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Conhecido tradicionalmente como um investimento para geração de renda extra mensal, os fundos imobiliários (FIIs) estão se apresentando atualmente também como opção para aumento de patrimônio – especialmente para quem tem o tempo a favor, como os jovens investidores.
Na prática, os FIIs aplicam o dinheiro dos investidores em imóveis ou títulos de renda fixa ligados ao setor imobiliário, como CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e LCI (Letra de Crédito Imobiliário). Desta forma, os cotistas passam a ser donos de uma fração do fundo e começam a receber parte das receitas geradas pela carteira.
Isso porque os imóveis adquiridos pelos FIIs são alugados ou vendidos e o resultado financeiro (locação ou ganho de capital) é repartido proporcionalmente entre todos os cotistas, com o pagamento de dividendos – que normalmente caem na conta do investidor todo mês e são isentos de Imposto de Renda.
“Os fundos imobiliários são um bom instrumento para complementar a renda futura de uma aposentadoria, por exemplo”, defende Lana Santos, especialista em FIIs da Acqua Vero. “E na jornada para a construção de um patrimônio, quanto antes começar, melhor”.
De acordo com recente pesquisa O que esperar para o mercado de FIIs em 2023, da Brain Inteligência Estratégica, a idade média atual do investidor de fundos imobiliários é de 51 anos.
Conforme o estudo, os jovens são atualmente os que menos investem em fundos imobiliários. O público abaixo dos 35 anos responde por apenas 12% da base de investidores – considerando 2% das pessoas até 25 anos e 10% entre 26 e 35. É o menor percentual entre todas as outras faixas etárias.
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Hoje, porém, o mercado de fundos imobiliário encontra-se especialmente favorável para os investidores mais jovens, sugere Lana. Mas por quê?
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Por que investir em FIIs atualmente?
Segundo a velha máxima do mercado financeiro, é no período de baixa que se encontram boas oportunidades – um cenário bastante familiar para quem acompanha os fundos imobiliários, avaliam analistas e investidores.
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Ao longo dos anos, o mercado de fundos imobiliários se desenvolveu e há mais de 430 FIIs focados desde a administração de escritórios até imóveis rurais, passando por shoppings, galpões logísticos, hospitais e agências bancárias.
As restrições impostas pela pandemia de Covid-19 prejudicaram a operação de muitos deles, que perderam receita com a menor circulação de pessoas e, consequentemente, viram suas cotas desvalorizarem na Bolsa.
Além disso, os FIIs sofrem com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 2% no início de 2021 para os atuais 13,75% ao ano. Quanto mais alto o indicador, mais rentável se torna a renda fixa, que acaba atraindo os investidores de produtos de renda variável – como os fundos imobiliários. O movimento também reduziu a atratividade dos FIIs.
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Apesar do cenário desafiador do segmento – que acumula quatro meses seguidos de queda – Lana vê no mercado oportunidades, especialmente para aqueles que têm paciência e, principalmente, tempo para aguardar a recuperação dos fundos imobiliários.
“Por isso, o jovem investidor que alocar uma parte do seu capital em fundos imobiliários hoje comprará ativos com bom desconto, e pode se beneficiar no futuro”, explica.
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Segundo ela, uma grande quantidade de FIIs tem sido negociada abaixo do valor patrimonial – considerado o valor justo do ativo. Esse desconto pode ser medido por um indicador conhecido como P/VPA, ou preço sobre valor patrimonial. Quanto mais próximo de 1 estiver o indicador, mais perto a cota estará do valor considerado justo. Acima deste patamar, o papel está sendo negociado com ágio e, abaixo deste nível, com deságio.
Levantamento semanal do Itaú BBA aponta, por exemplo, que o segmento de lajes corporativas (escritório) está sendo negociado, em média, por 61% do valor justo – o que representaria um desconto de 39%. Confira o P/VPA médio de cada segmento de FIIs:
“Reinvestindo os dividendos mensais na compra de novas cotas a um valor descontado no mercado, o jovem investidor pode ver seu patrimônio crescer consideravelmente ao longo dos anos”, reflete Lana.
