Em CPI, investidor lesado acusa Jair Bolsonaro de receber R$ 600 mil de pirâmide financeira

Matheus Muller Ferreira de Abreu, do grupo Valquíria, prestou depoimento à CPI das pirâmides ontem

Lucas Gabriel Marins

Ex-presidente Jair Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro

Publicidade

Um dos líderes do Valquíria, um grupo que tenta recuperar valores perdidos pela vítimas do esquema com criptomoedas Atlas Quantum, disse na terça-feira (12), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das pirâmides financeiras, que a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu dinheiro do esquema.

“O que me chamou muita atenção é a doação de R$ 600 mil para Jair Messias Bolsonaro através de advogados e pessoas ligadas à diretora da Atlas Quantum. Todos os documentos e os prints serão entregues para que todos possam analisar ”, falou Matheus Muller Ferreira de Abreu, do grupo Valquíria.

A Atlas Quantum é um esquema de pirâmide com uso de criptomoedas fundado em maio de 2018 por Rodrigo Marques dos Santos e Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, em São Paulo. O golpe, que dizia ter um “robô milagroso” capaz de realizar trading de criptos (sempre com lucro) ruiu em 2019, deixando um rastro de prejuízo de US$ 7 bilhões.

Continua depois da publicidade

“Sugiro a essa Casa que convoque Carolina de Almeida Costa, que confirmou essa informação. Ela era diretora financeira da Atlas. Bem como a ex-mulher do Rodrigo [Marques], que também atuava no alto escalão da empresa [Ester Braga]”, completou ele.

Abreu, que também foi vítima da Atlas, disse acreditar que as doações a políticos eram feitas para blindar as investigações contra o esquema.

“As autoridades nunca se posicionaram de forma eficaz para investigar e trazer alguma luz para quem esperava uma resposta. Então, somente depois de muitos dias e horas de conversa com Beatriz [Braga, ex-mulher de Rodrigo Marques], a mesma informou que talvez poderia ter o motivo dessa morosidade e dessa falta de empenho das autoridades”, falou.

Continua depois da publicidade

O investidor lesado disse que a ex-companheira de Marques está disposta a comparecer à CPI desde que garantam sua segurança.

Família Bolsonaro

Não é a primeira vez que o nome da família Bolsonaro aparece na CPI. Em agosto, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) apresentou requerimento para chamar Jair Renan Bolsonaro para explicar a participação no “Myla”, um jogo play-to-earn (que remunera jogadores) que não deu certo e deixou participantes no prejuízo.

O pedido de convocação foi rejeitado pelos parlamentares.

Continua depois da publicidade

Com proposta semelhante ao do famoso game Axie Infinity (AXS), o Myla tinha um token de mesmo nome que, logo após o lançamento, despencou 74%, segundo dados consultáveis publicamente na plataforma Poocoin, correndo o dinheiro de quem acreditou no projeto.

Leia mais:

Movimentos bruscos de preço são característicos de esquemas de pump and dump (“inflar e despejar”, em tradução livre), um tipo de golpe em que criminosos virtuais acumulam algum ativo, inflam seu valor com informações e recomendações falsas e depois fazem a venda, embolsando o lucro usando investidores desavisados como liquidez.

Continua depois da publicidade

Diretor da Binance Brasil na CPI

Na quinta-feira (14), às 10h, a CPI das pirâmides financeiras tomará o depoimento do diretor-geral da Binance Brasil, Guilherme Haddad Nazar. Ele deveria ter comparecido ontem à Câmara dos Deputados, mas não foi porque estava voltando de uma viagem de férias.

Ele foi chamado como testemunha para prestar esclarecimentos sobre sua atuação na exchange de criptomoedas, a relação da empresa com a empresa brasileira B Fintech e também sobre possíveis parcerias com empresas nacionais.

Além de Nazar, os parlamentares agendaram o depoimento de outras 16 pessoas, entre elas Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa de Glaidson Acácio Dos Santos, conhecido como “Faraó do Bitcoin“. Ela não confirmou presença.

Continua depois da publicidade

(Com informações da Agência Câmara)

ACESSO GRATUITO

CARTEIRA DE BONDS