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Volatilidade virou palavra-chave nos relatórios que se espalham pelos edifícios no entorno da Faria Lima. Com o aumento das incertezas dentro e fora do Brasil, parte dos gestores pisou o pé no freio, aumentou a posição em caixa e preferiu ser mais cauteloso.
Para os investidores pessoa física, a recomendação não é muito diferente. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que o momento exige cautela, o que não significa “deixar dinheiro parado”.
Alocações em títulos privados, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs), com taxas atrativas e vencimentos em até três meses podem ser bons trunfos para quem deseja aguardar o resultado das eleições para entrar com mais força na bolsa ou realizar mudanças mais significativas na carteira.
“Estamos falando de um período de guerra e inflação mais alta. Temos ainda uma eleição aqui no País”, diz. “Os partidos começaram agora a falar sobre formação de alianças e as chapas estão indefinidas. Há muita incerteza até definirmos o futuro presidente”, observa Letícia Camargo, planejadora financeira CFP.
A estratégia, porém, é aconselhada para investidores que estão com dinheiro novo e que não necessitam de liquidez no curto prazo, ou seja, que já possuem uma reserva de emergência, pondera a alocadora. “Não faz sentido resgatar um dinheiro que a pessoa tem em outros investimentos para colocar num pós-fixado com vencimento curto”, defende.
Para quem cumpre esses pré-requisitos, a sugestão da planejadora é optar por ativos pós-fixados atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa) que acompanham a elevação da Selic, com destaque para algumas opções oferecidas para clientes novos e que pagam até 230% do CDI, ou por ativos isentos, com taxas atrativas.
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Ativos atrelados à inflação tendem a ser interessantes, mas como há poucas ofertas para prazos tão curtos, a recomendação é preferir os pós-fixados atrelados ao CDI.
Prefixados, por outro lado, devem ficar de fora, porque podem ficar com a taxa defasada, já que o investidor “trava” a remuneração ao adquirir o papel e os juros oferecidos têm ficado em torno de 14%.
Embora o Banco Central tenha sinalizado que deve encerrar o ciclo de altas na reunião de agosto, o mercado vem precificando reajustes para além do encontro do mês que vem.
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Em relatório divulgado nesta semana, Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander, avaliou que o BC deve realizar mais um ajuste de 0,50 ponto percentual na reunião de agosto e indicar outro aumento em setembro.
Na visão do especialista, houve uma deterioração expressiva nas expectativas de inflação para 2023 desde o último Comitê de Política Monetária (Copom), impulsionada pela aprovação de novos estímulos fiscais, menor folga econômica e mercado de trabalho mais apertado.
Nas projeções da casa, a Selic deve encerrar este ano em 14,25% e se manter nesse patamar até o segundo trimestre de 2023.
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Taxas atrativas de até 230% do CDI
Diante de um cenário em que as estimativas apontam para altas além da reunião de agosto, os juros oferecidos pelas corretoras para papéis de curto prazo também alcançaram patamares mais elevados nos últimos dias.
Levantamento feito pelo InfoMoney com base nos dados da Yubb – que reúne informações de várias plataformas – mostrou que a taxa máxima oferecida por um CDB com vencimento em três meses era de um título oferecido pelo Banco XP, com retorno de 230% do CDI. O valor é bruto. Considerando o prazo de investimento, o investidor precisaria descontar ainda 22,5% de Imposto de Renda.
A oferta, porém, é válida apenas para novos clientes da corretora, ou atuais clientes que ainda não fizeram nenhuma movimentação na conta. A alocação também só estará disponível até às 15h do dia 9 de agosto deste ano.
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O valor mínimo para investimento é de R$ 100, enquanto o valor máximo permitido é de R$ 4 mil. O CDB possui liquidez diária, mas o vencimento do papel ocorre em 90 dias.
