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Disciplina e consistência são essenciais para o sucesso do investidor que busca um dia viver dos dividendos gerados pelos fundos imobiliários, afirma Leandro Manoel, ex-empresário que alcançou o objetivo e, desde 2019, vive da renda recebida dos FIIs.
O mineiro de 44 anos compartilhou a trajetória dele na edição desta semana do Liga de FIIs, apresentado por Maria Fernanda Violatti, head de fundos listados da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, jornalista do InfoMoney.
Manoel conta que começou a investir em renda variável em 2006 e fez seus primeiros aportes em ações. Mas, logo em 2008, teve uma “pequena frustração”, com a crise global que derrubou os mercados.
“Eu falei que nunca mais investiria em ações, uma hora você está com dinheiro outra hora sem”, relembra. “Esperei a recuperação dos papéis e passei a investir apenas em produtos como fundos multimercados”, diz.
Mas a relação com a Bolsa de Valores do então dono de duas livrarias não terminaria ali. Pelo contrário, estava apenas começando.
Em 2012, Manoel recebeu a indicação de um assessor de investimentos para a compra de cotas do hoje extinto FII VBI FL 4440 (FVBI11) – dono do edifício Faria Lima 4440, localizado em São Paulo (SP). Mais tarde, o imóvel foi incorporado pelo VBI Prime Properties (PVBI11).
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Ao entender a dinâmica dos fundos imobiliários, ele percebeu ter um perfil mais voltado para uma estratégia focada em renda passiva e recorrente do que para a construção de um patrimônio com ganho de capital.
“Normalmente, quando iniciamos no mercado de renda variável, estamos muito focados no saldo e no [tamanho do] patrimônio”, contextualiza. “Mas quando você muda o racional [para a possibilidade de renda passiva], você percebe que pode se aposentar com FIIs”, reflete.
Manoel relembra com satisfação o pagamento das primeiras contas com os dividendos gerados pelos aluguéis dos fundos imobiliários, mas deixa claro que, ao longo da jornada, enfrentou muitos perrengues.
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Disciplina, consistência e… sangue frio
Animado com os fundos imobiliários, Manoel conta que seguiu a rotina de investimentos nos FIIs até que, em 2017, alcançou a independência financeira – quando o total de rendimentos supera o valor das despesas.
“Naquele momento, os fundos imobiliários já geravam uma receita maior do que a que ganhava com as duas livrarias”, dimensiona. “Percebi que já poderia parar de trabalhar e, dois anos depois, decidi vender as lojas”, conta Manoel, que desde então vive apenas com a renda dos FIIs.
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Ele pondera que alcançar o objetivo não foi necessariamente uma trilha tranquila e sem dificuldades. Um dos momentos adversos, por exemplo, ocorreu em 2016, período em que a taxa Selic estava em patamares bem elevados – níveis que prejudicaram os fundos imobiliários, que perderam valor na Bolsa.
“Os FIIs estavam muito amassados (desvalorizados) e eu consegui ter estômago e manter a disciplina de continuar comprando”, recorda. “Para se ter uma ideia, se eu tivesse deixado embaixo do colchão o dinheiro que investi em FIIs, teria um saldo bem maior”, brinca.
Logo após vender as livrarias, em 2019, a carreira de investidor de Manoel seria novamente testada com a chegada da pandemia da Covid-19 – que derrubou, mais uma vez, as cotações dos FIIs.
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“Mas a mudança de mentalidade, focada mais na renda gerada pelos ativos do que necessariamente nas cotações – que pode sofrer influência do mau humor do mercado financeiro – prevaleceu”, sinaliza.
Além do sangue frio, ele recomenda disciplina e consistência para quem busca a aposentadoria – ou independência financeira – com dividendos dos FIIs.
“As pessoas questionam que coloquei muito dinheiro para alcançar a independência financeira, mas não é bem assim”, pondera. “Tive disciplina e consistência para pegar parte do salário que recebia nas livrarias e realizar aportes mensais”, explica.
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Ele afirma que dedicava de 10% a 20% do que recebia nas livrarias para os investimentos, além dos próprios dividendos gerados mensalmente pelos fundos imobiliários.
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Alocação e gestão da carteira
O patrimônio de Manoel está predominantemente alocado em fundos imobiliários, diz o investidor. Os FIIs representam hoje cerca de 90% da carteira, calcula.
Ele diz investir principalmente em fundos de gestão passiva – voltados mais para a administração dos ativos presentes no portfólio do que necessariamente na expansão da carteira.
Outra preferência de Manoel é o segmento de shoppings, que representa pouco mais de 30% da sua carteira atualmente. Ele conta ainda que reinveste cerca de 50% dos dividendos recebidos como forma de proteção contra a inflação e crescimento do portfólio.
Confira a entrevista completa de Leandro Manoel na edição desta semana do Liga de FIIs. Produzido pelo InfoMoney, o programa vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você também pode rever todas as edições passadas.
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