Escolher ativos será “relativamente óbvio” no 2º semestre, diz XP; veja preferências

Cautela com ativos e apreço pela renda fixa são destaques na visão da casa para os próximos meses

Leonardo Guimarães

Artur Wichmann, CIO da XP (Foto: Divulgação)
Artur Wichmann, CIO da XP (Foto: Divulgação)

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Juros altos no Brasil, preocupação com a política fiscal, inflação e incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos criaram um ambiente econômico desafiador para as empresas navegarem. O mercado pede mais prêmio para investir no Brasil e a renda fixa paga juro real acima de 6% enquanto a Bolsa dá prejuízo em 2024. Porém, se há um lado positivo nisto para o investidor é que não deve ser difícil escolher onde colocar o seu dinheiro nos próximos meses. 

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É o que conclui Artur Wichmann, CIO da XP e presidente do Comitê de Alocação da XP Advisory Brasil, no relatório Onde Investir – 2º semestre, divulgado nesta segunda-feira (8) pela casa. “Se o cenário macro parece mais turvo do que gostaríamos, do lado de alocação de capital podemos tirar algumas conclusões mais claras”, diz o especialista. 

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Wichmann diz que a XP quer se beneficiar dos prêmios de risco altos no Brasil sem correr tantos riscos: “estamos usando 60% do nosso orçamento de risco, isso não significa baixo retorno, já que os ativos relativamente conservadores têm prêmio de risco alto”. 

A XP espera que os Estados Unidos cortem juros apenas em dezembro e que o ciclo de afrouxamento monetário por lá corte os juros para a faixa dos 3,5%. Considerando um novo patamar de juro global, Rodrigo Sgavioli, estrategista de alocação, diz que a exposição ao risco nos portfólios precisa ser ainda mais gradual neste ciclo global de queda de juros. 

Renda fixa

Portanto, para o segundo semestre, a renda fixa brasileira segue como o porto seguro, com preferência por ativos atrelados ao IPCA. Mayara Rodrigues, analista de renda fixa da XP, diz que os prazos intermediários, com duration (prazo para ter o retorno sobre o capital investido) média de cinco anos, são os mais indicados para o momento. 

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Os prefixados, que eram os “patinhos feios” da renda fixa há alguns meses, são vistos como oportunidade pela casa. Rodrigues comenta que os títulos oferecem taxas próximas a 12% ao ano para duration de até dois anos: “são prêmios interessantes para esse indexador”, uma vez que a XP não tem a alta de juros como cenário-base. 

Os pós-fixados, atrelados à Selic ou ao CDI, voltam a aparecer como opções interessantes. A XP fala em alocação via Tesouro Selic ou ativos bancários, com atenção ao emissor e ao volume coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). 

Para o crédito privado, a XP tem visão neutra devido aos spreads comprimidos. “Entendemos ser ideal optar por títulos de empresas com boa qualidade de crédito, preferencialmente de prazos não muito longos, de até cerca de cinco anos, e limitar a exposição a uma única emrpesa a cerca de 1% a 3% da alocação”, diz o relatório.

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Bolsa 

A XP calcula o preço justo para o Ibovespa ao fim de 2024 em 145 mil pontos, o que não significa que a projeção para o fim do ano é esta. A casa vê as empresas atravessando o momento desafiador com tranquilidade, mas o noticiário macroeconômico ainda dá o tom nas cotações. “Daqui para frente, os catalisadores positivos são macro”, diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.

As carteiras recomendadas da XP focam em empresas geradoras de caixa, que pagam dividendos e estão posicionadas em setores resistentes aos movimentos da Selic. “Comparação da Bolsa com a renda fixa fica difícil, preferimos IPCA+”, diz Wichmann.

Investimento no exterior

Lá fora, a preferência está na renda fixa dos Estados Unidos. Já a visão para a renda variável global é cautelosa, “consequência dos níveis de múltiplos que as empresas dos EUA negociam”, justifica Paulo Gitz, estrategista global da XP.

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Treasuries, títulos de dívida emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos – equivalentes ao nosso Tesouro Direto – são os instrumentos mais famosos para exposição à renda fixa americana, mas Mayara Rodrigues ainda cita os bonds, que podem ser emitidos por empresas, como opções interessantes. Os títulos lançados por empresas brasileiras têm avaliação positiva da XP: “recomendamos a procura por empresas com parte da receita dolarizada e bem consolidadas no mercado doméstico”. 

A especialista explica que, por causa do risco Brasil, os bonds de brasileiras costumam pagar mais do que ativos emitidos por empresas americanas, o que pode ser uma oportunidade se a companhia tiver números sólidos.