Retornos brutos oferecidos por CDBs com vencimento em 3 meses |
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Indexador | Emissor | Taxa |
CDI | Banco XP | 230% do CDI |
Banco Genial | 220% do CDI | |
Paraná Banco | 112% do CDI | |
Banco Bari | 110% do CDI | |
Facta Financeira | 110% do CDI |
Fonte: Yubb. Levantamento feito na quinta-feira (28). Retornos são brutos porque não houve o desconto do Imposto de Renda (IR).
Da mesma forma, era possível encontrar uma oferta da Genial, com um CDB do próprio banco com rendimento de 220% do CDI e liquidez diária. Para adquirir o produto, no entanto, era preciso respeitar algumas condições: ser cliente novo; realizar aporte mínimo de R$ 10 e máximo de R$ 5 mil; e realizar apenas uma única aplicação no CDB. A oferta não possui data para expirar, de acordo com a Genial.
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O levantamento também levou em conta CDBs que ofereciam pelo menos 110% do CDI. Nesse quesito, apareceram três opções: Paraná Banco, Banco Bari e Facta Financeira. Todos com resgate apenas após três meses.
Das três instituições, apenas o Paraná Banco possui rating (classificação de risco de crédito) nacional de longo prazo AA- da agência Fitch Ratings, o que significa que ele está com boa qualidade de crédito.
Ativos como CDBs, LCAs e LCI possuem uma segurança maior por causa do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que devolve até R$ 250 mil por investidor (CPF) e por instituição financeira, até o teto de R$ 1 milhão renovado a quatro anos, em caso de problemas como uma intervenção do Banco Central na instituição. Mesmo assim, é preciso ter atenção.
O ideal é buscar instituições financeiras com melhor rating, já que elas possuem menor probabilidade de default [calote], explica Vitor Nery Fagnani, analista de renda fixa e fundos listados da Blue3.
A preferência é por ativos com classificação de risco de crédito que vão de AAA até A. Para a escolha, Fagnani sugere analisar também o retorno oferecido pelos papéis, especialmente porque, agora, a diferença de rentabilidade oferecida por papéis mais high grade – com perfil de crédito mais confiável – e por títulos high yield – com maior chance de calote e taxas mais atrativas – está menor.
“Em momentos de juros elevados, a diferença entre os dois é pouco expressiva. Então, preferimos pegar uma taxa menor, mesmo para o curto prazo”, afirma o analista da Blue3.
LCIs e LCAs: até 95% do CDI
Já no caso de LCAs e LCIs, levantamento feito pelo InfoMoney com dados da plataforma Yubb mostram que a taxa mais alta oferecida por uma LCI chegava a 89% do CDI para alocações com vencimento em três meses.
Nesse caso, a LCI era oferecida pelo BTG Pactual, que possui classificação de risco de crédito nacional de longo prazo AA, segundo a Fitch Ratings.
Entre as LCAs, o estudo revelou que o retorno máximo oferecido chegou a 95% do CDI. O título em questão era um papel emitido pelo Banco Pine, que possui rating nacional de longo prazo BB+, de acordo com a Fitch Ratings.
Retornos líquidos oferecidos por LCAs e LCIs com vencimento em 3 meses |
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Indexador | Produto | Emissor | Taxa |
CDI | LCI | BTG Pactual | 89% do CDI |
LCI | BTG Pactual | 87% do CDI | |
LCI | BTG Pactual | 86% do CDI | |
LCA | Pine | 95% do CDI | |
LCA | ABC Brasil | 91% do CDI |
Fonte: Yubb. Levantamento feito na quinta-feira (28). Os retornos são líquidos porque LCIs e LCAs são isentas de IR.
O levantamento não levou em conta LCIs e LCAs com retorno prefixado porque a taxa mais alta oferecida foi de 14,21% para papéis com prazo de três meses. Diana Benfatti, planejadora financeira CFP e CEO da Attimo Family Office, explica que essa rentabilidade representa um prêmio de risco baixo sobre a curva de juros.
Ou seja, o retorno oferecido não está muito acima do que os agentes financeiros estão precificando. “A Selic pode ir a 14,25%, 15%, por exemplo. Logo, é um prêmio baixo considerando o prazo e o risco de crédito, mesmo sendo um ativo isento”, avalia Benfatti.
