Fala-se dos juros altos, mas não do quanto a atividade vai sofrer, diz gestor

Para Duda Rocha, da Occam, PIB mais baixo impactará o setor de consumo e o crescimento do país pode cair mais de 1% em 2025

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Carlos Eduardo Rocha, o Duda, Head e CIO da Occam Brasil, reconhece que o Brasil é sempre “desafiante”. “Acho que a gente está perseguindo a inflação baixa, com uma expansão fiscal, que ainda não se ajustou. Mas a sociedade não quer um Estado perdulário”, afirma ele, comparando com os anos 1990, quando entrou no mercado, onde a governança era “muito pior”.

Duda participou do 138º episódio do programa Outliers, no canal da XP, e disse que, apesar do momento, se sente “muito animado”. E dá uma dica: “Tem que tomar muito cuidado com as empresas alavancadas agora”. “Não tem alta de juros no Brasil menor do que 250 bps (basis points). Se quer conter a atividade, tem que ser feita uma magnitude dessa”, disse.

“Então, se tem uma alta de juros, a gente está evitando o setor de consumo. O setor de consumo, em geral, possui uma margem mais baixa e uma sensibilidade muito grande à atividade”, afirma.

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“Os analistas em geral erram um pouco nisso. Eles falam que os juros vão subir 250 bps, mas não colocam o quanto a atividade vai sofrer”, acrescenta.

O Brasil, nas projeções da Occam, vai crescer mais de 3% em 2024. “Isso é ótimo, muito legal, mas provavelmente o crescimento vai cair mais de 1% no ano que vem. Os juros mais altos aumentam o custo de capital, mas o pior é que diminuem as vendas. Isso pouca gente está vendo”, diz.

Movimento maior do que o esperado

“Então a gente evita o setor de consumo, evita o setor ligado à renda do brasileiro, porque vai estar mais comprometida ano que vem”, destaca. “Nós, da Occam, temos um desvio de percepção de que esse movimento de juros será maior do que o mercado precifica – e normalmente ele é”, diz.

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Para o gestor, é preciso se proteger dos juros altos, da inflação e do dólar. Mas ele vê, nesse cenário, ainda assim, empresas que têm a taxa interna de retorno (TIR) alta no mercado de ações, que são consideradas por ele como “excepcionais”.

No caso do dólar, ele aponta que há companhias voltadas para o mercado externo que pouco importam os juros altos no Brasil.

Empresas “blindadas”

“Elas captam (recursos) lá fora. São empresas em que a gente está investindo tanto em crédito como em ações, que têm uma presença internacional e, se houver uma deterioração mais forte aqui no Brasil, elas vão até se beneficiar porque têm receita em dólar também”, explica.

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Nessa linha de companhias mais protegidas em tempos turbulentos, ele ressalta que há vários setores, principalmente de infraestrutura, que têm empresas pouco alavancadas e gestão superior.

“A vantagem é que os nossos diretores financeiros estão acostumados à inflação e aos juros altos”, diz.

“A gente está passando por esse desafio agora no Brasil, mas o ambiente externo está fantástico. Hoje, a Occam concentra mais de 50% de seus investimentos dos multimercados fora do Brasil”, afirma.

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“Lá fora, os juros estão caindo, há um tema de reaceleração de crescimento. Lá fora tem também um tema micro fantástico de tecnologia (inteligência artificial), que está mudando o mundo. Então, estamos focados nisso, que é bastante transformacional”, complementa.

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