FIIs de escritório lideram baixas em outubro; fundos high yield recuperam parte das perdas acumuladas no ano

Com índices elevados de vacância e alavancagem, o XPPR11 caiu 11% em outubro; HCTR11 subiu 23%, a maior alta do mês

Wellington Carvalho

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O Ifix – índice dos FIIs mais negociados na B3 – interrompeu em outubro uma sequência de seis meses seguidos de ganhos, a maior série em quatro anos. Os fundos de escritório puxaram a queda de 1,97% do indicador e encabeçaram as maiores perdas do período.

Os FIIs high yield – de maior risco – recuperaram parte das perdas acumuladas no ano e registraram as maiores altas no mês. O destaque ficou com o Hectare CE (HCTR11), que subiu mais de 23%.

Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e tomam como base os 109 fundos imobiliários que compõem o Ifix. O retorno leva em consideração a valorização da cotas e os dividendos distribuídos pelas carteiras.

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Em média, os fundos de escritório registraram queda de 6% em outubro, a maior entre os principais segmentos do mercado – aqueles, por exemplo, com mais de quatro representantes. Os FIIs de recebíveis (Títulos e Valores Mobiliários) apresentaram o melhor desempenho, operando com leve baixa de 0,2%. Confira a lista:

Segmento Número de fundos Variação em outubro (%)
Hotel 1 12,57
Títulos e Val. Mob. 41 -0,21
Multiestratégia 5 -0,28
Shoppings 5 -0,77
Desenvolvimento 3 -1,83
Logística 16 -2,55
Renda Urbana 4 -2,65
FoF 12 -2,83
Agências 1 -3,39
Híbrido 10 -3,73
Agro 1 -6,18
Lajes Corporativas 9 -6,21

Fonte: Economatica

Maiores baixas de outubro

Individualmente, o XP Properties (XPPR11) liderou a lista das maiores baixas entre os principais fundos imobiliários do mercado. O FII do segmento de escritório registrou perdas de 11% no mês.

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Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em outubro de 2023:

Ticker Fundo Segmento Variação em outubro (%)*
XPPR11 XP Properties Lajes Corporativas -11,25
AIEC11 Autonomy Edifícios Lajes Corporativas -11,14
CPTS11 Capitânia Securities Títulos e Val. Mob. -9,64
HGRE11 CSHG Real Estate Lajes Corporativas -9,14
RBRP11 RBR Properties Híbrido -9,04

Fonte: Economatica (31/10/23) 

(*) Os dados levam em consideração a valorização da cota e os dividendos distribuídos no período

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O portfólio atual do XP Properties é composto por participação em três imóveis localizados no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), e Alphaville (SP).

Os espaços representam uma área bruta locável (ABL) de 65 mil metros quadrados e a taxa de vacância atual do portfólio está em 45%.

Além do elevado índice de desocupação, o fundo ainda trabalha para reduzir a alavancagem (endividamento) da carteira, atualmente em R$ 591 milhões.

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“O gestor está em contato com players estratégicos de mercado a fim de avaliar a possibilidade de vender suas participações (de forma parcial ou integral) em algum(ns) prédio(s) que compõe(m) o fundo, visando a minimização do saldo das obrigações e/ou mesmo a amortização total do veículo de investimentos”, destacou o último relatório gerencial do XPPR11. “Tais negociações estão em andamento e o gestor não descarta contratar em breve um assessor para auxiliar na venda do portfólio”, complementa o texto.

Dado o cenário de elevada vacância e endividamento, o fundo acumula perdas de 53% nos últimos 12 meses, de acordo com dados da Economatica. A cota do XP Properties negocia com um desconto de mais de 70% atualmente.

Maiores altas de outubro

Os investidores dos fundos high yield – que acumulam queda de até 70% em 2023 – tiveram um pequeno alívio em outubro. Esses FIIs registram as maiores altas do mês, em especial o HCTR11, que subiu 23%.

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Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em outubro de 2023:

Ticker Fundo Segmento Variação em outubro (%)
HCTR11 Hectare Títulos e Val. Mob. 23,67
HTMX11 Hotel Maxinvest Hotel 12,57
VSLH11 Versalhes Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 6,97
DEVA11 Devant Títulos e Val. Mob. 5,76
JSAF11 JS Ativos Financeiros Multiestratégia 4,56

Fonte: Economatica (31/10/23) 

(*) Os dados levam em consideração a valorização da cota e os dividendos distribuídos no período

No início de 2023, o HCTR11 estava entre os FIIs high yield que sofreram com a inadimplência em série dos certificados de recebíveis imobiliários (CRI), especialmente os ligados à empresa Gramado Parks, em recuperação judicial.

O atraso no pagamento dos papéis afetou a receita do fundo, que consequentemente teve de reduzir o dividendo distribuído aos cotistas. De um patamar de R$ 1 por cota no final de 2022, o rendimento do fundo passou para a casa de R$ 0,50 após os problemas com os CRIs.

Em outubro, o Hectare pagou R$ 0,27 por cota aos seus mais de 200 mil investidores. O valor é inferior ao montante observado em boa parte do ano, mas é maior do que os R$ 0,17 repassados em setembro – montante que colaborou com o desempenho negativo do fundo no período.

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FIIs que mais pagaram dividendos em outubro

Maior pagador em setembro, o FII Hotel Maxinvest (HTMX11) também vai encerrar outubro com o maior dividend yield entre os principais fundos imobiliários da Bolsa. O percentual ficou em 2,02% no mês.

No último dia 6, o fundo depositou R$ 2,85 por cota, montante que garantiu ao fundo o maior retorno do mês, como mostra a tabela abaixo:

Ticker Fundo Segmento Dividend Yield – outubro/2023
HTMX11 Hotel Maxinvest Hotel 2,02
RZAK11 Riza Akin Títulos e Val. Mob. 1,39
CACR11 Cartesia Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 1,36
URPR11 Urca Prime Renda Títulos e Val. Mob. 1,26
VGIR11 Valora RE Títulos e Val. Mob. 1,22
DEVA11 Devant Títulos e Val. Mob. 1,22
RBRY11 RBR CRI Títulos e Val. Mob. 1,19
BLMG11 Bluemacaw Logística Logística 1,18
SADI11 Santander Papéis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 1,17
AIEC11 Autonomy Edifícios Lajes Corporativas 1,17

Fonte: Economatica – 25/010/2023

Em operação desde 2007, o HTMX11 investe majoritariamente em hotéis localizados na capital paulista. Ao todo são 489 quartos em 22 empreendimentos.

Em julho – último dado disponível –, a carteira registrou queda na ocupação de seus hotéis, de 66% para 61%. Já o número de investidores subiu, chegando a 27.844 ao final de julho, alta de 18% nos últimos 12 meses.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.