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O FII Tellus Properties (TEPP11) fechou o primeiro semestre de 2023 com o melhor desempenho entre os principais fundos imobiliários do mercado. No período, a carteira acumulou ganhos de 37%, reforçando a expectativa de uma nova fase para os FIIs de “tijolo” – que investem diretamente em imóveis.
O fundo faz parte do segmento de escritório, um dos mais prejudicados pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19. Diante da redução na circulação de pessoas, os FIIs de lajes corporativas tiveram nos últimos anos relevante perda de receita.
“Perdemos muitos inquilinos e chegamos a um pico na vacância (taxa de desocupação) do portfólio de 22% ao final de 2021”, relembra Daniel Takase, head de escritórios e imóveis de uso misto da Tellus.
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O ciclo de alta da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, que subiu de 2% no início de 2021 para os atuais 13,75% ao ano, também reduziu a atratividade desta classe de fundo.
Quanto mais elevado o indicador, mais rentável se torna a renda fixa, que atrai investidores da renda variável – inclusive dos FIIs. O movimento colabora com a desvalorização das cotas dos fundos, especialmente os de “tijolo”.
Diante do cenário, muitas carteiras tiveram de reduzir dividendos, perderam atratividade e valor na Bolsa. Até hoje, a maior parte delas ainda negocia abaixo do valor patrimonial.
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A possibilidade cada vez maior de um corte na Selic, porém, tem animado os investidores e o otimismo fica evidente nos números do primeiro semestre do ano.
Considerando apenas os principais segmentos do mercado – os que reúnem pelo menos cinco representantes –, os fundos de Shopping acumularam, em média, valorização de 18% na primeira parte de 2023. Outras classes de FIIs de “tijolo”, como o logístico e híbridos, também se destacaram no período.
Confira a lista completa abaixo:
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Segmento | Quantidade de fundos | Retorno médio em 2023 (%) |
Agências | 1 | 23,26 |
Shoppings | 5 | 18,66 |
FoF | 11 | 15,80 |
Renda Urbana | 4 | 15,11 |
Logística | 17 | 12,51 |
Multiestratégia | 4 | 12,12 |
Híbrido | 11 | 11,39 |
Lajes Corporativas | 8 | 9,78 |
Títulos e Val. Mob. | 43 | 5,97 |
Agro | 3 | 5,58 |
Desenvolvimento | 3 | -10,77 |
Cemitérios | 1 | -26,95 |
Fonte: Economatica (30/06/23)
Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e levam em consideração a valorização da cota e os dividendos distribuídos pelos 111 FIIs que compõem o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa.
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As maiores altas dos FIIs no 1º semestre de 2023
Individualmente, o TEPP11 foi o grande destaque do período, com retorno de 37%. Na sequência, aparecem o CSHG FoF (HGFF11) e o Kinea FoF (HGFF11) com ganhos de 28% e 25%, respectivamente.
Confira as maiores altas dos fundos imobiliários no primeiro semestre de 2023:
Ticker | Fundo | Segmento | Variação em 2023 (%) |
TEPP11 | Tellus Properties | Lajes Corporativas | 37,06 |
HGFF11 | CSHG FoF | FoF | 28,11 |
KFOF11 | Kinea FoF | FoF | 25,39 |
BRCO11 | Bresco Logística | Logística | 24,09 |
BBPO11 | BB Progressivo II | Agências | 23,26 |
Fonte: Economatica (30/06/23). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
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Com um patrimônio líquido de R$ 402 milhões, o TEPP11 tem hoje um portfólio composto por cinco imóveis, localizados em bairros como Itaim, Pinheiros e Bela Vista, em São Paulo (SP). A vacância do portfólio, que estava em 22% no final de 2021, hoje está em 5%, de acordo com Takase.
“Acredito que tenhamos feito bem a lição de casa nos últimos anos e, só agora, durante este ano, o trabalho vem surtindo efeito”, afirma o representante do Tellus Properties.
O gestor classifica como “lição de casa” o trabalho realizado durante o período mais crítico da pandemia e do aperto monetário no País. Segundo ele, o projeto foi dividido em três frentes: adequação dos imóveis, da gestão comercial e financeira.
“Inicialmente, mantivemos um trabalho ininterrupto de melhorias dos ativos com planos de investimento nas áreas comuns dos prédios”, pontua Takase, que cita como exemplo a revitalização no entorno dos edifícios São Luiz e Passarelli.
O fundo ainda realizou, acrescenta, o retrofit (restauração) do lobby dos condomínios, implementando novos espaços como restaurantes e cafés. Houve ainda, segundo o gestor, redução de custos condominiais – economia que foi convertida em receita adicional para o fundo.
“Na parte comercial, o fundo buscou a reposição de pequenos inquilinos – e potencialmente mais sensíveis a momentos de crise – com locatários maiores, tomadores de lajes inteiras (acima de mil metros quadrados)”, explica Takase.
Por fim, o gestor chama a atenção para a gestão financeira equilibrada do fundo, que manteve sempre níveis de alavancagem (endividamento) abaixo de 20% do patrimônio líquido do fundo – hoje está em 10%.
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Se a primeira metade do ano foi de retomada para os FIIs de “tijolo”, o mesmo não vale necessariamente para os fundos de “papel” (Títulos e Valores Mobiliários), que investem em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação e à taxa do CDI (certificados de depósitos interbancários).
