Publicidade
Investidores da Bolsa que se aventuraram em produtos expostos a criptoativos se deram bem até aqui em 2023. Os ETFs (fundos negociados em bolsa) com exposição a ativos digitais registraram, até o final de março, o melhor desempenho entre todos os fundos de índice da B3.
O campeão de retornos foi o BITH11, que investe em Bitcoin (BTC). O produto da gestora Hashdex acumulou alta de 63,50% no mês, até quinta-feira (30). Outros ETFs de Bitcoin vêm logo atrás: o QBTC11, da QR Asset, e o BITI11, do Itaú, com retornos de pouco mais de 61% este ano.
Os números vêm na esteira do forte começo de 2023 do Bitcoin, que acumula alta de 70% no período e encerra seu melhor trimestre em dois anos — os ETFs de BTC não alcançam a mesma rentabilidade, entre outros fatores, porque cobram taxas de administração.
Para Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, o consenso em torno da maior tendência de estabilização dos juros ajuda as criptomoedas a buscarem novamente a descorrelação com o mercado tradicional — recuperando, portanto, o fator que atraiu no passado investidores em busca de diversificação.
No entanto, o que mais chamou a atenção do executivo foi o comportamento do BTC diante da recente crise bancária nos EUA. “A tese que todo mundo acusou que não funcionou [na crise de 2022], do Bitcoin como reserva de valor, [dessa vez] funcionou. Minha avaliação é que o produto, de maneira geral, está se comportando exatamente como a gente queria que se comportasse”, pontua.
O bom momento das criptomoedas, destaca Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management, torna a classe de ativos não só a mais rentável da Bolsa brasileira, mas a que trouxe os melhores resultados no mundo frente a investimentos tradicionais.
Continua depois da publicidade
“Analisando o retorno ajustado pelo risco (sharpe), o Bitcoin é o melhor ativo de 2023 entre as classes de ativos mais tradicionais, como equities, commodities e renda fixa. A correlação do Bitcoin com ativos tradicionais está caindo, enquanto a correlação com o ouro está aumentando”, diz.
“Essa mudança de posicionamento do ativo para ser menos especulativo e um hedge natural para eventuais problemas do mercado financeiro tradicional faz com que haja grande interesse para os ETFs e fundos de investimento em criptoativos”, aponta o executivo da gestora brasileira.
Na sequência aparecem ainda nove ETFs de criptomoedas com diferentes estratégias, com destaque para os que alocam altos percentuais em Bitcoin, como o HASH11, que rendeu 56% no primeiro trimestre. Também ficou bem posicionado o WEB311, que investe em Ethereum (ETH) e plataformas de blockchain rivais, com alta de mais de 50%.
Continua depois da publicidade
Excluindo os ETFs de criptoativos, o fundo de índice que mais subiu no trimestre foi o TECK11, do Itaú, que investe nas 10 maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos, entre elas as gigantes Meta, Amazon, Apple e Google. O fundo entregou nos primeiros três meses do ano perto de 30% de retorno aos cotistas.
Os 20 melhores ETFs da B3 no 1º trimestre de 2023 (até 30/03)
Nome | Código | Retorno 1º tri 2023 (em %) |
Retorno 12 meses (em %) |
Volatilidade 1º tri 2023 (em %) |
Volatilidade 12 meses (em %) |
Hashdex Btcn | BITH11 | 63,50 | -36,87 | 60,32 | 62,34 |
Qr Bitcoin | QBTC11 | 61,76 | -37,54 | 62,03 | 58,57 |
Etf Galaxy B | BITI11 | 61,48 | * | 62,09 | * |
Global X Blockchain ETF | BKCH39 | 59,12 | * | * | * |
Hashdex Nci | HASH11 | 56,08 | -40,80 | 59,53 | 63,43 |
Smart Hash | WEB311 | 50,77 | -68,31 | 74,64 | 96,63 |
Investo Blok** | BLOK11 | 43,83 | * | * | * |
Hashdex Eth | ETHE11 | 43,65 | -44,10 | 58,14 | 77,56 |
Meta Hash | META11 | 43,49 | – | 80,65 | – |
Qr Ether | QETH11 | 41,85 | -45,52 | 61,06 | 78,24 |
Etf Qdfi | QDFI11 | 37,25 | -60,00 | 71,55 | 82,47 |
Cripto20 Emp | CRPT11 | 30,98 | * | 64,27 | * |
It Now Teck | TECK11 | 29,61 | -5,92 | 35,83 | 40,00 |
Defi Hash | DEFI11 | 29,16 | -57,29 | 55,89 | 89,30 |
iShares Phlx Sox Semiconductor Sector Index Fund | BSOX39 | 22,86 | -1,65 | 32,15 | * |
Etf BTG Genb | GENB11 | 21,33 | -6,67 | 24,90 | 38,08 |
Global X Funds Global X Robotics & Ai | BOTZ39 | 17,87 | * | 22,83 | * |
iShares US Technology | BIYW39 | 17,66 | -6,59 | * | 35,62 |
Investo Jogo | JOGO11 | 16,46 | -6,60 | 41,08 | 36,30 |
iShares Global Technology | BIXN39 | 15,82 | -1,53 | 70,95 | 45,28 |
*Sem dados para o período
Continua depois da publicidade
**Informações atualizadas até a sessão de 27/03
Fonte: Economatica
Desafios
Apesar dos ganhos, os investidores de ETFs de ativos digitais precisaram ter estômago. A volatilidade dos produtos de cripto na Bolsa nos últimos três meses foi alta, passando de 80% no caso do META11, que aposta na tese de metaverso — para comparação, o tradicional IVVB11 (ETF que replica o índice de ações S&P 500) registrou volatilidade de menos de 21% no mesmo período.
Continua depois da publicidade
Apesar do bom resultado recente, os cotistas dos ETFs de criptomoedas que entraram há mais tempo ainda amargam perdas significativas. Mesmo com uma subida substancial, os ETFs de Bitcoin continuam com quedas de quase 40% nos últimos 12 meses. A situação é ainda pior nos produtos que têm criptomoedas menores nos portfólios. O próprio WEB11, que vai bem neste começo de 2023, segue negativo em 68% no acumulado do último ano.
O caminho é longo para retomada completa do setor. Além disso, analistas apontam que o segundo trimestre pode não ser tão benéfico para os ativos digitais. Pairam incertezas, por exemplo, sobre como será o comportamento do Bitcoin diante do primeiro quadro de recessão nos EUA em sua curta história, algo que ainda é temido por agentes de mercado.
Por outro lado, entusiastas das criptos seguem otimistas com as perspectivas de longo prazo para o setor – inclusive levando em conta um eventual agravamento da situação econômica global.
Continua depois da publicidade
“O cenário mais desafiador mundial tem sido um grande catalisador de adoção de soluções em blockchain, e vemos a correlação caindo cada vez mais com as classes de ativo tradicionais, posicionando o Bitcoin e outros criptoativos como excelentes opções de diversificação e proteção nesse ambiente de desconfiança com a saúde do sistema financeiro mundial”, reforça Ludolf, da QR.