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Na expectativa do primeiro corte da taxa básica de juros da economia desde 2020, o mercado de fundos imobiliários subiu 1,33% em julho e completou o quarto mês seguido de ganhos – igualando a série encerrada em outubro do ano passado.
Com valorização de até 8%, os fundos que investem em cotas de outros FIIs (FoFs) encabeçaram a lista das maiores altas deste mês. Já os fundos “high yield” – de maior risco – tiveram mais um mês de fortes perdas, caindo até 14%.
O levantamento toma como base os dados da Economatica, plataforma de informações financeiras, e considera apenas os fundos que fazem parte do Ifix – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa.
Em julho, os FoFs registraram ganho médio de aproximadamente 5%, o maior entre os principais segmentos do mercado – aqueles com mais de quatro representantes no Ifix. Neste recorte, os fundos de logística foram os que menos subiram: apenas 0,75%.
Confira a lista completa abaixo:
Segmento | Quantidade de fundos imobiliários | Retorno médio em julho (%) |
FoF | 12 | 4,91 |
Multiestratégia | 4 | 3,81 |
Lajes Corporativas | 8 | 2,99 |
Renda Urbana | 4 | 2,60 |
Shoppings | 5 | 1,45 |
Títulos e Val. Mob. | 42 | 1,25 |
Híbrido | 11 | 1,10 |
Logística | 17 | 0,89 |
Agro | 3 | 0,86 |
Agências | 1 | 0,62 |
Cemitérios | 1 | -3,40 |
Fonte: Economatica (31/07/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
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Fernando Siqueira, analista da Guide Investimentos, considera o atual momento dos FoFs muito atrativo. Segundo ele, esta classe de ativo tem grande potencial de valorização com o início da queda dos juros – espécie de gatilho que destravaria valor do FIIs.
“Os fundos de fundos estão negociando com um desconto médio de 6% em relação ao valor patrimonial, o que enxergamos atrativo para a aquisição de cotas, visto o elevado desconto e yield contratado”, avalia. “Acreditamos que os principais FoFs e os de maior liquidez serão os primeiros a surfar uma possível correção no próximo ciclo de corte nos juros”, reforça Siqueira.
O analista da Guide elege como preferidos no segmento o CSHG FoF (HGFF11) e Bradesco Carteira Imobiliária (BCIA11) – principal destaque do mês.
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Maiores altas de julho: FoFs lideram
Individualmente, o FII de escritório Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) foi o grande destaque do mês, com alta superior a 10%. Na sequência aparecem três FoFs, com ganhos acima de 7%.
Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em julho de 2023:
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Ticker | Fundo | Segmento | Variação em julho (%) |
RCRB11 | Rio Bravo Renda Corporativa | Lajes Corporativas | 10,30 |
BLMR11 | VBI Renda + FoF | FoF | 9,08 |
BCIA11 | Bradesco Carteira Imobiliária | FoF | 8,60 |
MGFF11 | Mogno FoF | FoF | 7,18 |
JSAF11 | JS Ativos Financeiros | Multiestratégia | 7,01 |
Fonte: Economatica (31/07/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
Em operação desde dezembro de 199, o RCRB11 tem quase 29 mil cotistas e um patrimônio líquido (PL) de R$ 769 milhões.
O portfólio do Rio Bravo Renda Corporativa é composto por nove imóveis localizados em bairros como Paulista, Itaim Bibi e Vila Olímpia, em São Paulo (SP), e Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ).
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Juntos, os espaços somam uma área bruta locável (ABL) de 42,7 mil metros quadrados. A vacância do portfólio está em 16,4%.
No primeiro semestre, outro FII de escritório, o Tellus Properties ([ativo=TEPP11), já havia registrado o melhor desempenho do período, com alta de 37%. O segmento de lajes corporativas é uma das principais apostas do mercado.
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Maiores baixas de julho: FIIs high yield na lanterna
Na outra ponta da lista encabeçada pelo BCIA11 ficaram, mais uma vez, os FIIs classificados como “high yield”. Com queda de mais de 15%, o Tordesilhas EI (TORD11) foi o destaque entre as maiores baixas do período.
Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em julho de 2023:
Ticker | Fundo | Segmento | Variação em julho (%) |
TORD11 | Tordesilhas EI | Desenvolvimento | -15,34 |
VSLH11 | Versalhes Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | -11,23 |
DEVA11 | Devant | Títulos e Val. Mob. | -9,34 |
SARE11 | Santander Renda | Híbrido | -5,13 |
BTRA11 | BTG Pactual Terras Agrícolas | Agro | -4,50 |
Fonte: Economatica (31/07/23). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
A inadimplência de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e a respectiva renegociação dos títulos têm feito a diferença no resultado do FII Tordesilhas EI (TORD11), que há cinco meses não distribui dividendos.
Do tipo híbrido – que investe em mais de uma classe de ativos –, o TORD11 tem priorizado a manutenção de caixa para suprir necessidades de capital dos investimentos da carteira que ainda não geram receita.
Atualmente, 47,4% do portfólio do Tordesilhas está concentrado em equities – participação do fundo no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários para a futura venda de unidades ou cotas.
Os CRIs representam 18,1% da carteira e a situação dos títulos também tem afetado a operação do fundo, como destaca recente relatório gerencial.
“A receita apurada em regime de caixa dos CRIs no mês de maio (que geraria dividendos em junho) é explicada pelo não recebimento das operações inadimplentes e das operações em que foram concedidas carência de pagamento”, explica o documento.
O último repasse de dividendos feito pelo TORD11 ocorreu em fevereiro – referente aos resultados de janeiro. Na oportunidade, o fundo distribuiu R$ 0,05 por cota aos seus mais de 104 mil investidores.
Diante da situação, o Tordesilhas EI acumula perdas de mais de 50% em 2023, a maior entre os fundos do Ifix.
Em julho, TORD11 também estava entre os fundos que foram repreendidos publicamente pela B3 por causa do atraso na entrega de demonstrações financeiras.
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Maiores pagadores de dividendos de julho
O FII Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) encerrou o mês de julho com a maior taxa de retorno com dividendos (dividend yield) entre os principais fundos imobiliários da Bolsa.
No último dia 10, o CACR11 pagou R$ 1,61 por cota, equivalente a um dividend yield de 1,53%. Na sequência aparecem o Valora RE (VGIR11), Urca Prime Renda (URPR11) e JPP Capital (JPPA11) com ganhos acima de 1,36%. Confira a lista:
Ticker | Fundo | Segmento | Dividend Yield – Julho (%) |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 1,53 |
VGIR11 | Valora RE | Títulos e Val. Mob. | 1,37 |
URPR11 | Urca Prime Renda | Títulos e Val. Mob. | 1,36 |
JPPA11 | JPP Capital Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 1,36 |
RZAK11 | Riza Akin | Títulos e Val. Mob. | 1,28 |
RBRY11 | RBR CRI | Títulos e Val. Mob. | 1,27 |
HSAF11 | HSI Ativos Financeiros | Títulos e Val. Mob. | 1,26 |
VGHF11 | Valora Hedge Fund | Multiestratégia | 1,25 |
HABT11 | Habtat II | Títulos e Val. Mob. | 1,23 |
ARRI11 | Átrio Reit Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 1,23 |
Fonte: Economatica – 24/07/2023
Além do resultado de julho, o CACR11 também ostenta atualmente o melhor dividend yield de 2023 e do acumulado dos últimos 12 meses, uma espécie de hat-trick – termo usado no futebol, por exemplo, quando um jogador faz três gols na mesma partida.
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