FII que está entre os mais recomendados do mercado corta dividendos de dezembro pela metade; o que aconteceu?

Em dezembro, o CPTS11 pagará R$ 0,37 por cota; no mês anterior, o valor havia sido de R$ 0,85

Wellington Carvalho

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A combinação desvalorização do mercado de fundos imobiliários e aumento dos juros futuros em novembro foi fatal para os dividendos de dezembro do Capitânia Securities II (CPTS11), um dos FIIs mais recomendados para o mês.

Na última segunda-feira (14), a carteira anunciou que distribuirá, na próxima semana, R$ 0,37 por cota – montante 56% menor do que os dividendos de R$ 0,85 por cota pagos no mês anterior e bem abaixo do histórico recente do fundo, como mostra página no FII no InfoMoney:

Fonte: InfoMoney

Em relatório gerencial divulgado nesta terça-feira (13), o fundo explicou a redução dos rendimentos e assegurou, inicialmente, que não há nenhum problema de crédito – inadimplência – no portfólio.

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Com mais de 200 mil cotistas, o Capitânia Securities II tem hoje um patrimônio líquido de R$ 2,9 bilhões, alocados principalmente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e cotas de outros FIIs.

Para driblar os efeitos da deflação apurada no terceiro trimestre – que reduziu os dividendos de boa parte dos fundos que investem em CRIs – o CPTS11 optou pela reciclagem da carteira, vendendo ativos em que teve ganho de capital e trocando por novos papéis.

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“Através de gestão ativa do portfólio – reciclagem da carteira e ganho de capital – conseguimos defender o resultado [e manter o patamar de dividendos] do fundo nos meses de agosto, setembro e outubro”, sinaliza relatório gerencial do fundo, destacando especialmente as negociações com lucro das cotas dos FIIs.

Entre setembro de 2019 e novembro de 2022, a carteira de FIIs do Capitânia Securities II ostentava valorização de 44%, contra alta de 7% do Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa.

A estratégia do fundo, porém, perdeu a eficiência no mês passado, com o avanço da tramitação da PEC da Transição, proposta de emenda à Constituição que prevê ampliar o teto de gastos para assegurar espaço no orçamento da União e realizar o pagamento do Auxílio Brasil – programa de assistência social do governo federal – de R$ 600 por mês.

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Diante do temor com o aumento da dívida pública e riscos na área fiscal, o mercado de renda variável – que inclui o segmento de FIIs – despencou no mês passado. Os juros futuros, por sua vez, dispararam.

“No mês de novembro, com a expressiva abertura [na curva de juros] das NTN-Bs [títulos do Tesouro Nacional] e a queda dos FIIs, este componente de ganhos de capital [com os FIIs e os CRIs) praticamente se tornou inviável”, diz o relatório do CPTS11. “Ninguém se programou para um juro tão alto e prolongado como o que parece ser nosso caso”.

O fundo explica ainda que, visando retorno no futuro, chegou a realizar vendas de CRIs com prejuízo (abaixo dos valores de aquisição), o que justificaria a redução dos dividendos em dezembro.

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“Acreditamos que o papel do gestor é sempre olhar um horizonte de investimento maior e se adequar a realidade do momento”, detalha relatório do Capitânia Securities II. “Deixar de fazer o que é certo em função do dividendo de um mês não nos parece uma escolha correta”, defendem os gestores.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.