SÃO PAULO – Embora o impacto do surto do coronavírus iniciado na China sobre o restante do mundo ainda esteja em análise, gestoras têm acompanhado de perto as repercussões e alterado exposições, ainda que momentaneamente, para proteger seu portfólio.
A SPX, por exemplo, destacou em sua carta aos cotistas referente ao mês de janeiro que, embora ainda acredite em uma recuperação cíclica ao longo do ano, decidiu reduzir seu risco taticamente na parte internacional, devido à deterioração do cenário de crescimento chinês e, consequentemente, global.
“Ainda é difícil mensurar o impacto real desse choque. No entanto, nos parece razoável assumir que é um vetor de redução de PIB global, em um momento em que a frágil economia mundial buscava se estabilizar”, destacou.
A gestora, contudo, manteve as alocações setoriais, priorizando novas posições mais estruturais e menos dependentes do ciclo econômico.
Já no Brasil, a SPX permaneceu com posições compradas (com aposta na alta) em empresas dos setores financeiro, utilities e consumo.
Ao comentar as consequências do coronavírus sobre a economia, a gestora de Rogério Xavier apontou que o surto deverá representar um choque na China, em várias frentes. A paralisação de diversas plantas industriais e dos grandes investimentos em infraestrutura devem gerar revisões para baixo no crescimento do país, ressaltou, em sua carta intitulada “Mais um obstáculo para a China”.
“Além disso, é sem dúvida mais um evento que arranha a imagem da China. Nos últimos anos, os países ocidentais têm feito duras críticas em relação à proteção de propriedade intelectual, direitos humanos e políticas ambientais. A guerra comercial com os EUA é uma parte dessa relação difícil com o Ocidente. Recentemente, tivemos um problema seríssimo com o rebanho suíno chinês. A epidemia do coronavírus é mais um tropeço do país em seu tortuoso processo de aproximação do Ocidente”, afirmou a SPX.
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Ainda na esfera global, a gestora comentou o processo eleitoral nos Estados Unidos, ressaltando que o nível de incerteza sobre a candidatura democrata é mais alto do que em outras edições. “A dispersão de propostas entre os candidatos e a falta de visibilidade de um favorito devem manter certo nível de incerteza nesse tema até meados de abril. Ainda não temos convicção sobre o tema, mas nos parece exagerada a forte confiança do mercado sobre o amplo favoritismo de Trump.”
Em termos de atividade, contudo, a visão é favorável e a SPX acredita que, sem nenhuma aparente pressão inflacionária, o Fed, banco central americano, seguirá com postura estimulativa, “o que deve garantir mais um bom ano para a economia americana”.
O mesmo não pode ser dito da Europa, região sobre a qual a gestora está pessimista, em meio ao nível depreciado de crescimento e problemas estruturais de difícil solução. “Sem uma solução mais clara e rápida para o Brexit, acreditamos que a região deve permanecer nesse marasmo”, pontuou.
Alocação no Brasil
O discurso da SPX sobre a situação brasileira se voltou principalmente ao câmbio. Os dados mais fracos de atividade, o choque negativo vindo da China, o principal parceiro comercial do país, e a provável redução no nível de juros devem manter a moeda fraca, segundo a gestora, que tem alocações compradas em dólar.
“Entendemos os temores de curto prazo do mercado, mas acreditamos que a aceleração do crescimento em relação aos anos recentes e a depreciação da moeda sugerem maior conservadorismo na condução da política monetária, em particular, devido às metas de inflação cadentes dos próximos anos.”
Em sua carta anterior, a SPX havia dito que os juros brasileiros já deveriam voltar a subir em 2020, de olho numa recuperação da economia e na aceleração da inflação.
No mês de janeiro, o SPX Nimitz rendeu 0,15%, ante um CDI de 0,38%.
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