Fibria e Suzano: ainda vale a pena investir nas 2 melhores ações da bolsa?

O InfoMoney conversou com gestores e analistas do mercado para entender como eles veem os papéis nos próximos meses

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – As duas melhores empresas do Ibovespa estão perto de se unirem para virarem a maior empresa de celulose do mundo. Ambas expostas ao dólar, sobem na bolsa desde o anúncio da fusão: enquanto Suzano (SUZB3) sobe 157,42% em 2018, Fibria (FIBR3) avança 57,80% – contra alta de 2,24% do Ibovespa no período. Mas ainda vale a pena investir nelas depois de toda essa alta? O InfoMoney conversou com investidores e analistas que têm esses papéis na carteira para entender. Vamos antes analisar o porquê desse ótimo desempenho.  

Anunciado em março deste ano, o acordo de fusão com a Fibria, que concentrará as sinergias em SUZB3, foi visto com bons olhos pelos acionistas, que aprovaram a oferta de fusão no dia 13. Restam agora apenas as aprovações do Cade e da Comissão Europeia. Para alguns analistas, hoje já podemos olhar para ambas como uma empresa combinada.

Tanto Suzano quanto Fibria são exportadoras, trabalham com uma demanda internacional e produção nacional, o que resulta em custos em reais e receita em dólar. Dessa forma, a alta do dólar pode ser positiva para os investidores da companhia, uma vez que a margem fica maior. Outro fator que tem beneficiado as receitas das empresas é a manutenção do preço da celulose em um nível elevado. Com uma demanda internacional forte e o preço da celulose elevado, as companhias conseguem ter uma margem alta.

Explicados os motivos da boa performance dos ativos, ainda vale a pena tê-los em carteira? Marcelo Cavalheiro, gestor da Safari Capital, acredita que sim. “A gente tem um upside grande para elas, principalmente Suzano, que é a que vai concentrar as duas [após a fusão]”, diz. Segundo ele, independentemente se houver uma queda do câmbio, o potencial de alta ainda poderá ser visto caso o preço da celulose se mantenha elevado- o que é um cenário realista.

Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos, também segue otimista com SUZB3 e apesar de não possuir o ativo na carteira no momento, afirma que é um nome interessante para o investidor que busca diversificação e proteção em dólar. “Do Ebitda (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, na sigla em inglês) de Suzano para 2018, cerca de 80% é celulose. Com a Fibria (em 2019), isso vai para quase 95%. Isso é bom, porque é uma commodity com preço definido pelo mercado internacional e sem impacto do desfecho das eleições”, completa.

Após tudo isso, você pode pensar: tudo bem, a ação disparou no começo do ano e ainda está batendo o Ibovespa, mas só nessa semana, Suzano já afunda quase 8% e Fibria quase 3%. É para se preocupar? Fábio Spinola, da Apex Capital, acha que não. “A ação (combinada) está barata; ela está caindo agora porque o cenário doméstico apreciou, além do impacto de curto prazo do câmbio, mas isso não é possível de prever”, diz.

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O gestor explica que o papel, por estar descorrelacionado do risco-Brasil, está indo em direção contrária à de setores pró-risco, como bancos e varejo, que têm se beneficiado. Em um viés contra risco, porém, a expectativa é de que Suzano suba e esses setores caiam. “A empresa combinada pode até cair, mas vai ser um ótimo ponto de entrada, porque possui uma geração de caixa muito relevante”, afirma.

Em suma, tanto Fibria quanto Suzano são ótimas opções para se ter na carteira visando um “hedge eleitoral”, ou seja, para surfar a alta do dólar e fugir do risco das eleições. Thiago Salomão, editor-chefe do InfoMoney e analista da Carteira Recomendada InfoMoney, explica que é preciso ter em mente, porém, que caso o dólar venha a cair, a ação também vai sofrer. “Eu tenho Fibria, porque hoje ela tenha uma correlação menor ao mercado de celulose, ou seja, ela oscila menos a essas variáveis que afetam as duas empresas. Além disso, quando virar ação da Suzano, Fibria vai ser 20% da nova empresa e 80% CDI, por isso que no curto-prazo a Suzano está caindo mais que a Fibria e no longo-prazo, subindo mais que a Fibria”, diz.

Salomão explica que é bem provável que a fusão aconteça, mas caso ela não ocorra, a expectativa é que Suzano caia e Fibria suba, já que desde o anúncio da fusão, as ações da Suzano subiram mais que as da Fibria, justamente por esta última estar “travada” pelo acordo.

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