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Aos 43 anos, 26 como investidor, Eduardo Mira – ou Professor Mira, como é conhecido – ostenta uma trajetória que tem início na infância difícil na periferia do Rio de Janeiro e passa pela independência financeira conquistada aos 35 anos. A condição permite ao hoje influenciador digital obter uma renda mensal de R$ 30 mil só com dividendos de fundos imobiliários – e uma história digna dos filmes que assistia quando garoto.
Com mais de 500 mil seguidores no YouTube e no Instagram, Mira foi o convidado da edição desta terça-feira (27) do Liga de FIIs, programa produzido pelo InfoMoney e que tem apresentação de Maria Fernanda Violatti, analista da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, repórter do InfoMoney.
Nascido e criado em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, na região do Rio Comprido – hoje mais conhecida como Complexo do Turano – Mira conta que ainda jovem foi estimulado a se interessar por finanças e investimentos.
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“Eu nunca tive grana e passei muitas dificuldades na infância e na adolescência”, relata. “Minha meta sempre foi sair da favela”. Aos 17 anos, começou a poupar o dinheiro que ganhava, inicialmente, lavando carros e, finalmente, abriu uma caderneta de poupança.
Um ano depois – já como office boy – percebeu que o rendimento do tradicional investimento do brasileiro estava abaixo do que realmente almejava e, seguindo a sugestão do gerente do banco, aplicou o recurso acumulado até então em um fundo DI, considerado o tipo mais conservador entre os fundos de investimento.
“Agora vou arrebentar com este tal de fundo DI”, pensou na época. “Mas o produto, tido como maravilhoso pelo gerente do banco, também não andou muito”.
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Já na faculdade, em 2000, começou a ouvir falar sobre o mercado de renda variável e percebeu que a modalidade estava mais próxima de proporcionar o que realmente buscava.
“A gente assistia aos filmes da Sessão da Tarde [horário dedicado ao cinema na programação da Rede Globo] e via as personagens ficarem ricas na bolsa de valores”, relata. “Aquilo ali deveria dar dinheiro”, imaginava Mira, fã do clássico Wall Street – o Dinheiro Nunca Dorme.
Naquele momento, Mira afirma que se apaixonou pelo mercado de renda variável e decidiu se tornar um profissional do mercado financeiro, objetivo alcançado quando entrou no Banco do Brasil, após passar em um concurso público, em 2010.
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Construção do patrimônio e a independência financeira
Mira conta que, ainda no Complexo do Turano, tinha a meta de morar sozinho e se sustentar de uma forma que, em hipótese nenhuma, pudesse voltar à vida na comunidade.
“Eu pensava que tinha de arrumar um jeito de ganhar dinheiro sem necessariamente precisar trabalhar”, relembra o professor que, na época, sequer conhecia o conceito de renda passiva. Mais tarde, ao tomar conhecimento da possibilidade de “colocar o dinheiro para trabalhar”, percebeu também que havia a necessidade de um montante relevante de recursos para dar sequência ao plano.
A construção de um patrimônio que gerasse um rendimento suficiente para pagar as contas não significou um desafio para Mira. Em paralelo ao trabalho no Banco do Brasil, ele se dedicava cada vez mais aos investimentos, mas com um perfil mais voltado para o trader – compra e venda de ativos em busca de um lucro mais rápido.
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“A modalidade permitia que eu tivesse um crescimento do patrimônio”, explica. “Mas com o tempo percebi também que o trader jamais se aposenta. Ele precisa gerar sua renda para sempre”, pontua o professor, que retomou a ideia de um portfólio focado na geração de renda passiva.
Já com um certo patrimônio construído ao lado da esposa, Mira foi migrando a estratégia de investimento para a geração de renda passiva e, aos 35 anos, atingiu a independência financeira. Na época – por volta de 2010 – tinha um rendimento na casa dos R$ 5 mil, suficiente para cobrir todas as suas despesas.
Desde então, conta, os fundos imobiliários – que pagam dividendos mensais – ganharam uma participação especial na carteira dele e hoje representam de 30% a 35% do portfólio.
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“Eu recebo de R$ 30 mil a R$ 40 mil em dividendos todo mês com os fundos imobiliários”, revela. “Tenho alguns milhões investidos em FIIs que geram uma renda [com dividendos] que hoje paga as minhas contas com sobra”, observa.
Desde que alcançou uma posição mais confortável financeiramente, Mira deixou o emprego no Banco do Brasil e se dedicou ao que classifica como sua paixão, a produção de conteúdo e cursos de educação financeira. Hoje, ele já capacitou mais de 30 mil alunos, calcula.
O que são fundos imobiliários?
O número de investidores de fundos imobiliários (FIIs) já superou a marca de 1,8 milhão, de acordo com boletim mensal da B3 – Bolsa de valores brasileira. As pessoas físicas representam atualmente 74,3% deste mercado, que apresentou forte crescimento nos últimos quatro anos.
Só em agosto, a B3 registrou 65.098 novos investidores de FIIs, que passam a receber dividendos mensais dos fundos – uma das principais características do produto. É o maior número de novos cotistas em um mês registrado ao longo deste ano.
Os fundos imobiliários captam recursos entre os investidores para a compra de imóveis que, posteriormente, podem ser alugados ou vendidos. As receitas obtidas nas transações – locação ou ganho de capital – são distribuídas entre os cotistas, na proporção em que cada um aplicou.
Normalmente, os rendimentos (dividendos) dos FIIs são depositados mensalmente na conta dos cotistas e os recursos são isentos de Imposto de Renda, outra vantagem do produto.
Leia mais:
Confira mais dicas do Professor Mira – inclusive de livros e filmes sobre investimentos – na edição de ontem do Liga de FIIs. Produzido pelo InfoMoney, o programa vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você também pode rever todas as edições passadas.