A especialista da Attimo também chama atenção para o fato de que CDBs, LCIs e LCAs com prazo curto podem ser interessantes para quem não está estrategicamente alocado neste momento, mas alerta que é preciso ter atenção com a liquidez.
A planejadora explica que produtos como LCAs e LCIs possuem carência mínima de 90 dias, segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN). Ou seja, mesmo que o investidor precise resgatar o dinheiro antes, não terá essa possibilidade.
Já os CDBs não contam com esse período de carência, mas é preciso olhar atentamente se o produto garante liquidez diária, ou se possui resgate apenas após três meses.
CDB X LCA e LCIs
Além de olhar para as taxas, outro detalhe importante que exige atenção do investidor está na diferença de retorno oferecida por LCIs e LCAs.
Pelo fato de serem papéis isentos de Imposto de Renda, uma boa forma de analisar a rentabilidade dos títulos é compará-la com a de um CDB, que não possui a mesma isenção tributária.
Se o investidor optar por adquirir uma LCA com rendimento líquido de 91% e vencimento em três meses, por exemplo, o rendimento seria o mesmo de um CDB com retorno bruto de cerca de 117% do CDI para o mesmo prazo. Isso porque a alíquota que seria cobrada do CDB seria de 22,5%.
Para entender quais seriam as opções mais rentáveis diante dos produtos levantados, o InfoMoney realizou uma série de simulações. Se o investidor tivesse aplicado R$ 500 em um CDB com retorno de 230% do CDI, por exemplo, após três meses, ele teria recebido R$ 529,43. Isso já descontando o Imposto de Renda de 22,5%.
Ao mesmo tempo, se ele tivesse optado por alocar R$ 500 em uma LCA que oferece 95% do CDI, ao fim de três meses, ele teria recebido R$ 515,35.
Por outro lado, se ele tivesse optado por aplicar R$ 500 em um CDB com retorno de 112% do CDI, ele teria recebido R$ 514,07.
Investimento | Valor aplicado | Valor do imposto de renda (R$) | Valor líquido de resgate (R$) |
---|---|---|---|
CDB 230% do CDI | R$ 500 | R$ 8,54 | R$ 529,43 |
CDB 200% do CDI | R$ 500 | R$7,39 | R$ 525,48 |
CDB 112% do CDI | R$ 500 | R$ 4,08 | R$ 514,07 |
CDB 110% do CDI | R$ 500 | R$ 4,01 | R$ 513,81 |
LCA 95% do CDI | R$ 500 | R$ 0,00 | R$ 515,35 |
LCI 89% do CDI | R$ 500 | R$ 0,00 | R$ 514,36 |
Fonte: Simulador do Tesouro Direto. Para o cálculo, foi considerada uma Selic de 13,25% e resgate em 29/10/22.
Oportunidades na mesa
Embora a aplicação em CDBs, LCAs e LCIs possa ser um trunfo antes da corrida eleitoral para a maior parte dos especialistas ouvidos pelo InfoMoney, é preciso considerar que o investidor também pode deixar uma boa oportunidade passar, defende Nicholas McCarthy, CIO do Itaú.
O executivo explica que não está recomendando manter posições para três meses. “Para os investidores mais conservadores, pode ser uma oportunidade de fechar o ganho por três ou quatro anos nessas taxas de juros”, afirma.
McCarthy defende que, da mesma forma, que o juro subiu muito rápido no ano passado, ele pode voltar a recuar. Segundo as expectativas da pesquisa Focus, do Banco Central, a Selic pode cair para 10,75% em 2023, 8,00% em 2024, e 7,50% em 2025.
Nesse caso, a sugestão do CIO é aproveitar as taxas oferecidas para alocar em títulos prefixados com vencimento em três anos, caso do Tesouro Prefixado 2025, por exemplo. Juntamente, com posições em papéis atrelados à inflação, com vencimento a partir de cinco anos e de preferência, isentos, recomenda o executivo.