planejada desde o fim de 2019, após identificado o interesse de investidores na Cortel, o ativo mais maduro da carteira. O objetivo era aumentar a liquidez, mirando retorno aos cotistas, escreveu a gestora, em comunicado.

A operação foi aprovada em assembleia em abril, e teve a primeira rodada concluída entre maio e junho, com a venda de 0,8% da participação do fundo imobiliário na companhia, somando R$ 4 milhões.

Segundo a Zion, o longo período sem distribuição de rendimento aos cotistas se deve à nova fase do fundo, iniciada em 2016, com foco em investimentos envolvendo a aquisição de ativos em diferentes fases de maturação.

No primeiro semestre, o CARE11 registrou perdas da ordem de 45% – pior do que a queda de 12,24% do Ifix e a terceira maior baixa do índice no período, ficando atrás apenas do TRX Edifícios Corporativos (XTED11), com perdas de 50,5%, e do General Shopping (GSFI11), com desempenho negativo de 49%.

Com um patrimônio líquido de R$ 251,4 milhões, o Brazilian Graveyard and Deathcare Services é o fundo imobiliário com a cota mais barata negociada na B3. Nesta terça-feira (8), por volta das 16h, o papel subia 4,2%, cotado a R$ 0,74.

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