ESPECIAL: Os melhores investimentos de renda fixa para 2018, segundo especialistas

A taxa de juro real continua alta no país, o que faz da renda fixa uma boa opção para os investidores conservadores

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Em um cenário de queda da taxa de juros o investidor que antes estava confortável com seus investimentos hoje precisa se movimentar um pouco mais para continuar com boas rentabilidades e montar reservas para o futuro.
Ainda que os juros nominais já estejam bem mais baixos – a Selic está em 6,5% ao ano, o menor patamar da história – a taxa de juro real (descontada a inflação) ainda é muito alta no país, o que mantém a renda fixa como uma boa opção para os investidores, principalmente os mais conservadores.
O InfoMoney conversou com Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos, e Alan Ghani, consultor em finanças e professor do curso Tesouro Direto com Ganhos Turbinados, para entender quais as melhores opções de investimentos em renda fixa e no Tesouro Direto para 2018.
Leia também: Os melhores investimentos em renda fixa para 2019
Dividimos o Guia em 3 formas de investir: i) Carteira global de renda fixa (produtos financeiros + tesouro direto); ii) Tesouro Direto para o curto prazo; iii) Tesouro Direto pensando na aposentadoria; e iv) COE (Certificado de Operações Estruturadas): lucro interessante sem prejuízo. 

1) Carteira Global de Renda Fixa

Pensando em investimentos em renda fixa, Indech organizou três carteiras de investimentos para o próximo ano, diferenciando-as de acordo com os objetivos de curto, médio e longo prazos.

Investidores que querem ter o dinheiro no curto prazo (até 1 ano), podem aplicar em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) de bancos médios e pequenos de liquidez diária, assim como fundos de crédito privado.

O analista afirma ainda, que oportunidades podem surgir em 2018 tanto em LCI (Letras de Crédito Imobiliário) como em LCA (Letras de Crédito do Agronegócio). Para aplicações com objetivos de médio prazo (entre 2 e 3 anos), Indech também recomenda os CDBs de bancos médios e pequenos, além de fundos de crédito privado e LC (Letras de Câmbio).

Já para investimentos de longo prazo (acima de 3 anos), a recomendação do analista é investir no Tesouro IPCA+ com vencimento em 2024. “Esse título está pagando acima de 5% ao ano mais inflação, o que são juros reais muito interessantes dado o momento atual e considerando o baixo risco”, diz Indech, afirmando que hoje uma oportunidade como essa é raramente encontrada.

A carteira do analista da Rico segue composta por Debêntures de Infraestrutura, CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio). Todos eles estão disponíveis na plataforma de renda fixa da Rico, com taxa zero – abra sua conta clicando aqui, é de graça!

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Confira, abaixo, as recomendações e as justificativas:

Prazos Investimentos
Até 1 ano CDBs (bancos médios e pequenos)
Fundos de Crédito Privado
LCI e LCA
De 2 a 3 anos CDBs (bancos médios e pequenos)
Fundos de Crédito Privado
LC
Acima de 3 anos Tesouro IPCA+ com vencimento em 2024
Debêntures de Infraestrutura
CRI e CRA

Justificativa das recomendações:

CDBs de bancos médios e pequenos: Ao contrário dos CDBs de bancos grandes, estes costumam oferecer melhores rentabilidades e a liquidez diária é recomendável para o investidor que quer aplicar no curto prazo, tendo a possibilidade de liquidar a qualquer momento.  

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Fundos de Crédito Privado: São fundos que podem ter mais de 20% de sua carteira alocada em títulos de dívida. Eles costumam apresentar boas rentabilidades e, geralmente, com baixo risco. 

LCI e LCA: São dois tipos de investimento em renda fixa isentos de Imposto de Renda, que costumam garantir retornos superiores aos da caderneta de poupança. 

Enquanto a LCI é um título emitido por um banco e lastreado por empréstimos imobiliários, as LCA são títulos emitidos por bancos garantidos por empréstimos concedidos ao setor de agronegócio. 

