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Fundo acostumado a faturar em emergentes acaba de comprar títulos da Argentina

Fundo da Arkaim Advisors focado em dívida de emergentes vê títulos argentinos com bons olhos mesmo antes de eleição presidencial

Bloomberg

(Shutterstock)
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A menos de um mês para o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, um dos fundos de renda fixa de mercados emergentes com melhor desempenho do mundo resolveu que é hora de encher a carteira de dívida de províncias do país.

Dimitry Griko, diretor de investimentos da Arkaim Advisors, está apostando em títulos de algumas províncias argentinas que começaram a ser vistas com bons olhos por investidores, independentemente do resultado da disputa entre o ministro da Economia, Sergio Massa, e o forasteiro Javier Milei, marcada pra o dia 19 de novembro.

De acordo com Griko, as províncias de Córdoba e Entre Rios são financeiramente saudáveis o suficiente para irem bem, uma vez que a inflação de três dígitos por lá leva a receitas fiscais mais elevadas.

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“Estamos vendo algum valor em algumas das províncias com rendimentos elevados significativos”, disse ele em entrevista. “É um pouco contraintuitivo porque as pessoas presumem que um risco maior é um risco maior de inadimplência. Mas o risco-recompensa realmente existe – mesmo que seja necessário ter muito cuidado.”

A dívida argentina representa mais de 10% dos ativos do fundo Emerging Markets Corporate High Yield Debt Fund, que tem US$ 307 milhões sob gestão. Trata0se da maior alocação em um fundo que superou o desempenho de 99% de produtos similares nos últimos cinco anos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O fundo de da Arkaim teve um retorno de 7,2% no período, em comparação com um recuo médio de 1,1% entre fundos semelhantes na mesma janela.

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Os papéis da província de Entre Rios com vencimento em 2028 subiram mais de US$ 0,08, atingindo US$ 0,74, enquanto os títulos de Córdoba de 2029 subiram para cerca de US$ 0,72.

As duas regiões têm excedentes fiscais, nível razoável de dívida pública e reservas positivas, disse Griko, acrescentando que os rendimentos de dois dígitos tornam os títulos muito atraentes, dado que o pior cenário é uma revisão dos papéis que seria benéfica aos credores.

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Dívidas de províncias da Argentina têm sido elogiadas por gestores de Wall Street como uma forma de evitar a exposição total ao risco soberano do país. Títulos soberanos da Argentina com vencimento em 2030, em comparação, estão sendo negociados a cerca de US$ 0,28, com rendimentos que sugerem preocupação dos investidores quanto à possibilidade de o país dar seu 10º calote.

Fator eleições

Essas preocupações ressurgiram esta semana depois que Massa conseguiu uma recuperação surpreendente, liderando a votação presidencial no primeiro turno, após um desempenho abaixo nas primárias de agosto. Com isso, conseguiu chegar ao segundo turno com Milei, em cenário considerado por investidores como o pior para os mercados.

Após uma queda na segunda-feira (23), a dívida soberana do país subiu depois que a candidata favorável ao mercado Patricia Bullrich, que terminou em terceiro na disputa, declarou apoio a Milei. Os títulos com vencimento em 2030, alguns dos mais líquidos, devem terminar a semana com queda de cerca de um centavo, ante os 29 centavos na semana passada.

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O peso argentino, entretanto, ficou mais estável no mercado paralelo, uma vez que se considera que o governo provavelmente adiará uma desvalorização do câmbio oficial, agora que Massa ainda está na corrida. A desvalorização atrasada também perturbou as empresas, desencadeando movimentos fortes no mercado de ações do país.

O fundo da Arkaim Advisors também tem títulos da Aeropuertos Argentina, mas reduziu parte da exposição à dívida corporativa argentina em geral.

Griko também reduziu sua alocação à dívida corporativa brasileira, que elogiou no início do ano, embora continue gostando de títulos da fabricante de cimento InterCement Participações SA e da refinaria de petróleo Acelen.

Ele também vê oportunidades em dívidas privadas ucranianas, na sequência de perdas que tornaram as relações de risco-retorno mais atrativas. Atualmente, esses papéis representam mais de 8% dos ativos do fundo.

“Estamos em um ambiente silencioso e assustador, mas na verdade vemos valor na parte mais arriscada do espectro high yield (mais risco e mais retorno)”, disse Griko. “É possível escolher emissores que fornecerão um colchão de recuperação significativo.”