Em média, esta classe de ativos acumulou valorização de 5,9% nos primeiros seis meses do ano, abaixo do retorno de 10% do Ifix no período. O desempenho abaixo da média do mercado foi influenciado especialmente pelos fundos high yield – de maior risco.
O Tordesilhas EI (TORD11), por exemplo, acumula perdas de quase 50% no primeiro semestre. Versalhes RI (VSLH11 e Hectare CE (HCTR11) tiveram quedas de 43% e 38%, respectivamente.
Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários no primeiro semestre de 2023:
Ticker | Fundo | Setor | Variação em 2023 (%) |
TORD11 | Tordesilhas EI | Desenvolvimento | -47,82 |
VSLH11 | Versalhes Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | -43,11 |
HCTR11 | Hectare | Títulos e Val. Mob. | -38,09 |
CARE11 | Brazilian Graveyard and Death Care | Cemitérios | -26,95 |
XPPR11 | XP Properties | Lajes Corporativas | -26,21 |
Fonte: Economatica (30/06/23). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
Afetado pela inadimplência em série de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) no início do ano, os FIIs high yield tiveram de reduzir a distribuição de dividendos nos últimos meses, perdendo valor na Bolsa.
“[De fato] o destaque negativo do mercado fica para os fundos de CRI” – como também são conhecidos os FIIs de “papel”, afirma Leonardo Garcia, analista do Trix, plataforma de informações sobre fundos imobiliários. “Apesar do patrimonial desses fundos se valorizarem com a queda nos juros futuros, alguns ficaram para trás, inclusive este mês”, lembra.
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Maiores altas e baixas dos FIIs em junho
Com queda de mais de 8%, o HCTR11 encabeça a lista das maiores perdas de junho, seguido do VSLH11, que caiu 8,39%, e do TORD11, com perdas de 7,13%.
Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em junho de 2023:
Ticker | Fundo | Setor | Variação em junho (%) |
HCTR11 | Hectare | Títulos e Val. Mob. | -8,61 |
VSLH11 | Versalhes Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | -8,39 |
TORD11 | Tordesilhas EI | Desenvolvimento | -7,13 |
DEVA11 | Devant | Títulos e Val. Mob. | -6,04 |
SARE11 | Santander Renda | Híbrido | -2,28 |
Fonte: Economatica (30/06/23). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
“Este desempenho dos high yield se dá principalmente pelos casos de inadimplência dos CRIs e pelas trocas de posição destes FIIs para fundos de ‘tijolo’”, reforça Garcia.
Em junho, o movimento beneficiou principalmente os FIIs de logística – e os híbridos que possuem galpões no portfólio –, que dominaram a lista das maiores altas do mês, com ganhos de quase 16%, como é o caso do Pátria Logística (PATL11).
Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em junho de 2023:
Ticker | Fundo | Setor | Variação em junho (%) |
PATL11 | Pátria Logística | Logística | 15,91 |
BRCR11 | Bc Fund | Híbrido | 14,87 |
VILG11 | Vinci Logística | Logística | 14,41 |
LGCP11 | LOGCP Inter | Logística | 13,71 |
CPFF11 | Capitânia Reit | Híbrido | 12,92 |
Fonte: Economatica (30/06/23). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
“Apesar dos bons ativos e de um patamar relevante de dividendos, muitos fundos de logística estavam sendo negociados abaixo do valor patrimonial”, detalha Garcia. “Ou seja, estavam apresentando uma excelente oportunidade de entrada para o investidor no médio e longo prazo”, finaliza o analista do Trix.
Em junho, o Ifix acumulou alta de 4,7% e completou o terceiro mês seguido de ganhos – o que não ocorria desde outubro de 2022.
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FIIs que mais pagaram dividendos no semestre
O FII Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) fechou o primeiro semestre de 2023 com o maior dividend yield (taxa de retorno com dividendos) entre os principais fundos imobiliários do mercado. No período, a carteira pagou rendimentos de quase 9%.
O número faz parte de levantamento do InfoMoney com dados da Economatica, que também toma como base os fundos que compõem o Ifix. Confira a lista completa abaixo:
Ticker | Fundo | Segmento | Dividend yield nos semestre (%) |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 8,57 |
HABT11 | Habtat II | Títulos e Val. Mob. | 8,30 |
JPPA11 | JPP Capital Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 8,01 |
URPR11 | Urca Prime Renda | Títulos e Val. Mob. | 7,75 |
RZAK11 | Riza Akin | Títulos e Val. Mob. | 7,71 |
OUJP11 | Ourinvest JPP | Títulos e Val. Mob. | 7,68 |
VCRI11 | Vinci Credit Securities | Títulos e Val. Mob. | 7,65 |
CVBI11 | VBI CRI | Títulos e Val. Mob. | 7,42 |
HSAF11 | HSI Ativos Financeiros | Títulos e Val. Mob. | 7,36 |
NCHB11 | NCH High Yield | Títulos e Val. Mob. | 7,35 |
Fonte: Economatica
Com patrimônio líquido de R$ 186 milhões, o CACR11 investe predominantemente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI), que representam 97,84% do portfólio.
De acordo com o último relatório gerencial, 81% dos títulos estão indexados ao IPCA (mais uma taxa média de 13% ao ano) e 19% à taxa do CDI (mais uma taxa média de 7,2% ao ano).
No início de junho, o fundo pagou aos seus quase 10 mil investidores R$ 1,52 por cota, equivalente a um retorno mensal com dividendos de 1,42%.
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