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LCs: As Letras de Câmbio são uma espécie de CDB emitidos pelas financeiras, que emitem este título como forma de capitalização e, em troca, remuneram o investidor.

Uma das vantagens é que a rentabildiade é mais atrativa do que outras aplicações de renda fixa atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Além disso, possui garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Tesouro IPCA+ com vencimento em 2024: Este título está pagando 5% ao ano mais inflação, o que é uma ótima rentabilidade. Além disso, por ser mais curto, permite que o investidor se proteja, já que não precisará deter o papel por muito tempo caso erre a mão. 

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Debêntures de Infraestrutura: São títulos de dívidas de médio e longo prazos de empresas não-financeiras de diversos setores e ligadas à captação de recursos para investimentos em projetos de infraestrutura, como saneamento básico, geração, transmissão e distribuição de energia etc. 

Também chamadas de debêntures incentivadas, elas possuem proteção contra a inflação do período e isensão de Imposto de Renda para pessoas físicas, mas não contam com a proteção do FGC.

“A recomendação para as debêntures pode depender das novas emissões, mas mesmo que não sejam feitas novas emissões acredito que as debêntures que são negociados no mercado secundário, ou seja, que estão sendo negociados no mercado, também podem apresentar oportunidades interessantes”, afirma Indech, da Rico.

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CRI e CRA: São títulos que podem ser atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ou até ao IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), além dos atrelados ao CDI. Os grandes atrativos são a rentabilidade e isenção do Imposto de Renda. Por outro lado, não contam com a garantia do FGC. 

2) Tesouro Direto com “ganhos turbinados”

Apesar do Tesouro Direto ser muito visado pelos investidores conservadores, que querem preservar e fazer o dinheiro render no longo prazo, é possível arriscar um pouco e obter “ganhos turbinados” com o programa, como explica o professor Alan Ghani.

A recomendação, segundo ele, é combinar quatro ativos na carteira de investimentos: Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 (NTN-B Principal); Tesouro Prefixado com vencimento em 2023 (LTN); Tesouro IPCA+ com vencimento em 2024 (NTN-B Principal) e Tesouro Selic com vencimento em 2023 (LFT).

Ghani explica que a estratégia utilizada para obter ganhos turbinados, ao contrário de quando o objetivo é a aposentadoria, é vender o título antes da data de vencimento, quando a rentabilidade estiver mais alta do que aquela que foi “contratada” no momento da compra do título. “Quanto maior o prazo de vencimento, maior a volatilidade do papel e as possibilidades de ganhos”, pontua.

De acordo com Ghani, o ganho acontece quando a taxa de juros (do papel) cair em relação a que o investidor contratou. “O ganho máximo se dá quando ocorre uma queda muito forte na taxa de juros do papel e, por não sabermos quando isso vai acontecer, maiores são as possibilidades nos títulos com prazos mais alongados”, diz. 

Mas é preciso ficar atento, porque a volatilidade dos títulos públicos também pode afetar o seu rendimento de maneira negativa, então o ideal é acompanhar constantemente as oscilações para vender o papel em um bom momento de valorização.

Considerado uma opção de investimento de baixo custo e segura do ponto de vista de risco de crédito (calote do emissor), o Tesouro Direto permite investimentos mínimos de R$ 30. O investidor pode aplicar diretamente pelo site do Tesouro, se cadastrando primeiro no portal e abrindo a conta em uma corretora para intermediar as transações. 

As recomendações abaixo estão disponíveis na plataforma de renda fixa da Rico, com taxa zero – clique aqui para abrir sua conta:

Título do Tesouro Direto Alocação
Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 35%
Tesouro Prefixado com vencimenro em 2023 30%
Tesouro IPCA+ com vencimento em 2024 25%
Tesouro Selic com vencimento em 2023 10%

Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 (NTN-B Principal): Qualquer oscilação nas taxas pode interferir no preço do papel, porque eles têm uma duration grande. Por outro lado, o Tesouro IPCA+ oferece a proteção da inflação mais uma taxa predefinida: “É melhor, porque se a inflação disparar não tem problema, já que o valor do seu papel acompanha”, afirma Ghani. 

