Fabio Alperowitch, da Fama: “Brasileiro ainda precisa separar investimentos ESG da filantropia”

Em painel da Expert ESG, gestor defendeu que ESG significa um filtro de maior qualidade, maior retorno e menor risco aos investidores

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Nunca houve uma oferta tão grande de produtos de investimento ESG (sigla em inglês que corresponde às melhores práticas ambientais, sociais e de governança) e tantas discussões sobre o assunto no Brasil. Por outro lado, a demanda do investidor segue baixa no país, na visão de Fabio Alperowitch, cofundador e gestor da Fama Investimentos.

Durante painel da Expert ESG, evento realizado pelo XP, desta sexta-feira (5), Alperowitch apontou que os produtos financeiros ESG ainda são compreendidos de forma equivocada no Brasil, com os investidores associando as melhores práticas reunidas na sigla como filantropia, e não como investimento.

“A percepção de que empresas buscam menos resultado porque são ESG é errônea. Essa ficha ainda não caiu para os brasileiros, que ainda colocam esses investimentos na caixinha de filantropia”, disse.

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Segundo o gestor, há ainda muito trabalho a ser feito para que as pessoas entendam que ESG significa um filtro de maior qualidade e que vai gerar mais retorno e menor risco para os investidores.

Hilde Jenssen, head de ações na Nordea Asset Management, que também participou do painel, contou que, há cerca de dez anos, a estratégia nos países nórdicos se restringia a nichos de investidores institucionais, como fundos de pensão.

Hoje, contudo, as estratégias são voltadas para todos os investidores, com cobranças, inclusive, de explicações sobre gestores que ainda não investem de acordo com as melhores práticas ESG.

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ESG no dia a dia

Na avaliação de Cindy Shimoide, head de Multi-Asset Portfolio e consultora de investimentos para a América Latina da BlackRock, o mercado global está no início de um processo de mudança estrutural, com investidores a favor de ativos sustentáveis e começando a entender os retornos mais atrativos dessas estratégias.

“Vai chegar um dia em que não vamos mais falar sobre investimento sustentável, porque sustentabilidade vai ser parte intrínseca de investimentos, ou seja, todas as alternativas de investimento vão ser sustentáveis ou vão considerar sustentabilidade”, afirmou.

Florian Bartunek, sócio fundador e CIO da Constellation Investimentos, avalia que, para o investidor pessoa física, os critérios ESG fornecem dados muito relevantes de análise das companhias, ajudando a encontrar empresas bem geridas e com boas práticas ambientais e de governança, o que tende a se refletir em melhores retornos.

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“Não adianta buscar um bom modelo de negócios sem ESG, porque não vai ter perenidade. Mas também não adianta buscar uma empresa ESG sem um bom modelo de negócios”, diz.

Métricas de análise

A avaliação para definir se uma empresa atende aos requisitos ESG pode englobar uma série de métricas e variar de acordo com a companhia e o setor em que ela atua, disse Cindy, da BlackRock.

No caso de empresas de energia em que o combustível fóssil é predominante, todos os critérios relacionados ao meio ambiente são prioridade, afirmou, dado que são centrais para a companhia. Dessa forma, métricas de emissão de carbono, uso de água, investimento em energia limpa e redução de lixo, por exemplo, ganham mais destaque.

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Já no setor de tecnologia, questões como inovação e experiência do consumidor são mais relevantes, com peso maior no “S”, de social, e “G”, de governança.

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