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O Ethereum (ETH) ultrapassou o patamar de US$ 2.000 pela primeira vez desde agosto após uma atualização de software amplamente esperada ser implementada conforme o planejado, e com preocupações em torno de um pico de resgates se mostrarem infundadas.
A chamada atualização “Shanghai” permite que os investidores façam fila para retirar as moedas ETH depositadas em uma espécie de conta remunerada no protocolo: em troca do trabalho na validação dos dados que trafegam na rede, recebe-se um pagamento no próprio ativo. O processo é chamado de staking.
Todas as criptomoedas depositadas até então estavam presas no protocolo e não poderiam ser retiradas. Liberada com a atualização “Shanghai”, a função de resgates não surgiu o efeito negativo esperado por alguns analistas.
O ETH saltou 5,2% para US$ 2.008 após apenas 0,3% (US$ 128 milhões) de todos os 18,1 milhões de tokens (US$ 3,6 bilhões) depositados serem retirados nas 12 horas após a atualização, de acordo com dados da Nansen.
O ativo digital acumula agora uma alta de 67% em 2023, perto de superar os preços de agosto. Caso isso aconteça, apontam especialistas, o ETH poderia disparar até níveis não vistos desde o final de maio. Até aqui, no entanto, seus ganhos ainda ficam atrás dos 83% de alta do Bitcoin, em distância que pode diminuir caso os resgates sigam em ritmo fraco.
“A quantidade de ETH que entra no mercado a partir das retiradas pós-Shanghai é muito menor do que o esperado anteriormente”, disse Matt Maximo, analista da Grayscale Research. “A quantidade de novos ETH em staking também está superando os resgates, o que está criando uma pressão de compra adicional para compensar o ETH sacado.”
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Além disso, segundo o pesquisador anônimo conhecido como Flipside Crypto, até o momento, 96% do volume de retiradas vem de usuários sacando apenas suas recompensas — ou seja, quase todos estão deixando o valor original depositado no protocolo.
“O que estamos vendo é uma combinação de uma subida geral relacionada à liquidez e algum atraso. O ETH teve um desempenho notavelmente inferior ao BTC até agora este ano, com a incerteza mantendo os traders à margem”, disse Noelle Acheson, na newsletter “Crypto Is Macro Now”.
“Agora que a Shapella (como a atualização também é conhecida) saiu sem problemas e não produziu um evento de “venda no fato”, os traders têm mais confiança em voltar ao mercado – estamos vendo uma tomada de posição notável em derivativos de ETH, por exemplo.”
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Boa parte da movimentação na rede vem de instituições. As exchanges Kraken e Huobi, por exemplo, estão retirando muitos depósitos, de acordo com a Nansen. A Kraken fez recentemente um acordo com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC) e, como parte do acordo, parou de oferecer serviços de staking no país.
O que especialistas estão dizendo
Veja o que os participantes do mercado cripto estão dizendo sobre a atualização e o que isso pode significar para o Ether:
Stephane Ouellette, diretor executivo da FRNT Financial Inc.:
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Em geral, acho que é um rali de alívio porque a atualização parece ter corrido bem. Gostaria de salientar que o ETH continua a ter um desempenho inferior ao BTC em uma base de sete dias, então eu caracterizaria o movimento mais uma recuperação com algumas compras adiadas até a pós-atualização. Em geral, o ciclo de atualização do Ethereum 2.0 foi surpreendentemente bom e é uma grande melhoria nos problemas que a comunidade de desenvolvedores tinha nos dias anteriores.
Fiona Cincotta, analista sênior de mercados financeiros do City Index:
O ETH está tendo um desempenho superior após a atualização Shanghai, pois o mercado percebe que os temores em torno do hard fork (atualização) foram exagerados. A demanda por saques do staking tem sido mais fraca do que o esperado, e o rali de alívio está gerando ganhos. O processo de retirada não é instantâneo e grande parte do ETH depositado está no vermelho, tornando as retiradas menos atraentes, diminuindo a pressão de venda e sustentando o preço. O fato de não ter havido pressa para saques e de o quadro de liquidez ter melhorado é uma situação vantajosa para todos. Agora que o evento ficou para trás, é hora de o ETH tirar o atraso em relação ao Bitcoin.
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Ilan Solot, codiretor de ativos digitais da Marex:
Era uma história clássica de “venda o boato, compre o fato”. Suspeito que havia muitos investidores por aí que estavam taticamente vendidos no potencial aumento da oferta [no mercado] ou esperando que o evento de risco ficasse para trás para comprar ETH, esperando uma queda. Nada disso aconteceu (até agora). E, claro, os depósitos são maiores que os saques, validando essa tese.
Will Tamplin, analista sênior da Fairlead Strategies:
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O ETH rompeu na semana passada em uma subida de médio prazo em seu gráfico. Ele passa por um momento positivo após a atualização, levando-o à resistência no limite psicológico de US$ 2.000. Este nível é um lugar natural para a alta parar no curto prazo. Um rompimento com confiança acima de US$ 2.000 seria um ponto positivo adicional no gráfico do ETH, visando a resistência secundária perto de US$ 2.400 nos próximos meses.
Fadi Aboualfa, chefe de pesquisa do custodiante de criptomoedas Copper:
Essa narrativa específica se desenvolveu no setor cripto de que, uma vez que os investidores pudessem retirar seu Ethereum, eles o venderiam. O problema com a narrativa é que ela desconsidera o fato de que os investidores que fizeram staking de ETH no começo acreditavam firmemente na tecnologia, não eram investidores aleatórios tentando ganhar 5% [ao ano] rapidamente.
(Com informações da Bloomberg)