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SÃO PAULO – Se as ações do setor de tecnologia foram as maiores beneficiadas nas bolsas globais ao longo dos últimos meses devido ao confinamento social causado pela pandemia, uma vertente em especial conseguiu se destacar ainda mais no nicho: a dos games virtuais.
Com as pessoas trancadas em casa e com poucas opções de lazer, o mercado de videogames e dos e-sports (jogos eletrônicos com campeonatos online transmitidos para milhares de espectadores em tempo real), que já vinha em franca expansão, acelerou ainda mais. O reflexo dessa demanda pode ser observado pela valorização das ações do setor.
Em 12 meses, até 5 de abril, os papéis das principais desenvolvedoras de games do mercado global, como Nintendo, Electronic Arts, Activision Blizzard, Take-Two e Capcom, reunidas no fundo de índice (ETF) Hero, sobem cerca de 96%, em dólar.
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No mesmo período, o índice de abordagem mais ampla do setor de tecnologia, o iShares Global Tech (IXN), que tem Apple, Microsoft, Visa e PayPal entre as maiores posições, teve ganhos de 66,9%. Já o benchmark de ações globais iShares MSCI All Country World Index (ACWI) avançou 51,7%.
Desde seu início, em outubro de 2019, os ganhos do ETF Hero são de 71,6%, contra 43,5% do índice de tecnologia, e 21,3% do benchmark de ações globais.
Fonte: XP, com base em dados do Yahoo Finance de 05/04/2021.
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O entusiasmo não é para menos. Segundo estimativas coletadas pela XP da Newzoo, plataforma especializada em prover dados globais do mercado de jogos virtuais para grandes empresas, a indústria de games faturou aproximadamente US$ 160 bilhões só em 2020, o que representa um crescimento de quase 10% em relação a 2019. O Brasil movimentou cerca de US$ 1,5 bilhão desse total, de acordo com os dados mais recentes da organização Brasil Game Show.
Segundo Valter Outeiro, economista dedicado às ações globais e BDRs da casa de análise Spiti, a maior vantagem da indústria de games em comparação a outras formas de entretenimento, como o cinema ou a música, é a possibilidade de o usuário ser o protagonista da ação.
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“Com a tecnologia de realidade virtual, essa é uma tendência que vai se fortalecer ainda mais. Hoje as narrativas dos games são verdadeiros filmes, em que o jogador fica realmente imerso na história”, diz Outeiro.
Henrique Sana, analista de índices e ETFs da XP, destaca em relatório que, assim como as outras indústrias de entretenimento, a de games já passou por diversas inovações. Hoje, praticamente 50% do faturamento têm sua origem em aparelhos móveis, como celulares e tablets.
O gráfico a seguir ilustra a evolução do mercado de games nas últimas décadas, que teve início em meados dos anos 1980 com os fliperamas, e que vem em uma crescente praticamente ininterrupta desde então. O percurso passa ainda por consoles, jogos de computador e aparelhos móveis, até chegar mais recentemente à quarta onda, da realidade virtual.
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Fonte: XP, com base em dados de Pelhman Smithers, NewZoo e Worldometers.
Diante de um desempenho tão destacado e das perspectivas animadoras, tem aumentado no mercado local a oferta de produtos que oferecem ao investidor pessoa física exposição aos principais nomes das gigantes do setor de games.
Além do investimento em fundos recém-lançados como o BB Ações Games BDR Nível I, da BB DTVM, ou o Trend e-Sports, da XP, disponíveis para o público geral, o investidor de varejo pode investir hoje diretamente nos BDRs dessas empresas.
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Activision Blizzard, que tem como maiores trunfos na carteira jogos como Candy Crush, Call of Duty, e Warcraft; Take-Two, que tem no GTA seu maior sucesso de público e renda; e Electronic Arts, responsável pelo popular FIFA Soccer, estão entre as principais empresas desenvolvedoras de games com BDRs negociados na B3, assinala o analista da Spiti.
Ele aponta ainda os papéis da Sony e da Microsoft, responsáveis pela fabricação dos dois principais consoles do mercado – PlayStation e Xbox – entre os ativos que surfam o crescimento do setor de games e que estão disponíveis ao investidor por meio de BDRs.
Apesar da valorização expressiva por conta do desempenho do ativo, e do câmbio, o valor unitário para se investir na maior parte desses BDRs ainda é relativamente alto.
Entre as exceções, em abril de 2021, os BDRs da Sea Ltd, de Singapura, e da Zynga, dos Estados Unidos, foram lançados na B3 e já têm preços mais acessíveis. Além disso, o papel da Microsoft foi desdobrado em outubro do ano passado e também tem suas cotas negociadas com valores menores.
Das principais opções de desenvolvedoras de jogos, Outeiro aponta os BDRs da Take-Two como os mais promissores no médio e longo prazo. “O desempenho vai depender, contudo, do sucesso do lançamento da nova versão do GTA, esperada pelo mercado para os próximos anos”, diz.
Para quem ainda não tem nenhuma exposição internacional na carteira, a recomendação do especialista é privilegiar os investimentos nas fabricantes do PlayStation e do Xbox, por terem receita muito mais diversificada.