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Ela avalia que a popularização dos influenciadores digitais de finanças e o maior acesso a informações sobre produtos e estratégias de investimento elevarão o número de jovens investidores de fundos imobiliários.
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Breno Perrucho, o jovem investidor de FIIs
Com mais de 2,2 milhões de inscritos no seu canal no Youtube – Jovens de Negócios –, Breno Perrucho é um dos influenciadores entusiastas dos fundos imobiliários.
Em entrevista ao Liga de FIIs, programa produzido pelo InfoMoney, o empreendedor afirma que começou a investir em renda variável em 2017 e os FIIs foram o destino dos seus primeiros aportes.
Na época, ele conheceu o conceito de renda passiva – aquela obtida sem o empenho de qualquer esforço. E os fundos imobiliários permitiam colocar a então novidade em prática.
“Antes de conhecer este conceito, eu acreditava que o dinheiro que estava no banco precisava ser gasto de qualquer forma”, relembra. “Depois que assimilei a questão da renda passiva, comecei a pensar mais na receita que meu patrimônio poderia gerar do que com o recurso que havia acumulado até então”.
Perrucho, que tem 26 anos, diz que hoje concentra entre 25% e 30% do patrimônio em fundos imobiliários, que geram uma renda mensal com dividendos de R$ 7.284 – um valor que ele faz questão de detalhar em cada real.
O influenciador – que tem mais de 660 mil seguidores no Instagram – afirma manter a rotina de aportes em fundos imobiliários – que, em média, acumulam queda nos últimos quatro meses.
“Toda a tese do investimento de longo prazo é aproveitar os momentos de baixa do mercado e reduzir o preço médio (de compra de cada ativo)”, reforça. “[Desta forma] sigo aportando nos FIIs que comprei lá no começo; estou casado com eles”, brinca Perrucho.
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Quanto rendem os fundos imobiliários?
Em recente estudo, a Economatica – plataforma de informações financeiras – apontou que a taxa média de retorno com dividendos (dividend yield) do Ifix, índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – acumulou 11,26% nos 12 meses encerrados em fevereiro.
O percentual, que representa um rendimento isento de Imposto de Renda, é superior ao rendimento de títulos públicos, como o Tesouro IPCA+ (ou NTN-B) com vencimento em 2024 e 2035, conforme mostra o gráfico abaixo.
“Um investidor jovem, em tese, vai reinvestir os dividendos, gerando uma bola de neve”, afirma Luiz Augusto do Amaral, sócio-fundador da plataforma Trix, sobre fundos imobiliários, referindo-se ao efeito de aceleração no ritmo de crescimento do patrimônio. “Comprando mais cotas, no mês seguinte o investidor vai ter mais dividendo e assim sucessivamente”, explica.
No futuro, acrescenta, o jovem investidor que adotou a estratégia hoje poderá optar por um reinvestimento menor e utilizar parte dos dividendos para o pagamento de despesas, por exemplo.
Quando o mercado de FIIs vai se recuperar?
O arrefecimento da pandemia da Covid-19 já trouxe certo alívio para FIIs que investem em escritórios e shoppings – que tiveram de restringir a circulação de pessoas no período mais grave da disseminação da doença.
Mas o segmento de FIIs ainda aguarda a redução dos juros para começar a pensar em uma recuperação, explica Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica.
“Quando as taxas de juros despencaram, o mercado imobiliário brasileiro cresceu mais do que o dobro da economia do País”, recorda. “Essa conjunção de taxas de juros menores e bons preços no mercado imobiliário atraiu novos investidores para o segmento”, reflete Araújo, que utiliza a experiência passada para dimensionar o potencial de valorização que os fundos imobiliários podem chegar.
Em fevereiro, o mercado de FIIs ganhou mais 26 mil investidores, chegando ao total de 2,088 milhões, de acordo com dados da B3. Em dezembro de 2018, o número estava em 208 mil.
As pessoas físicas são protagonistas no segmento, representando 74,4% da base total de investidores. Os institucionais aparecem na sequência com 19,1%. Em relação ao volume financeiro negociado, os CPFs respondem por 67,8% do montante, contra 21,2 dos investidores institucionais.
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