Tesouro Prefixado com vencimento em 2023 (LTN): A ideia de alocar 30% do portfólio neste papel de grande risco é justamente devido à sua sensibilidade às variações das taxas de juros. 

“Embora não seja um papel de duration maior em relação aos demais, as oscilações em sua taxa acabam sendo maiores, justamente por ser prefixado, o que traz mais oportunidades de ganho”, afirma.

Ghani conta que quem comprou esse papel pré-impeachment, em 2014, obteve a maior rentabilidade do Tesouro Direto, visto que foi o papel que mais se valorizou no período.

Tesouro IPCA+ com vencimento em 2024 (NTN-B Principal): Embora costume sofrer grandes oscilações, o vencimento é relativamente curto, ou seja, caso você erre a mão, a data está próxima. “É um investimento mais arriscado, mas os vencimentos são mais curtos, então dá para se proteger”, explica o professor.

Tesouro Selic com vencimento em 2023 (LFT): Ghani explica que é um papel que basicamente não sofre com as oscilações de taxa de juros, visto que está atrelado à Selic. “A duration dele é zero, ou seja, ele quase não oscila, por isso é importante sempre ter alguma coisa, para servir como uma proteção caso você precise sacar o dinheiro antes [do vencimento do título]”, diz.

3) Tesouro Direto pensando na aposentadoria

Pelo fato do objetivo ser preservar o dinheiro rendendo no longo prazo, Ghani explica que a melhor estratégia é manter os papéis até a data de vencimento, ou seja, sem fazer retiradas.

Ele avisa também, que papéis prefixados, ou seja, aqueles com rentabilidade predefinida, devem ser evitados quando o objetivo for manter o investimento por mais tempo: “Para a aposentadoria, nada de prefixado, porque o risco é muito grande. Além disso, não há papéis tão longos”.

A melhor opção, segundo ele, é montar uma carteira com 70% em Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal), com a data de vencimento mais próxima da aposentadoria do investidor (seja 2035 ou 2045). O restante, por sua vez, pode ser alocado no Tesouro Selic (LFT), visto que por ser atrelado à taxa Selic, seu objetivo é servir como um dinheiro emergencial, não sofrendo com as variações da taxa.

Apesar de se tratar de uma carteira conservadora, Ghani alerta que o investidor precisa estar ciente da ocorrência de possíveis oscilações: “O Tesouro Direto também traz oscilações, mas não é para o investidor se assustar, porque a estratégia é manter até a aposentadoria e o papel está sendo corrigido pelo IPCA, ou seja, está protegido pela inflação”.

Ele conta que a pessoa não precisa investir tudo de uma vez, mas que pode aplicar mensalmente pequenas quantias – é possível investir no Tesouro Direto com valores mínimos de R$ 30. “A única diferença é que as rentabilidades podem estar diferentes. Quando você faz uma nova compra, você compra novos títulos, com novas taxas”, explica. Uma alternativa é comprar todos no mesmo vencimento, novamente pensando na data da aposentadoria.

Para quando a pessoa se aposentar, Ghani sugere a compra de NTN-Bs que paguem cupom, pois além de oferecerem a oportunidade da retirada de juros semestrais, já apresentam os juros corrigidos pela inflação.

Título do Tesouro Direto Alocação
Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 70%
Tesouro Selic com vencimento em 2023 30%

4) COE: lucro interessante sem prejuízo

Os Certificados de Operações Estruturadas, ou simplesmente COEs, também são uma opção aos investidores conservadores, servindo como uma alternativa na busca por boas rentabilidades e segurança. Isso ocorre, pois eles são investimentos que combinam a proteção da renda fixa com o rendimento da renda variável.

Na renda fixa, o COE pode estar atrelado a diversos tipos de investimentos como índices de ações (nacionais ou estrangeiros), moedas, juros, commodities e ações do mundo inteiro. 

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Além disso, a grande vantagem desse tipo de investimento está na possibilidade de correr “risco zero” de prejuízo, uma vez que cerca de 95% dos COEs emitidos no Brasil são de capital protegido.