Acesso facilitado
Para o investidor que não quer apostar tantas fichas em um único BDR, cuja flutuação, é importante lembrar, tem ainda a influência do câmbio, já é possível investir em fundos com valores mais acessíveis, com uma carteira diversificada e sem a volatilidade da moeda.
A BB DTVM lançou em 31 de março o BB Ações Games BDR Nível I, com o objetivo de surfar a onda do promissor mercado de jogos virtuais, bem como de atrair o público mais jovem para o universo dos investimentos, diz Vinicius Vieira, head de gestão de fundos de ações da BB DTVM.
Segundo pesquisas de mercado com o público jovem, a geração Z, dos nativos digitais nascidos a partir de 1996, de poder aquisitivo crescente, hoje já assiste mais aos e-sports do que aos esportes tradicionais, com uma cesta de consumo muito mais digital, assinala Vieira.
São tendências que já vinham em crescimento e que só foram amplificadas pela pandemia, nota o gestor, responsável pela seleção dos BDRs para a carteira do fundo, que não fica exposto à variação do câmbio. “O jovem que antes ia jogar futebol na quadra do prédio passou a jogar mais o FIFA dentro de casa.”
A EA Sports, produtora do popular jogo de futebol virtual, além de Activis Blizzard e Take-Two, estão entre as maiores posições do fundo de BDRs de games da gestora do BB, que conta ainda com as chinesas NetEase, que também desenvolve jogos virtuais, BiliBili, uma espécie de YouTube do gigante asiático, e a americana Zynga.
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Segundo o gestor da BB DTVM, diante de uma oferta ainda relativamente restrita de BDRs específicos de desenvolvedoras de jogos, a saída encontrada tem sido buscar ativos de empresas cujos negócios tenham estreita relação com a tendência de crescimento do setor.
Qualcomm e Nvidia, que atuam com semicondutores e chips, bem como Sony, Microsoft e Apple estão entre as posições do fundo.
Vieira diz ainda que o fato de se tratar de um fundo de BDRs não o impede de ter no portfólio ações de empresas brasileiras, caso da Bemobi Mobile Tech, que desenvolve jogos de aplicativos para celular e fez seu IPO na B3 em fevereiro de 2021.
A leva de IPOs na Bolsa brasileira com representantes de setores ainda com baixa participação no mercado tem atraído atenção crescente por parte dos gestores. Em fevereiro, a Bemobi informou que a gestora Truxt Investimentos passou a deter participação relevante, acima de 10% da composição acionária.
Vieira afirma também estar nos planos aproveitar o espaço de 20% que o fundo pode destinar ao investimento direto no exterior para alocar em ações negociadas nas bolsas globais, em nomes hoje indisponíveis por meio dos BDRs ou em ETFs do setor.
O novo fundo da BB DTVM tem aplicação mínima a partir de R$ 0,01 e taxa de administração de 1% ao ano, com 20% de performance sobre o que exceder o índice Nasdaq 100.
Diversificação geográfica
Também de olho no aumento da demanda do investidor pelo tema dos games virtuais frente aos ganhos bastante chamativos, a XP passou a oferecer em sua plataforma no dia 6 de abril o fundo Trend e-Sports, que acompanha o desempenho do ETF Hero, sem a variação cambial.
O ETF, por sua vez, replica os ativos do índice “Solactive Video Games & Esports Index”, composto pelas 40 ações globais de empresas cujos principais negócios têm exposição significativa às indústrias de videogames e e-sports.
No fim de março, as dez maiores posições no ETF totalizavam aproximadamente 55% do portfólio e valiam, juntas, cerca de US$ 700 bilhões, aponta Sana, da XP.
Entre elas, além de EA, Nintendo, Activision Blizzard e Capcom, estão nomes como da chinesa NetEase, além da Sea Ltd, de Singapura, e da Embracer, da Suécia.
Em termos regionais, os Estados Unidos lideram, com cerca de 30% de participação no ETF, seguido por Japão (23,5%), China (13,5%) e Coreia do Sul (12,6%).
O analista da XP destaca que, em um mundo cada vez mais digital, no qual cerca de 47% da população global possui um aparelho celular, a indústria dos games tem ainda uma ampla avenida de crescimento à frente.
“Se continuarmos caminhando para um mundo 100% digital, ainda restam 3 bilhões de pessoas, desconsiderando crianças de 0 a 9 anos, sem dispositivo móvel que eventualmente terão acesso a um”, projeta o analista. O fundo dedicado aos e-sports da XP tem aplicação inicial a partir de R$ 100, e cobra 0,50% de taxa de administração ao ano.
As estimativas do mercado, diz Sana, indicam que o setor de jogos eletrônicos tem potencial para crescer a uma média de 10,5% ao ano pelo menos até 2026. As experiências imersivas permitidas pela realidade virtual e pela evolução gráfica tornam o setor um concorrente difícil de ser batido, avalia o analista da XP. “Os videogames dominam o tempo livre da população mais jovem e tomam o lugar dos esportes.”
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