É melhor investir em ações na Europa do que nos EUA, diz gestor

George Wachsmann, sócio da Pulsar Invest / GPS Investimentos, participou, na quinta-feira (12), da Expo Money 2013

Arthur Ordones

Publicidade

SÃO PAULO – “Nos próximos 12 meses, a Europa vai andar muito melhor que os Estados Unidos, portanto, o investidor que quiser aplicar seu dinheiro no exterior, deve focar no mercado acionário europeu”, afirmou George Wachsmann, sócio da Pulsar Invest / GPS Investimentos, uma gestora com R$ 15 bilhões de patrimônio sob gestão.

Segundo o especialista, que ministrou palestra na Expo Money 2013, na última quinta-feira (12), os dois estão se recuperando muito bem neste ano, mas, como os Estados Unidos estão muito na frente da Europa, ou seja, se recuperaram muito mais, a bolsa americana já andou bastante. “Você vai ganhar dinheiro aplicando tanto na bolsa americana como na europeia, mas nesta segunda você vai ganhar mais dinheiro a partir de agora”, explicou.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 já valorizou 18,02% em 2013, até o fechamento de quinta-feira (12). Já o Dow Jones, que reúne as 30 maiores e mais importantes empresas do país, ganhou 16,77% no período. Por fim, a Nasdaq, índice focado no setor de tecnologia, subiu 23,07% em 2013. 

“De qualquer forma, ambas, com certeza, irão melhor que a bolsa brasileira”
Ainda segundo Wachsmann, independente de o investidor optar por investir na bolsa americana ou na europeia, ele vai se dar melhor do que ficar com seu capital no mercado acionário brasileiro. “Ambas, com certeza, irão melhor que a bolsa brasileira”, afirmou.

De acordo com o gestor, a nossa bolsa de valores não tende a continuar performando bem como nos últimos dois meses e meio. “Existem vários motivos que me levam a crer nisso. Primeiro, eu vejo mais chance de o câmbio ir para R$ 2,40 do que para R$ 2,20. Segundo, nós tivemos quase três meses de alta do Ibovespa com crescimento do país zerado. O segundo trimestre foi melhor, mas o terceiro já será pior novamente, porque eu não vejo nenhuma medida para mudar isso acontecendo”, explicou.

Para ele, outra coisa que está atrapalhando é que o lado fiscal do governo só piora. “Já passou da hora de uma reforma, o lado fiscal está chegando a um nível crítico. Tem eleições no ano que vem e eu acho que teremos mais 18 meses de volatilidade, porque está tudo muito complicado”, disse o sócio da GPS.

Continua depois da publicidade

Segundo ele, essa turbulência vai até passar as eleições. Ele afirmou que iremos ter um cenário igual ao da eleição do Lula, quando chegamos com o câmbio a quase R$ 4,00, por puro nervosismo. “Ano que vem vão soltar o fiscal, ou seja, estão só botando lenha na fogueira. As concessões serão feitas de forma mais ou menos, então isso tudo não é nada bom. O que eu posso garantir é que teremos 18 meses de emoção”, afirmou o gestor.

Fim do QE3 ainda neste ano
Além disso, Wachsmann afirmou também que vê um fim do QE3 ainda este ano, mas que isso será feito de forma muito lenta. “O (Ben) Bernanke (chairman do Fed – Federal Reserve – banco central norte-americano) chegou na ultima semana de maio e falou: vou subir juros condicionalmente a mercado de emprego e inflação, e isso será feito de forma gradual. O mercado simplesmente tampou a palavra condicional e gradual e as curvas de juros subiram como se ele fosse fazer tudo na segunda-feira. Resultado: junho foi um dos três piores meses da renda fixa global nos últimos 20 anos”, afirmou.

“Em julho, o chairman colocou todos os vice-presidentes do Fed para falar ao mercado: vocês esqueceram as duas palavras “condicional” e “gradual”. Depois disso, o mercado todo melhorou, mas em agosto já piorou de novo”, completou.

Continua depois da publicidade

Cuidados ao investir no exterior
O gestor lembrou-se de um cuidado que o investidor deve tomar para investir em ações lá fora: “você está comprando duas coisas: a valorização da ação estrangeira e a valorização do câmbio”, disse.

Então, segundo Wachsmann, quem entrou no começo desse ano teve dois bilhetes de loteria premiados: a valorização da bolsa americana, que subiu quase 20% e a valorização do câmbio, que subiu mais 20%. “Agora, se tivesse acontecido de a bolsa subir 20%, mas o câmbio cair de R$ 2,40 para R$ 2,00, o investidor teria ficado no zero a zero, mesmo com uma ótima valorização das ações”, explicou. “É mais um elemento no seu quadro que tem que prestar atenção, então é importante tomar cuidado”, finalizou.