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As bolsas de valores dos Estados Unidos contam com pelo menos 10 empresas que pagam dividendos em dólar todos os meses, o que foge da regra da maioria das companhias, que distribuem proventos trimestralmente ou a cada ano. E os retornos, além de serem em moeda forte, não são nada baixos.
Essas companhias oferecem dividend yield (taxa de retorno com dividendos) de até 14% no ano, mais do que o triplo do rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), e superior ao de algumas empresas brasileiras consideradas boas pagadoras.
Essas ações, no entanto, têm uma indicação de perigo. O payout ratio (o valor total de dividendos pago aos acionistas em relação ao seu lucro líquido) da maioria delas beira os 100% ou ultrapassa esse patamar. Na prática, isso quer dizer que todo o lucro, ou até mais, é revertido em proventos, o que analistas avaliam que pode não ser saudável.
“Quando o payout ratio é muito elevado, a empresa pode estar sacrificando o reinvestimento, por exemplo, em crescimento e inovação, o que pode prejudicar sua sustentabilidade no longo prazo”, disse Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Segundo a aceleradora de startups FasterCapital, empresas que distribuem uma parte significativa dos seus lucros em dividendos podem ter flexibilidade financeira limitada durante crises. Além disso, podem ter que contrair mais dívidas para financiar as suas operações, o que afeta negativamente as avaliações de crédito.
“Embora altos índices de pagamento possam parecer atraentes no curto prazo, eles podem limitar o potencial de crescimento e a flexibilidade financeira de uma empresa no longo prazo”, escreveu a FasterCapital em material publicado neste ano.
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Historicamente, segundo pesquisa da Wellington Management e da Hartford Funds, um payout saudável é de cerca de 41%. No entanto, as porcentagens dos lucros distribuídos aos acionistas na forma de dividendos pelas empresas Oxford Square Capital (OXSK) e Phillips Edison & Company (PECO), por exemplo, são de 240,30% e 220,50%, respectivamente, segundo levantamento do site Dividend.com.
Confira 10 empresas que pagam dividendos regulares nos EUA:
Empresa | Dividend yield (ano) | Payout ratio |
Oxford Square Capital (OXSK) | 14,3% | 244,30% |
Ellington Financial (EFC) | 12,40% | 125,80% |
Horizon Technology Finance (HRZN) | 11,70% | 124,60% |
PennantPark Floating Rate Capital (PFLT) | 11,20% | 99,00% |
Gladston Capital (GLAD) | 8,80% | 56,60% |
Gladstone Investment (GAIN) | 7,40% | 102,30% |
Mainstreet Capital (MAIN) | 5,90% | 67,10% |
US Global Investors (GROW) | 3,50% | 78,60% |
Phillips Edison & Company (PECO) | 3,40% | 220,50% |
Global Water Resources (GWRS) | 2,50% | 117,00% |
Para ficar de olho
Além de um payout ratio saudável, segundo a Charles Schwab, outros indicadores também devem ser observados na hora de montar uma carteira de dividendos em dólar, como endividamento da empresa, a constância no pagamento de proventos e os riscos de cada setor.
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Lima, da Ouro Preto Investimentos, falou que a principal vantagem de adotar essa estratégia é receber proventos em uma moeda forte. A desvantagem, falou, é a volatilidade cambial, que pode impactar o valor dos dividendos quando convertidos para reais e resultar em menor previsibilidade de renda.
Um fator negativo nos proventos dos Estados Unidos é a cobrança de imposto de renda. O país tarifa estrangeiros em 30%, com recolhimento direto na fonte. Ou seja, na hora que o dinheiro cai na conta, o imposto já foi cobrado.