ETFs de Bitcoin dominam Bolsa com retorno de até 65%; veja ranking do semestre e o que esperar agora

HASH11, segundo maior ETF da B3, perdeu para o Bitcoin, mas "tese da diversificação em cripto segue forte", diz Hashdex

Paulo Barros

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Os ETFs que investem em Bitcoin (BTC) fecharam o primeiro semestre do ano com o melhor resultado entre todos os fundos de índice da Bolsa brasileira. Dos cinco primeiros colocados, quatro alocam no ativo digital, sendo três exclusivamente nele.

O resultado vem na esteira de uma primeira metade de 2023 marcada por uma expressiva recuperação da criptomoeda, impulsionada pela volta da busca por ativos descorrelacionados, combinada com a perspectiva de queda de juros no mundo e com a maior segurança dada por reguladores de que o ativo não é valor mobiliário.

O cenário fez a moeda digital saltar mais de 80% em dólares. Na cotação em reais, refletindo a desvalorização da divisa americana no ano, o retorno no período para quem alocou em ETFs de Bitcoin alcançou 65%, caso do QBTC11, da gestora QR Asset Management. Os dados são da plataforma Economatica.

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Na opinião de especialistas, o resultado também se deve à demonstração de força do Bitcoin em meio à crise com os bancos regionais dos EUA (como SVB e Silvergate).

“Nesse contexto de estresse bancário, o Bitcoin mostrou-se robusto e seguro, tendo seu preço impactado positivamente e confirmando sua validade como um ativo não correlacionado com o mercado financeiro tradicional”, avalia Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset.

Após meses de estagnação em abril e maio, o Bitcoin ganhou outra alavanca em junho quando a BlackRock apresentou nos EUA um pedido para listagem de um ETF que investe diretamente na moeda digital — até hoje, o país só conta com fundos de índice que replicam preços futuros da cripto.

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Logo em seguida, Fidelity e outras casas fizeram o mesmo, aumentando a expectativa de abertura de uma nova porta de entrada para investidores institucionais americanos alocarem em BTC.

Nesta semana, o CEO da BlackRock, Larry Fink, disse em entrevista à Fox Business que a criptomoeda é uma “moeda internacional” e que, por isso, serviria como possível alternativa digital ao ouro para proteção contra a inflação.

ETFs mais rentáveis da Bolsa no 1º semestre de 2023

Os três primeiros ETFs que mais entregaram retornos no primeiro semestre investem diretamente em Bitcoin. Seguindo o QBTC11 bem de perto, o BITI11, do Itaú, entregou rentabilidade de 63,9% no período, e o BITH11, da Hashdex, registrou 62,9%.

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Em quarto lugar está o “intruso” TECK11, também do Itaú, cujas cotas renderam 56% em seis meses ao replicar um índice composto por 10 ações de big techs.

Na sequência aparece o HASH11, segundo maior ETF da Bolsa em número de cotistas, que rastreia um índice com 66% de peso em Bitcoin. Em 2023, até final de junho, o produto entregou retorno de 55%.

Confira os 10 ETFs com os melhores retornos da Bolsa no 1º semestre de 2023:

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ETF Gestora Investe em quê? Retorno junho 2023
(em %)
Retorno  1º semestre 2023
(em %)
QBTC11 QR Asset Bitcoin 5,15 65,26
BITI11 Itaú Bitcoin 4,41 63,93
BITH11 Hashdex Bitcoin 4,23 62,93
TECK11 Itaú Ações de big techs 2,06 56,01
HASH11 Hashdex Cesta de criptos 3,88 55,05
QETH11 QR Asset Ethereum -3,38 44,71
ETHE11 Hashdex Ethereum -1,58 44,13
GENB11 BTG Ações de inovação EUA 3,84 39,83
CRPT11 Empiricus Cesta de criptos 0,62 35,34
BIYW39 iShares Ações de tecnologia EUA -0,27 32,85

Fonte: Economatica

Ainda vale investir em HASH11?

O HASH11 sobe forte em 2023, mas segue perdendo para o desempenho do Bitcoin, seja por compra direta ou via ETFs expostos unicamente à  maior criptomoeda.

Segundo João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex, o resultado se deve pelo peso do Bitcoin na composição do índice replicado pelo fundo, que é grande por conta de sua relevância nesse mercado, não deixando espaço por enquanto para que disparadas em criptomoedas menores tivessem efeito perceptível.

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“O Bitcoin teve a segunda melhor performance entre os constituintes do [índice] NCI, atrás apenas do Bitcoin Cash, que triplicou de valor, mas tem um peso muito pequeno, de cerca de 0,5%”, explica. “O segundo maior ativo em participação no índice, o Ethereum, ficou para trás [do BTC], com alta de 60%, e isso foi decisivo para que o índice perdesse para o Bitcoin”.

Mas, então, por que faria sentido alocar em um produto como esse, que aposta em uma diversificação de investimentos dentro da classe dos ativos digitais? Um bom motivo pode estar no histórico da estratégia.

“Um investidor que tenha colocado um dólar no NCI no dia do seu lançamento, em março de 2021, hoje tem 12% a mais que um investidor que tenha optado pelo Bitcoin na mesma data”, exemplifica Cunha.

“Não se pode tirar conclusões com base em apenas um semestre. A tese da diversificação em cripto segue forte”, diz gestor da Hashdex.

Ainda resta fôlego em 2023?

Após alta expressiva de mais de 80% no semestre, o Bitcoin estacionou na região dos US$ 30 mil. Para alguns investidores, o preço pode parecer “esticado demais” a ponto de preservar potencial de mais ganhos ainda neste ano. Especialistas, no entanto, ainda enxergam espaço para mais altas.

Para além da especulação em torno da possível aprovação de um ETF de Bitcoin nos EUA, visto como possível catalisador, a expectativa de quem é mais otimista com a criptomoeda recai sobre o evento do halving, que acontece a cada quatro anos.

O próximo está previsto para abril de 2024, e irá cortar mais uma vez pela metade a emissão do ativo. Hoje, 6,25 BTC são emitidos a cada 10 minutos; em nove meses será de 3,125 BTC.

“Esse fenômeno pode favorecer um equilíbrio de oferta e demanda em patamares mais elevados, o que tende a impactar positivamente o valor do Bitcoin”, aposta Ludolf, da QR.

José Artur Ribeiro, economista e CEO da corretora Coinext, vislumbra uma nova corrida pelo ativo digital tal qual ocorreu após o halving de 2020. Na época, o BTC disparou cerca de 400% do evento até o final daquele ano.

Em breve, diz Ribeiro, investidores serão lembrados novamente da escassez programada da criptomoeda, e voltarão a comprar em massa. “No final do dia, é uma questão de demanda e oferta. Não vai ter Bitcoin para todo mundo”.

Para o analista gráfico Vinícius Terranova, o Bitcoin deve saltar pelo menos mais 16% nos próximos meses, para o nível de US$ 35 mil, porém com boas chances de romper esse patamar, valorizando ainda mais 30% em relação ao preço atual. “A gente pode ver uma subida para além desses níveis, para perto dos US$ 40 mil, que é um nível psicológico [para os traders]”.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos