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Os fundos de investimento nas cadeias produtivas da agroindustriais (Fiagros) experimentaram em 2024 sua primeira crise, impulsionada por inadimplência de títulos de dívida nos quais os investimentos principalmente de pessoas físicas são lastreados. No entanto, especialistas já veem uma virada no setor neste segundo semestre.
“Um mês atrás, os Fiagros eram a maior oportunidade do mercado. Ainda não passou, mas agosto já mostrou uma recuperação significativa”, afirmou Paulo Mesquita, sócio e gestor da Riza Asset, ao argumentar que o setor deve passar por forte recuperação nos próximos meses em participação na Expert XP, no último sábado (31).
Mesquita afirmou que os investidores começaram a perceber que o pior da crise de crédito do setor já passou e voltaram a comprar os ativos. Para ele, as inadimplências que ocorreram não ultrapassaram 1% dos fundos e não devem ser atribuídas ao setor como um todo.
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“Foram problemas pequenos e pontos fora da curva. Quando os fundos voltarem a atingir seus valores patrimoniais, vamos ver muitas ofertas secundárias e a criação de novos fundos. Há muito potencial”, disse o gestor da Riza.
Segundo ele, alguns impulsionadores estão no radar. Um deles é a regulamentação final dos Fiagros, que deverá ser apresentada entre setembro e outubro. O texto, que será divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), irá liberar mais opções de produtos para os fundos investirem, criando os “Fiagros multimercados”.
Mesquita vê as novas possibilidades como “um novo mundo”, que deverá melhorar rendimentos, taxas e possibilidade de financiamento para os fundos. “Brasileiro é muito criativo. Quando a definição chegar, vão surgir fundos e financiamento que nunca ninguém imaginou”, diz Mesquita.
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O gestor cita a possibilidade de investimento direto em terras, culturas, iniciativas sustentáveis e outras. Ele cita a evolução do mercado de fundos imobiliários, ao afirmar que os FIIs demoraram 20 anos para chegar no nível atual de mais de 2 milhões de investidores e consolidação. “O Agro começou agora”.
Fadado ao sucesso
O diretor da Datagro, Guilherme Nastari, destacou no mesmo painel que, nos últimos tempos, o Brasil tem recebido novas opções de cultivo que não eram vistas por aqui, como lavanda e oliveira. Para ele, o agro brasileiro está no seu auge e nos próximos anos deve crescer e se aprimorar cada vez mais.
“O agro brasileiro, mesmo sem ajuda, está fadado ao sucesso. O mundo precisa ser alimentado e o Brasil tem todas as condições para atender essa demanda. Não tem como dar errado”, disse Nastari.
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O executivo refuta a ideia de que os produtores locais não têm tecnologia ou problemas de logística. Segundo ele, o país não teria chegado no top três do mundo em poucos anos, nas principais culturas, como soja, açúcar e café, se não tivesse capacidade.
A questão agora, diz, é captar mais recursos do mercado de capitais para manter esse ritmo acelerado de crescimento.
“O mercado de capitais pode chegar na hora certa. O recurso que vem do governo é importante, mas tem seu próprio prazo, com o mercado é possível ser mais rápido e mais assertivo. Estamos no começo e começamos com poucos produtos, mas vai evoluir”, completou Nastari.