Publicidade
Embora haja expectativas otimistas com Donald Trump na presidência, o déficit fiscal nos Estados Unidos e o fortalecimento do dólar podem limitar a valorização das ações. Papéis de companhias do Reino Unido e da China, por outro lado, podem se beneficiar por causa de estímulos governamentais, perspectivas de crescimento e cortes de juros. Já as bolsas de Europa e Japão devem ser vistas com cautela em meio a expectativas fracas e preços caros.
Essas são as perspectivas da XP para a alocação nos mercados globais em um horizonte de 3 a 18 meses, feitas com base em indicadores macroeconômicos (crescimento do PIB, índices de inflação, condições financeiras e índices de surpresas econômicas) e métricas de valuation (múltiplos, crescimento de lucros, e upside estimado). O relatório, divulgado neste mês, é assinado pelo estrategista global Paulo Gitz, CFA, e pela analista global Maria Irene Jordão.
Os principais fatores que devem influenciar as bolsas globais nos próximos anos incluem as políticas de Trump – em áreas como tarifas, regulações, gastos públicos – e a condução da política monetária nos EUA. “O restante do mundo espera definições sobre questões como tarifas, e as bolsas globais devem continuar a ser impactadas pelos efeitos do dólar forte e treasuries em alta até que Trump reduza a incerteza ao estabelecer o tom da política econômica em seu segundo mandato”, destacaram os autores.
Os conflitos geopolíticos também seguem no radar e devem respigar nos ativos, especialmente as disputas no Oriente Médio, a Guerra na Ucrânia, as sanções ao Irã e as relações dos EUA com a China, que “podem afetar preços de commodities energéticas, comércio internacional e a velocidade de discussão de acordos comerciais e temas como nearshoring (negócios com países próximos)”.
EUA abaixo do neutro
A casa se mantém abaixo do neutro nos papéis de empresas da terra do Tio Sam. “Apesar do impacto positivo da menor regulação e menor tributação que são esperados no novo governo (dos EUA), os riscos associados ao aumento do déficit fiscal (taxas de juros mais altas) e ao fortalecimento do dólar (política de tarifas) limitam o potencial de alta, no curto prazo, dos principais índices dos EUA, cujos múltiplos ainda encontram-se em patamares muito elevados”, escreveram.
Leia também: O que esperar do câmbio, inflação e Selic em 2025
Embora esteja cautelosa em relação às ações de empresas norte-americanas, a XP identifica oportunidades nos setores financeiro e de energia, além de índices menos expostos a tecnologia e small caps – afastando-se, portanto, das big techs. Já a renda fixa nos Estados Unidos segue atrativa, segundo a instituição, com destaque tanto para os títulos públicos quanto para os bonds corporativos.
China e Reino Unido acima do neutro
Os ativos chineses, negociando com múltiplos abaixo da média histórica, devem manter o bom desempenho observado no ano passado, segundo a XP. Entre os ETFs regionais acompanhados casa, o FXI, que dá acesso a 50 das maiores ações chinesas, registrou o melhor desempenho em 2024, de 28,9%, acima dos 25,6% do QQQ, que replica Nasdaq 100, e o SPY, ligado ao S&P 500, com alta de 24,9% no mesmo período.
“Apesar das disputas comerciais com os EUA, vemos o programa de estímulos econômicos anunciados pelo governo (da China) como um processo de múltiplos anos que visam, não só o crescimento do PIB, mas também uma mudança de patamar de valuation dos ativos”, escreveu a casa, que tem posição acima do neutro no país.
Já os ativos britânicos, também negociandos com múltiplos abaixo da média histórica, oferecem um potencial de valorização superior ao de seus pares globais, segundo a XP, que também está acima do neutro na região. “Com o Banco da Inglaterra tendo iniciado seu ciclo de corte de juros e com perspectivas de crescimento econômico mais robusto após o orçamento mais expansionista, vemos boas oportunidades de alocação”
Continua depois da publicidade
Europa e Japão neutro
Com Europa e Japão, a XP está neutra. No velho continente, as principais preocupações são as fracas expectativas de crescimento econômico e as projeções de crescimento de lucros das empresas. No país asiático, os pontos negativos são a incerteza macroeconômica com o Banco do Japão e os preços altos dos ativos, negociados a múltiplos acima da média histórica.
Leia também: Bitcoin, dólar, fundos e renda fixa: quais foram os melhores investimentos de 2024?
Principais setores
O principal tema de 2025 deve continuar sendo inteligência artificial. Enquanto em 2023 e 2024 as altas das companhias do setor foram impulsionadas pela produção de chips e infraestrutura, neste o ano o foco será no “potencial de gerar receita com o aumento de capacidade de computação e processamento de AI”, algo que deve “guiar a narrativa e as ações relacionadas ao tema nas bolsas”, escreveram.
Continua depois da publicidade
Outros cinco setores no radar da XP são tecnologia da informação, financeiro, saúde, indústria e consumo discricionário.