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A Bolsa brasileira tem empresas conhecidas por serem boas pagadoras de dividendos, mas as que mais entregam valor para o acionista são, na realidade, na maioria gringas. Além de crescimento, várias remuneram o investidor em patamar acima dos juros americanos, que estão em nível recorde. E o investimento não é necessariamente alto: algumas das melhores ações para proventos custam menos de US$ 30, como são os casos da farmacêutica Pfizer (PFE) e da British American Tobacco (BTI), maior empresa de tabaco do mundo, que entrega dividend yield de quase 10% anuais.
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Em 2023, as empresas dos Estados Unidos pagaram um volume recorde aos seus acionistas, de US$ 602,1 bilhões, pouco mais de um terço do total distribuído no mundo, segundo dados da Janus Henderson.
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“Os dividendos americanos têm crescido todos os anos desde 2011, mesmo durante a pandemia, e são agora três vezes maiores do que em 2010.”
Para brasileiros, é possível montar uma carteira de renda passiva com foco em dividendos em dólar, assim como muitos fazem com ações nacionais. Guilherme Morais, analista da VG Research, afirma que estar exposto a moeda forte dá mais segurança para o investidor no longo prazo. As “vacas leiteiras” americanas pagam dividendos constantes e crescentes há décadas.
A 3M, por exemplo, tem histórico de pagamentos desde 1995. Os proventos da empresa aumentaram mais de quatro vezes desde então, saindo de US$ 1,41 em 1995 para US$ 6,01 em 2023. Além disso, essas companhias costumam ser multinacionais consolidadas, que registram menos volatilidade nas negociações em Bolsa, garantindo bons retornos em valorização também.
“É sempre importante lembrar que, apesar de o Brasil possuir bons ativos pagadores de dividendos, é um mercado pequeno em relação ao mercado de capitais global”, diz Moraes. “O investidor não precisa escolher entre Brasil e Estados Unidos. É mais interessante buscar uma carteira diversa, com diferentes exposições geográficas.”
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A pedido do InfoMoney, analistas montaram uma carteira de ativos internacionais focada no pagamento de dividendos. O dividend yield médio das 12 ações é de 6,01%, acima dos 5,5% dos juros anuais americanos em 2023. Veja as empresas selecionadas:
12 ações boas pagadoras de dividendos em dólar: | ||||
Empresa | Dividend yield – 12 meses | Dividendos pagos (US$) – 12 meses | Periodicidade | Preço |
British American Tobacco (BTI) | 9,80% | 2,84 | Trimestral | US$ 29,70 |
Cracker Barrel (CBRL) | 7,70% | 5,20 | Trimestral | US$ 66,41 |
Enbridge (ENB) | 7,36% | 2,64 | Trimestral | US$ 35,24 |
Verizon (VZ) | 6,50% | 1,98 | Trimestral | US$ 41,06 |
Bank Nova Scotia (BNS) | 6,20% | 3,95 | Trimestral | US$ 68,28 |
Pfizer (PFE) | 6,10% | 2,06 | Trimestral | US$ 26,58 |
Realty Income (O) | 5,91% | 3,07 | Mensal | US$ 53,64 |
3M (MMM) | 5,80% | 6,01 | Trimestral | US$ 91,93 |
Dominion Energy (D) | 5,60% | 2,67 | Trimestral | US4 48,78 |
American Electric Power (AEP) | 4,27% | 4,30 | Trimestral | US$ 84,27 |
STAG (STAG) | 3,91% | 1,47 | Mensal | US$ 38,20 |
PepsiCo (PEP) | 2,93% | 4,94 | Trimestral | US$ 169,58 |
Fonte: VG Research, Levante Corp e Status Invest
Como escolher?
Constância e crescimento ao longo dos anos são alguns dos pontos fortes dos dividendos americanos. Entretanto, para ter os dois fatores na carteira é importante escolher boas empresas. Uma forma de avaliar essa capacidade é por meio dos lucros, com o indicador de cobertura de dividendos.
Este indicador é calculado pela divisão do lucro líquido pelo total de dividendos pagos aos acionistas. Usando o caso da PepsiCo como exemplo, em 2023, o lucro líquido total da empresa foi de US$ 9,15 bilhões, já o gasto com dividendos foi de US$ 6,79 bilhões. O indicador de cobertura de dividendos é de 1,34.
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Gerson Brilhante, analista da Levante, explica que um indicador maior que 1 indica que a empresa está gerando lucros suficientes para cobrir seus dividendos. “Isso sugere uma posição financeira saudável e que a empresa tem espaço para manter ou até aumentar seus dividendos no futuro”, diz.
Por outro lado, um indicador menor do que 1 indica que a empresa está pagando mais em dividendos do que está gerando em lucros. “Isso pode ser um sinal vermelho para os investidores, pois pode indicar que a empresa está recorrendo a reservas de caixa, empréstimos ou outras fontes de financiamento que podem não ser sustentáveis a longo prazo”, diz Brilhante.
O analista também recomenda outro indicador para se olhar, o payout. Trata-se da porcentagem do lucro líquido da empresa que é destinada aos acionistas via proventos. “Um payout entre 50% e 80% indica uma distribuição saudável, em que a empresa consegue remunerar os acionistas e ainda reinvestir no próprio negócio. Essas empresas, historicamente, têm um retorno superior ao do S&P 500”, afirma Brilhante.
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Impostos
Um fator negativo nos proventos dos Estados Unidos é a cobrança de imposto de renda. O país tarifa estrangeiros em 30%, com recolhimento direto na fonte. Ou seja, na hora que o dinheiro cai na conta, o imposto já foi cobrado.
Brilhante não vê isso como um impedimento para o investimento. Segundo ele, é possível encontrar empresas com boas remunerações, que compensam o percentual perdido. Morais destaca que a nova regra de tributação de investimentos no exterior permite compensar perdas entre os mesmos ativos, dentro do mesmo ano fiscal.
“A alíquota base do Brasil é de 15% e nos EUA é de 30%. Dá para usar a retenção de imposto americano para diminuir o volume pago com investimentos internacionais no ano”, diz o analista da VG Research.